Paciente sofreu AVC e está internado há quase dois meses na unidade de saúde. Familiares denunciam que ele também adquiriu KPC no hospital
Por Nathália Cardim
Familiares do paciente Joaquim José da Costa Pereira, 65 anos, que está internado no Instituto Hospital de Base (IHB), à espera de uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), recorreram à Defensoria Pública do Distrito Federal neste sábado (20/10), a fim de conseguirem um leito para paciente.
Segundo informações da empresária Ana Carolina Leite, 22 anos, nora de Joaquim, o sogro deu entrada na emergência do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) no dia 30 de agosto, após sofrer um AVC hemorrágico. Dois dias depois, ele foi transferido ao IHB, após uma piora no quadro, sendo submetido a uma cirurgia craniana.
“Desde então, começou a nossa angústia. Após a cirurgia, ele ficou internado por cinco dias na UTI neurológica e depois foi para um quarto de enfermagem. Ele precisou retornar à UTI por uma negligência médica e, quando voltou para o quarto, descobrimos que havia sido contaminado por superbactéria KPC”, relata Ana Carolina.
De acordo com ela, o sogro foi diagnosticado com superbactéria Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC) depois de ficar na enfermaria. No local, segundo Ana Carolina, outros dois casos também já foram detectados.
Agora, o paciente está internado no isolamento, em um quarto no 3º andar da unidade de saúde. “O estado é gravíssimo. Meu sogro está com risco iminente de morte. Ele também teve problema de drenagem no sangue e corre o risco de ter que amputar uma das pernas”, relatou, ao falar sobre a urgência do caso.
Veja o relatório médico do paciente:
Enquanto precisam aguardar pelo parecer da Defensoria Pública, a família segue aflita. “A decisão deve sair em até 48 horas. Fomos informados pelo hospital de que não há vaga disponível [na UTI] e estamos muito preocupados”, desabafou a nora do paciente.
Segundo Ana Carolina, para piorar ainda mais a situação, na sexta-feira (19), começou a faltar energia nos quadros dos pacientes, em todos os quartos do andar onde o sogro está recebendo atendimento. “Assim, os pacientes ficam sem monitoramento e com as bombas de infusão desligadas. Se precisarem do uso de desfribilador, por exemplo, não há como usar. Esperamos um posicionamento da Secretária de Saúde”, cobrou.
Outro lado
Ao ser questionada pela reportagem sobre as reclamações, a Secretaria de Saúde informou que o paciente está internado na Unidade de Suporte Avançado ao Trauma (local semelhante a uma UTI) enquanto aguarda, desde sexta, a disponibilidade de um leito de UTI com o suporte necessário.
“A prioridade do paciente é 1, ou seja, tão logo surja a vaga, será imediatamente encaminhado ao leito. Há que se esclarecer que ele já passou pela UTI de Trauma da unidade por duas vezes durante essa internação”, diz trecho da nota.
Em relação à bactéria multirresistente, o IHB esclarece que se trata de um microorganismo comum em ambiente hospitalar público e privado. “Todas as medidas necessárias foram tomadas, e o paciente, que está colonizado, encontra-se em precaução de contato. A colonização é o resultado da presença de microrganismos na superfície da pele do paciente, sem causar infecções ou sintomas. Naturalmente, o corpo humano abriga muitas bactérias, localizadas no intestino, boca, nariz e pele, sem prejudicar a saúde”, afirmou o hospital.
Ainda segundo o IHB, devido a um pico de energia, houve falta de luz temporária em alguns quartos. Porém, os geradores da unidade foram acionados e nenhum paciente ou procedimento foi prejudicado. Sobre o hipotético uso de desfibrilador, o hospital esclarece que os aparelhos possuem bateria própria e não dependem da rede elétrica para serem acionados. A autonomia do equipamento é, em média, de oito horas de funcionamento.