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07 abr 2025 01:19

Fevereiro Roxo e Laranja: conscientização sobre doenças crônicas e leucemia

Durante todo o mês, a pauta é dupla: a campanha Fevereiro Roxo reforça a importância do diagnóstico precoce das doenças crônicas Alzheimer, lúpus e fibromialgia, enquanto a Fevereiro Laranja coloca em foco a luta contra a leucemia e o incentivo à doação de medula óssea. No Hospital Universitário de Brasília, da Universidade de Brasília (HUB-UnB), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), é possível encontrar tratamento gratuito para cada uma dessas doenças através do Sistema Único de Saúde (SUS).

Alzheimer

É uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta, sobretudo, a memória, o pensamento e o comportamento. De acordo com o médico geriatra Einstein Francisco de Camargos, professor do programa de Pós-graduação em Ciências Médicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador em Doença de Alzheimer, o principal sinal do quadro é a dificuldade de lembrar de eventos recentes, o que evolui para problemas como dificuldade de planejamento, julgamento, linguagem e orientação espacial.

Ainda segundo o pesquisador, o diagnóstico precoce de Alzheimer é fundamental para melhorar a qualidade de vida do paciente e de seus familiares. “Identificar a doença em seus estágios iniciais permite intervenções mais eficazes, tanto no tratamento medicamentoso quanto nas abordagens não farmacológicas. Embora o Alzheimer não tenha cura, existem medicamentos que ajudam a retardar a progressão dos sintomas, preservando a autonomia do paciente por mais tempo”, assinala.

O HUB-UnB é um dos pioneiros no Brasil no atendimento multidisciplinar voltado para pacientes com demência e seus familiares, com o objetivo de proporcionar um cuidado abrangente, contínuo e humanizado. “O processo começa no ambulatório de triagem, onde a equipe especializada avalia o paciente para identificar o tipo de demência e definir as melhores opções de tratamento. Em seguida, o paciente e sua família participam de uma manhã especial com a equipe multidisciplinar, um momento dedicado não apenas ao diagnóstico, mas também ao acolhimento e esclarecimento de dúvidas”, explica Einstein.

Durante essa etapa, o paciente passa por uma consulta geriátrica, além de avaliações com profissionais de odontologia, farmácia, fisioterapia e assistência social, garantindo tanto uma visão completa de suas necessidades quanto a criação de um plano terapêutico personalizado.

“Após essa fase inicial, o paciente é encaminhado ao ambulatório específico correspondente ao seu quadro clínico, onde seguirá o tratamento de forma contínua e monitorada. Nosso compromisso é oferecer um atendimento qualificado e humanizado, promovendo qualidade de vida tanto para os pacientes quanto para seus familiares”, afirma o médico.

Lúpus e fibromialgia

A reumatologista Licia Maria Henrique da Mota, professora dos programas de Pós-graduação em Ciências Médicas e Patologia Molecular da Faculdade de Medicina da UnB, esclarece que lúpus e fibromialgia são doenças distintas, mas que compartilham algumas características, como a presença de dor musculoesquelética e fadiga.

“No entanto, lúpus é uma doença autoimune inflamatória sistêmica, enquanto a fibromialgia é uma síndrome de dor crônica sem inflamação. Ambas podem impactar significativamente a qualidade de vida dos pacientes e, em alguns casos, coexistirem, tornando o diagnóstico e o manejo clínico mais desafiadores”, destaca.

Há quatro tipos principais de lúpus: lúpus eritematoso sistêmico (LES), a forma mais comum e grave, que pode afetar vários órgãos; lúpus cutâneo, que afeta predominantemente a pele, causando lesões avermelhadas, especialmente em áreas expostas ao sol; lúpus Induzido por drogas, que ocorre como reação a medicamentos e causa sintomas parecidos com os do LES, mas que geralmente desaparecem após a suspensão do remédio; e lúpus neonatal, uma condição rara em bebês, causada pela passagem de anticorpos maternos durante a gestação.

Os sintomas mais comuns de lúpus são fadiga intensa; dores e inchaço nas articulações; lesões na pele, incluindo a “asa de borboleta” no rosto; sensibilidade ao sol; queda de cabelo; alterações no sangue, como anemia e baixa contagem de plaquetas; e febre sem causa aparente, entre outros. No caso da fibromialgia, os sinais de alerta incluem: dor difusa pelo corpo por, pelo menos, três meses; fadiga persistente; distúrbios de sono; sensibilidade exacerbada ao toque; alterações cognitivas, como dificuldade de concentração e névoa mental; e, em alguns casos, sintomas de ansiedade e depressão.

Marcília Guimarães Alves, 56 anos, natural de Pocinhos-PB, foi diagnosticada com LES em 1994 e logo foi encaminhada para o HUB-UnB, onde ainda faz acompanhamento regular. “O tratamento aqui no hospital é muito eficaz. A equipe é muito cuidadosa e atenciosa. Até hoje eu não tenho do que reclamar, só agradecer”, assegura a paciente.

No hospital, pacientes com lúpus têm acesso a um atendimento especializado, com acompanhamento médico, exames laboratoriais e de imagem para monitoramento da doença, e suporte de outras especialidades, se necessário.
Pacientes que apresentam fibromialgia em associação com outras doenças reumáticas, como artrite reumatoide, lúpus e espondiloartrites, são acompanhados pelo serviço de Reumatologia e recebem encaminhamento para fisioterapia, além de apoio psicológico, dependendo das necessidades de cada um.

Leucemia

Leucemia é um tipo de câncer que afeta os glóbulos brancos, comprometendo a produção e a função normal das células sanguíneas. De acordo com a médica Flávia Dias Xavier, chefe da Unidade de Hematologia e Hemoterapia do HUB-UnB, a doença pode ser classificada com base na progressão (aguda ou crônica) e no tipo de célula que é afetada (linfoide ou mieloide).

“A leucemia aguda se manifesta por uma rápida redução da produção das células do sangue: vermelhas, brancas e plaquetas. “A redução dos glóbulos vermelhos resulta em anemia, palidez e cansaço, e a redução dos glóbulos brancos resulta em infeções e febre. A redução das plaquetas resulta em sangramento. Já as leucemias crônicas progridem lentamente e, muitas vezes, podem ser assintomáticas e podem ser descobertas acidentalmente, pelo aumento dos glóbulos brancos no hemograma, mas podem, com o tempo, resultar em cansaço, aumento do baço e dos linfonodos, além de sintomas como perda de peso inexplicada, febre baixa recorrente, sudorese noturna e infecções”, ressalta.

Há quatro tipos principais da doença: leucemia linfocítica aguda (LLA), leucemia mielóide aguda (LMA), leucemia linfocítica crônica (LLC) e leucemia mielóide crônica (LMC).

“No HUB-UnB, quadros de leucemia mieloide aguda e linfoide aguda são tratados com quimioterapia sistêmica. Leucemias agudas, que não são de baixo risco, depois de atingirem resposta completa, são encaminhadas para transplante alogênico de medula óssea pela regulação do SUS. A LMC é tratada com terapia alvo oral com inibidores de tirosino quinase, imatinibe em primeira linha e dasatinibe ou nilotinibe em segunda linha. A LLC pode ser observada se for assintomática e, quando necessita de tratamento no SUS, há quimioterapia venosa e oral”, salienta Flávia.

Ana Maria da Silva, 44 anos, de Boa Vista-RR, faz tratamento para leucemia no HUB-UnB desde junho de 2024. “Vim para Brasília em busca de diagnóstico e me internaram no HUB, onde descobri que tinha leucemia LMA”, relata a paciente, que já recebeu alta da internação e visita a unidade uma vez por semana para acompanhamento. “Estou há, mais ou menos, seis meses em remissão e aguardando meu transplante. O HUB tem me abraçado e me dado todo o suporte de que preciso. Estou bem e muito feliz, agradecida, primeiramente a Deus, e a toda a equipe maravilhosa de médicos, enfermeiros e residentes”, completa.

Novamente segundo a médica Flávia Xavier, a maioria dos casos de leucemia não pode ser prevenida, contudo, é possível minimizar a probabilidade de desenvolver a doença tomando certos cuidados, como: evitar exposição a produtos químicos e radiação; monitorar a saúde regularmente; adotar um estilo de vida saudável, evitando fumar e evitar também locais com fumaça de cigarro; moderar o consumo de álcool e manter uma dieta rica em antioxidantes (frutas, legumes e verduras); prevenir infecções virais que afetam diretamente o sistema imunológico como, por exemplo, o HIV e o HTLV.

Rede Ebserh

O HUB-Unb faz parte da Rede Ebserh desde janeiro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.

 

Depositphotos Parceiro Política Distrital

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