“Eu avisei”, afirma Celina Leão sobre esquema da corrupção com obras do estádio Mané Garrincha



Ex e atual governador do DF, Agnelo Queiroz e Rodrigo Rollemberg receberam recursos da JBS durante campanha eleitoral de 2014

Por Kleber Karpov

Opositora ‘de carteirinha’ da gestão do ex-governador Agnelo Queiroz (PT), a deputada distrital Celina Leão (PPS) usou a tribuna da Câmara Legislativa do DF (CLDF), na tarde de terça-feira (23/Mai), para lembrar a posição contrária e as denúncias de superfaturamento e o esquema de corrupção nas obras do Estádio Nacional Mané Garrincha.

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Com custo estimado, inicialmente, de R$ 600 milhões, as obras do Mané Garrincha, chegaram ao custo final, ao final de 2014, de mais de R$ 1,5 bilhões. A estimativa é que o superfaturamento do custo inicial,  pode ter chegado cerca de  R$ 900 milhões, ou seja, 150% a mais que a estimativa inicial.

Além da prisão de Agnelo Queiroz, estão detidos, temporariamente, o ex-vice-governador Tadeu Fillipelli (PMDB), do ex-governador, José Roberto Arruda (PR) e outros personagens importantes da cúpula política do DF. Celina Leão, que chegou a tentar instaurar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Copa de 2014, aproveitou o momento para fazer um desabafo, nas redes sociais, em que afirma: “Eu avisei!”.

“Eu já avisava sobre o valor das obras do Estádio Mané Garrincha. Nunca me calei, desde que foram divulgados os valores exorbitantes daquela construção, que se tornou o estádio mais caro do mundo, construído para a realização da Copa.”

Lícitas, ilícitas

A parlamentar criticou ainda as doações recebidas da JBS Friboi, durante a campanha eleitoral de 2014. Agnelo Queiroz e recebeu R$ 250 mil, desses, estranhamente, R$ 200 mil, após o petista ter perdido a eleição em primeiro turno. Outros R$ 850 mil foram direcionados ao então candidato a governo do DF, o socialista, Rodrigo Rollemberg (PSB). Juntos ambos arrecadaram R$ 1,1 milhões por parte da empresa.

O caso, noticiado por Política Distrital, chamou atenção de Celina Leão após as declarações de Joesley Batista, um dos diretores da JBS Friboi. Em delação premiada junto à Procuradoria-Geral da República (PGR), Batista revelou que as 1.829 doações realizadas pela empresa, para financiamento de campanhas, eram “contrapartidas, propinas disfarçadas”, pagas à candidatos e políticos. “Os pagamentos são feitos das mais diversas maneiras, nota fiscal fria, seja dinheiro, caixa 2, até mesmo doação política oficial”.

Durante a gestão de Agnelo Queiroz e na atual de Rollemberg, entre  2012 e 2017, A JBS foi contemplada com o aporte financeiro de R$ 42,5 milhões em serviços empenhados, por meio de contrato firmado com a Secretaria de Estado de Educação do DF (SEDF). Desse montante, cerca de R$ 30 milhões foram liquidados, de acordo com dados do Sistema de Transparência do GDF.

Para Celina Leão as revelações de Batista são de extrema gravidade e atinge a gestão Rollemberg em cheio, ao ficar patente a injeção de recursos ilícitos, mesmo supostamente lícitos, à campanha eleitoral do ex, e do atual chefe do Executivo, uma vez que se tratava de uma contrapartida ou propina disfarçada .

“Diante de tantas gravações e delações, um fato entre tantos nos chama a atenção: é o que se refere ao Distrito Federal. Já se sabe que a JBS ajudou a eleger 16 dos 27 governadores empossados em 2015. Um deles é o governador do distrito federal, Rodrigo Rollemberg. Pasmem: aos procuradores da Lava Jato, Joesley Batista garantiu que nenhuma doação feita pela empresa, inclusive as declaradas pelos candidatos, foi lícita. Em vídeo, o empresário afirmou que os R$ 400 milhões doados regularmente a políticos eram “contrapartida a ajustes ilícitos”. “O caixa 1 era contrapartida, propina disfarçada”, reconheceu. Segundo ele, além dos R$ 400 milhões declarados, o grupo JBS distribuiu mais R$ 100 milhões como caixa 2 no último período eleitoral.”

Operação Drácon

Celina aproveitou o espaço na tribuna para atribuir, ao chefe do Executivo, a Operação Drácon, como um jogo orquestrado por Rollemberg para atingir a CLDF. A Leoa lembrou que as investigações da Polícia Civil e do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), ignoram no escopo do processo possível participação que supostamente envolvem o governador e a primeira dama.

“E eu, depois que rompi com o governo Rollemberg, o governador do Distrito Federal inventou a Operação Drácon, que não foi para mim, mas para atingir a Câmara Legislativa do DF. Ela é obra do governador Rodrigo Rollemberg, que tem um processo de 400 páginas contra ele e a mulher dele. Continuo coerente como sempre fui. E nem diante dos desmandos do então governador petista, Agnelo Queiroz, e agora do governador Rodrigo Rollemberg, não me calei e não saí da minha linha, pois defendo que o dinheiro público tem de ser utilizado para o bem da população, ser utilizado para o bem da população.”disse.

A outra parte

Em pronunciamento recente sobre o assunto, a presidente do PT-DF, Erika Kokay e a comunicação de Rollemberg, são categóricos em afirmar que todas as doações foram apresentadas e aprovadas ao Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF).

 



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