Por Thaís Miranda
Para muitos, os cães são considerados parceiros e amigos fieis de seus tutores. No Grupamento de Busca e Salvamento (GBS) do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), além de grandes companheiros, eles têm uma atribuição a mais: a de buscar e salvar pessoas desaparecidas. O olfato aguçado, a audição apurada e a agilidade os tornam verdadeiros militares nas ocorrências em matas, escombros e áreas alagadas.
Zion, Flash, Duque e Ozzy são os novos cães da raça pastor alemão que se juntam aos outros seis especialistas em buscas e salvamentos do canil do GBS, que já somam 43 ocorrências atendidas neste ano. Com apenas quatro meses de idade, os irmãos ficarão em treinamento por aproximadamente um ano até que comecem a colocar em prática as estratégias de localização de pessoas ou cadáveres.
Os cães, no geral, possuem 300 milhões de receptores olfativos em seus focinhos, além de terem uma região cerebral 40 vezes maior do que a do ser humano dedicada exclusivamente a processar odores. Por isso, são grandes aliados nas atividades de segurança pública quando o assunto é busca e salvamento.
“A percepção deles é muito melhor que a nossa. Eles conseguem localizar uma pessoa com mais facilidade do que dezenas de militares juntos em uma ocorrência”, afirmou o sargento Bruno Albert. “Ficamos muito felizes com a chegada desses filhotes porque eles são oriundos de pai e mãe que já são nossos e que já trabalham com essa atividade”, concluiu o militar.
Currículo bom
Gamboa, de 3 anos, e Sheik, de 7, são os pais de Zion, Flash, Duque e Ozzy. Eles vieram do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, respectivamente, com a missão de colaborar com os serviços prestados pelo CBMDF. Por terem vindo de pais que já atuam nas atividades de busca e salvamento, os filhotes são considerados de uma linhagem de trabalho confiável.
“Isso significa que, como o pai e a mãe já desempenham esse serviço, os filhotes têm a probabilidade de virem com maior energia e aptidão para executar as atividades. É um cão com mais facilidade para ser treinado”, explicou o chefe do canil do GBS, tenente Marcos Iglesias.
Busca e salvamento
No Lago Paranoá, os “militares de quatro patas” são acionados após três dias de desaparecimento. O trabalho consiste em acompanhar os bombeiros dentro da embarcação e, quando algum cheiro suspeito é identificado, os cães latem.
“A taxa de efetividade de ocorrências com os cães é muito alta porque eles encurtam o caminho para chegarmos até a vítima. Eles entram em ação a partir do terceiro dia de desaparecimento da vítima. Os cães são posicionados na ponta da embarcação e, quando encontram o cheiro que foi estimulado, eles começam a latir, sinalizando que há algo que precisa ser checado naquele local”, explicou o tenente Iglesias.
Igual coração de mãe
Não é qualquer pessoa que consegue trabalhar no canil do CBMDF. Além de passar por uma capacitação, o militar precisa comprovar afinidade com cães. “Nós fizemos um curso para poder trabalhar aqui. Uma das etapas do processo seletivo é gostar desses animais”, disse o sargento Albert.
“Eles são grandes parceiros, nossos companheiros de trabalho, e isso nos traz uma sensação muito boa. A gente sente essa parceria e eles transmitem um carinho muito grande por nós. Por meio de um olhar ou de um latido diferente, a gente sabe que isso é uma demonstração de afeto com a gente também”, completou Albert.
“O amor é igual ao de pai e mãe. Não tem como escolher um só. Como a gente acompanha todo o processo para eles estarem aqui, nós criamos vínculos. Eu amo todos”, concluiu, orgulhoso, o sargento Albert.