Faxineiro faz ‘vaquinha’ por remédio de filho com hidrocefalia no DF



Entrega foi suspensa pela rede pública; GDF diz que problema é pontual
Homem recebe um salário mínimo, e custo dos medicamentos é de R$ 700

Por Gabriel Luiz - Do G1 DF

Com o fornecimento dos remédios do filho interrompidos pela rede pública, um faxineiro de Brasília teve de recorrer a uma “vaquinha” no local onde trabalha para conseguir manter o tratamento da criança, que tem hidrocefalia. A Secretaria de Saúde informou que a falta do medicamento é pontual e que o insumo está com estoque regularizado na Farmácia Central.

Segundo Luiz Carlos Souza, o custo é de R$ 96. Aos 8 anos, Carlos Eduardo Almeida precisa tomar quatro comprimidos por dia de um remédio para controlar a bexiga. Para os funcionários do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que contribuíram, ajudar é um gesto de caridade.

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“Estou trabalhando há quase um ano e meio no CNPq. Falo para o pessoal do meu problema e todo mundo vai ajudando como pode. Se não fosse isso, não teria como a gente fazer. Ajuda muito”
Luiz Carlos Souza, funcionário no CNPq

Por causa do quadro, o menino também requer gazes, fraldas e sondas – elevando os gastos para até R$ 700, afirma o homem. O faxineiro conta que o filho lida desde que nasceu com a doença, caracterizada pelo aumento de fluidos no crânio e que pressionam o cérebro. A família mora na região administrativa do Recanto das Emas.

O remédio nem sempre está presente nos postos de saúde, disse o pai. “Tem mês que tem, tem mês que não tem, e é aquele negócio”, afirmou o pai, que recebe R$ 880 como salário.

“Estou trabalhando há quase um ano e meio no CNPq. Falo para o pessoal do meu problema e todo mundo vai ajudando como pode. Se não fosse isso, não teria como a gente fazer. Ajuda muito”, declarou. “Quando eu comento, falo que ele tem problema, é cadeirante e precisa de remédio.”

Na primeira vaquinha, realizada em junho, o pai conseguiu arrecadar R$ 350. Da segunda vez, há cerca de dez dias, recolheu R$ 400. Para uma das colaboradoras, a analista Andrea Victor Dias, ajudar “é só o que faz sentido”.
“A gente tem uma condição muito privilegiada, é funcionário público e tem estabilidade. O Luiz ganha salário mínimo. Não tem sentido ter dinheiro e ver o outro nessa situação”, disse.
Segundo a servidora, todo mundo colaborou com o que tinha na carteira. Ela deu R$ 40. “Todo mundo [do departamento dela, cerca de 20 pessoas] ajudou. Quem não deu dinheiro comprou fralda.”

Hidrocefalia
Mesmo com a doença, o faxineiro diz que o filho se adapta bem à escola e que não sofre bullying. Ainda assim, ele requer cuidado constante, e Souza precisa se reveza com a mulher na atenção.

A hidrocefalia é uma doença rara no Brasil, com menos de 150 mil casos por ano. Ela é caracterizada pela dilatação da cabeça nos bebês. Crianças mais velhas e adultos são afetados por dores de cabeça, comprometimento da visão, dificuldades cognitivas, perda de coordenação motora e incontinência urinária.

Fonte: G1



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