Ex-presidente do STF e do TSE, Sydney Sanches defende voto eletrônico e conclama partidos a participarem de auditagens

Ministro aposentado foi o entrevistado do podcast ‘Supremo na semana’. Ele lembrou que a urna eletrônica brasileira encerrou um capítulo de fraudes nas eleições pelo país.



O ministro aposentado Sydney Sanches, que presidiu o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na década de 90, defendeu o processo eletrônico de votação, que, nas palavras dele, é “auditável antes, durante e depois da eleição e da apuração”, e enfatizou que os partidos políticos devem participar de todas as etapas.

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Sydney Sanches foi o entrevistado do décimo episódio do podcast “Supremo na semana” e lembrou que, no começo da carreira, chegou a datilografar títulos de eleitor. Segundo ele, naquela época, com o voto em papel, já havia denúncias de fraudes nas eleições, que só foram encerradas após a implantação das urnas eletrônicas.

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“Participei da Justiça Eleitoral desde menino, como datilógrafo. Desde aquela época era comum ouvir alegação de fraude nas apurações. Em muitas vezes, houve prova de fraude, porque o voto era em papel. Acontecia de alguém votar em branco e uma pessoa na mesa apuradora colocar o nome de um candidato na cédula. Não há notícia de caso concreto de fraude na urna eletrônica. Não vejo motivo para voltar ao voto impresso. Seria um retrocesso. O voto impresso enseja a fraude”, disse ele, que foi presidente do TSE entre 1990 e 1991 e presidiu a Suprema Corte entre 1991 e 1993.

Sanches destacou ainda que as urnas ajudaram o país a virar a página das suspeitas sobre o processo eleitoral e que, para o bem da democracia, é preciso envolvimento das legendas no monitoramento. “Isso (passado de fraudes) foi combatido com a urna eletrônica, que é auditável antes, durante e depois da eleição e da apuração. Os partidos políticos podem participar da fiscalização e podem requerer a auditagem, que é feita pelo Tribunal Superior Eleitoral, o maior interessado em que a eleição retrate mesmo a vontade popular.”

O ministro, que integrou o Supremo entre 1984 e 2003, lembrou que viveu muitos momentos de instabilidade no país. Ele próprio presidiu o processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Apesar dos ruídos, Sydney Sanches acha que as instituições estão em pleno vigor. “Claro que, às vezes, fico assustado com a veemência com que certos episódios ocorrem. O importante é que existem o Congresso, o Supremo Tribunal Federal, as Forças Armadas para garantir o funcionamento dos três poderes.”

Por fim, ele elogiou as decisões tomadas pelo Supremo Tribunal Federal durante a pandemia da Covid-19.

“As decisões que o Supremo tomou até agora, concordaria com todas, inclusive a que tratou da competência concorrente da União, dos estados e municípios na área da saúde. (…) O presidente encarou isso como se tivesse retirado a competência dele. Não. A competência dele não estava em discussão. O que estava em discussão era se os estados e municípios tinham competência concorrente para legislar a respeito da proteção da saúde”, afirmou Sydney Sanches.



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