Faltam medicamentos em hospitais mas sobram em lixão de Ceilândia (DF). Catador encontra, denuncia e polícia apura



Parte está na validade; há itens de combate a leishmaniose e meningite. Descarte de medicamentos tem regras específicas; Saúde não comentou.

A Polícia Civil do Distrito Federal investiga o descarte irregular de centenas de caixas de medicamentos em um lixão do P Sul, em Ceilândia. Grande parte ainda está dentro do prazo de validade. As caixas foram encontradas por um catador de recicláveis, que enviou imagens à TV Globo (veja vídeo acima, a partir do minuto 5:30).

As cartelas e caixas de remédios foram queimadas, mas ainda é possível ver o selo do Ministério da Saúde em algumas delas – a marcação indica que o remédio estava na rede pública. Outras embalagens mostram que os produtos só venceriam em 2017 e ainda poderiam ser usados no tratamento de pacientes.

Foram encontradas caixas de Glucantime (usado no combate à leishmaniose), dipirona e vacinas contra meningite. Entre janeiro e junho de 2015, foram 75 casos suspeitos, 21 confirmados e 3 mortes por leishmaniose visceral, que atinge os órgãos internos. A leishmaniose tegumentar (LTA), que causa ferimentos nas mucosas, teve 22 casos confirmados. Os dados não são atualizados desde julho do ano passado. Também em 2015, ao menos sete pessoas morreram em decorrência de meningite meningocócica no DF.

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O Ministério da Saúde informou que faz o repasse do medicamento aos estados e ao DF mas não cuida do armazenamento, que fica a cargo dos órgãos locais. A Secretaria de Saúde foi procurada pelo G1, mas não respondeu até a manhã desta quinta (3).

Os medicamentos foram encontrados em uma área de transbordo – onde o lixo é jogado pelos caminhões da região antes de ser encaminhado à Estrutural – entre as quadras 28 e 32 do P Sul. O local fica a menos de 100 metros do Centro de Saúde n° 09, a 1,3 km do Centro de Saúde nº 8 e a 2 km da UPA de Ceilândia.

As unidades são as mais próximas do Setor Habitacional Sol Nascente, maior favela do DF, com população estimada em até 110 mil pessoas. Como a área não é regularizada, o GDF ainda não construiu nenhum posto, UPA ou hospital dentro do setor.

Região entre as quadras 28 e 32 do P Sul, em Ceilândia (DF); medicamentos foram jogados em lixão próximo a centro de saúde (Foto: Google/Reprodução)
Região entre as quadras 28 e 32 do P Sul, em Ceilândia (DF); medicamentos foram jogados em lixão próximo a centro de saúde (Foto: Google/Reprodução)

“Diz que não tem dinheiro para comprar medicamento, o hospital tá sem medicamento. Estão aí as ampolas, medicamento queimado aqui, que vai vencer em 2017”, diz o catador nas imagens.

Descarte incorreto
Na noite desta quarta (2), o material foi recolhido pela Polícia Militar e encaminhado à 23ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Sul), que vai comandar o inquérito. As equipes da Polícia Civil devem investigar de onde veio a carga e por que ela foi jogada em um terreno baldio.

Medicamentos e lixo hospitalar têm regras específicas para descarte porque podem causar risco à saúde dos moradores e de animais que passam pela região. Em geral, drogarias e unidades de saúde encaminham os materiais vencidos ou usados para incineração ou aterros industriais.

Fonte: G1 DF



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