Na noite de sábado (25/Jun), durante uma confraternização promovida por parte do presidente do Partido Republicado Progressista no DF (PRP-DF), Adalberto Monteiro (25/Jun) conhecido no meio político do DF e figura importante nas gestões do ex-governador Joaquim Roriz (PRTB), Política Distrital, entrevistou o ex-vice-governador do DF, Tadeu Filippelli (PMDB), que se fez presente ao evento.
Engenheiro elétrico por formação e atual presidente do PMDB-DF, Filippelli, exerceu um mandato de deputado distrital, três federais e, em 2011, assumiu a vice-governadoria do DF, ao lado de ex-governador Agnelo Queiroz (PT). Porém, a baixa popularidade e a gestão desastrosa de Queiroz, não garantiu a recondução da composição PT, PMDB ao Executivo ao tentarem a reeleição em 2014.
Após ser nomeado assessor do gabinete do presidente, em exercício, Michel Temer (PMDB), na Presidência da República, Filippelli voltou ao protagonismo na Política do DF. Articulador político e crítico em relação à gestão do governo de Rodrigo Rollemberg (PSB), o ex-vice-governador desponta como forte nome na lista de sucessão do atual governo para 2018.
Política Distrital (PD): O senhor fez parte do governo de Agnelo Queiroz, o que criou certo estigma por causa da reprovação da gestão, do ex-governador, pela população do DF. O senhor considera que sua caminhada para 2018 pode ser afetada?
Tadeu Filippelli: Acho que uma coisa não tem nada haver com a outra. Basta ver o quadro nacional onde, por exemplo, guardadas as devidas proporções, os processos que a Dilma responde não contaminaram o presidente Temer, porque a ação de um vice-governador ela não tem a continuidade administrativa de um governo. Ela tem apenas o fato de suprir a ausência do principal mandatário naquele momento.
PD: Como ficou a relação de Tadeu Felipelli com o ex-governador Agnelo?
Tadeu Filippelli: A minha relação com o Agnelo ela foi extremamente cordial, correta e respeitosa. Eu estou falando apenas explicando do ponto de vista jurídico. Eu entendo que esse mesmo respeito que eu tenho com o Agnelo eu tenho certeza que ele tem comigo também em virtude de honrar os compromissos que nós tínhamos.
PD: O senhor está lotado atualmente na assessoria da Presidência da República. O Governo Rollemberg semana passada pediu o apoio do governo Federal em relação às dívidas do DF e de outros estados. Como será a atuação de Tadeu Fellipelli, membro da União, com o governador do DF?
Filippelli: A gente tem que entender que ser adversário político não é ser inimigo. A partir do momento que eu passo a ser inimigo do Rodrigo Rollemberg, um negócio que não cabe, pois somos adversários políticos, mas não inimigos, eu estarei sendo também inimigo de Brasília, o que seria um grande equívoco. Nós podemos divergir em ideias, divergir de pontos de vistas, mas nunca podemos, em um conflito entre nós, permitir que reflita sobre o dia-a-dia de Brasília.
PD: O senhor por diversas vezes se manifestou contrário ao caminho trilhado pelo governador Rodrigo Rollemberg. Quais são os principais problemas, sob seu ponto de vista, na gestão de Rollemberg?
Filippelli: Eu discordo profundamente do Rodrigo Rollemberg. Tenho respeito sob a liturgia do cargo dele, de governador, porém eu tenho que discordar da forma dele governar, da forma dele pensar, e da forma dele fazer política. O próprio presidente Michel Temer, no momento que ele assumiu, interinamente, a presidência da República, na primeira reunião ministerial, o que ele mais fez foi pregar o respeito à Instituição. Então, por exemplo, Ele [Michel Temer] não permitiu e reagiu de forma veemente, que fosse retirada as fotografias da presidente Dilma, em respeito à própria instituição da Presidência da República. Ele recomendou que críticas e erros observados e afetados, que fossem denunciados os erros e, nunca as pessoas. O próprio Rodrigo Rollemberg, ao chegar ao governo e mesmo depois de um ano e meio, ele não entendeu que é governador e se prende apenas a desconstruir as outras pessoas. Qualquer que seja o partido, qualquer que seja a pessoa que tenha por circunstâncias políticas militado contra ele. Em outra eleição, quando ele foi eleito a senador [em 2010], nós estávamos juntos, ajudamos na eleição, fomos importantes na eleição dele [Rollemberg] e se não tivesse na nossa coligação, não se elegeria. E eu posso cobrar isso. Aí ele usa o processo de desconstrução das pessoas. É lamentável. Ele esconde a incapacidade e a incompetência dele buscando desconstruir os outros.
PD: Em algum momento o governador Rollemberg procurou o senhor para buscar opinião em relação à gestão do DF?
Filippelli: Não, lamentavelmente não. É interessante o seguinte que nós fomos muitos cuidadosos. Entre o primeiro e segundo turno, que nós fomos derrotados no primeiro turno. E ele fez questão de nos colocar na condição de adversários dele e não permitiu de jeito nenhum, haver qualquer tipo de possiblidade. Então nós fomos colocados na oposição, por ele. Ele não aceitou, de todo o grupo, de todos aqueles políticos, que não estavam com ele no primeiro momento, de fazer algum tipo de construção e de composição. Lamentável. As pessoas que me procuraram e pediram, como se fosse, não digo uma permissão ou procuração, ao contrário. Mas em meu entendimento para que tivesse a liberdade de ajudar o Rodrigo Rollemberg, se arrependem, profundamente. Todos eles foram rigorosamente, desprezados na formulação politica do atual governo.
PD: A saúde é um dos principais gargalos em qualquer município e no DF não é diferente. O senhor coerente a condução da Pasta por parte do governo Rollemberg?
Filippelli: Há uma completa ausência de gestão do Rodrigo, na área de Saúde. Basta ver o seguinte, o número de mudanças que teve de secretário. Isso não existe. As pessoas, qual foi a pessoa que passou por lá que teve o perfil de secretário de Estado de Saúde de um governo? Não dá para entender um descuido, um despropósito um desconhecimento desse. Então, em primeira instância, a primeira coisa que falta é um esforço dele em tentar resolver o problema da Saúde, em realmente trabalhar com gestão, o que ele tanto cobrou na campanaha dele.
PD: O senhor é conhecido por ser um tocador de obras, conhecido justamente por ser um grande gestor nesse segmento. o que o DF pode esperar de Filippelli para o futuro?
Filippelli: Eu acho que uma gestão, um governo, não pode ser somente voltado para o conjunto de obras. Claro que obras são fundamentais. É impensável hoje você permitir que os nossos habitantes, os habitantes do DF percam tanto tempo preso em deslocamentos e etc. Brasília tem que ser preparada para o futuro. Tem que ter um conjunto de obras, tem que ter os olhos colocados no futuro, mas logicamente que os outros temas merecem atenção. Eu entendo que, até copiando um pouco o Rodrigo. Brasília está muito bem equacionada do ponto de vista de verbas, mas lamentavelmente, Brasília não teve a sorte dessa gestão, neste governo. Se alguém criticava o governo Agnelo, hoje está disposto a rever esse conceito.