Filippelli chama Rollemberg à realidade



Por Ricardo Callado

A entrevista do ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB) a seção À Queima Roupa, na coluna Eixo Capital, do Coreio Braziliense de domingo, passou despercebida. Quem acompanha a política, viu um duro recado ao governador Rodrigo Rollemberg (PSB). E muito pragmatismo político, disfarçado de mágoa.

Filippelli é hoje chefe de gabinete da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, comandada pelo vice-presidente Michel Temer. Os dois sempre foram muito próximos.

Não é de se espantar a posição ocupada por ele. Filippelli tem muita força dentro do PMDB. Basta lembrar como foi a queda de braço com Joaquim Roriz dentro do partido, que culminou com a saída do ex-governador do DF.

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Na micro-entrevista concedida a jornalista Ana Maria Campos, Filippelli falou sobre os pedidos de socorro financeiro feitos pelo governador Rodrigo Rollemberg a presidente Dilma Rousseff. Se ela teria bons olhos em ajudar.

Filippeli primeiro tangenciou afirmando que não seria a questão de olhar com bons olhos. E que jamais a presidente, por motivos políticos, terá um gesto de desatenção com Brasília. Logo em seguida chamou Rollemberg de “desatento aos fatos, à realidade”.

Ele exemplifica: “No dia em que esteve com a presidente, fez, de manhã, o lançamento de um programa de R$ 5 bilhões em obras. À tarde, foi à presidente pedir R$ 2 bilhões para pagar a folha de pagamentos. Não é justo transferir essa responsabilidade para o governo federal”, cutucou Filippelli chamando Rollemberg à realidade.

O ex-vice-governador afirma que do ponto de vista pessoal, não tem absolutamente nada contra o governador Rollemberg. Lembra que depois da eleição, ele foi gentil ao fazer uma visita em sua casa, ainda na fase de transição. “Foi muito produtiva a conversa”, afirma Filippelli.

Na ida para o Palácio do Planalto, houve também um contato muito gentil da parte de Rollemberg, que segundo Filippelli foi correspondida de “forma cuidadosa”. As palavras do chefe de gabinete da Secretaria de Relações Institucionais são calculadas. E muito afiadas.

Ainda na entrevista, Filippelli manda um novo recado: “Mas parece que o governo não assimila o que se fala. Nesse encontro, nós falamos muito sobre transporte público. Acho ainda que ele poderia fazer o grande gol e a transformação do governo dele. Ele pegou uma licitação que foi um grande desafio, mas critica e combate essa ação”.

A área de transportes e a licitação do sistema público foram comandadas por Filippelli no governo passado. Na declaração acima, questiona o governador e defende o seu legado. E deixa a entender que Rollemberg teria concordado em dar seguimento ao sistema implantando por Filippelli. Leia de novo: “Parece que o governo não assimila o que se fala”

Ele encerra a entrevista com outro ponto polêmico: as contas do governo. Filippelli diz que vê com preocupação o fechamento das contas e um possível atraso de salários dos servidores. Alerta o governador para mudar o discurso. E diz que as paralisações recentes não podem mais ser atribuídas ao governo Agnelo. “São reflexos do atual governo. Sinto que não estão sendo tomadas providências para uma gestão cuidadosa da parte financeira”.

Concluindo: a entrevista de Tadeu Filippelli deixou Rollemberg numa situação desconfortável. E dá a entender que se depender do chefe de gabinete da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, o governador pode esquecer ajuda federal.

Fonte: Blog do Ricardo Callado



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