Agência Brasília *
A Covid-19 é uma doença que ataca principalmente os pulmões e tem a falta de ar como um dos principais sintomas. Por esse motivo, ao chegar nas unidades de saúde, as pessoas com suspeita da doença podem necessitar de suplementação de oxigênio para manter a saturação arterial de oxigênio. É nesse momento que a fisioterapia se torna uma aliada no tratamento desses pacientes.
Os fisioterapeutas atuam de forma estratégica desde o atendimento aos internados no pronto-socorro, nas UTIs, e no ambulatório, e é um dos profissionais responsáveis pela manutenção da função pulmonar do paciente.
Nos prontos-socorros, os pacientes que chegam com suspeita da Covid-19 podem apresentar, ou não, a queixa de falta de ar. Não tendo a devida atenção, a hipoxemia (comprometimento de ar no pulmão) já pode estar séria podendo levar o paciente a óbito. Os quadros da doença podem evoluir para uma síndrome respiratória aguda ou pneumonia grave.
É nesse momento que o profissional faz a diferença e busca a melhor forma de ação e estratégia ventilatória mais adequada para o paciente, que já pode receber a oxigenoterapia ou assistência ventilatória mecânica invasiva. Caso chegue muito grave, pode receber a intubação.
Magali Oliveira é fisioterapeuta na equipe de emergência do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) e destaca a importância da checagem de oxigênio no corpo no momento em que o paciente chega à emergência. A profissional ressalta que o protocolo respiratório é a parte vital do processo de decisão.
“Seguimos o protocolo de forma criteriosa na conduta respiratória, conferimos a oximetria de pulso, realizamos a saturação periférica de oxigênio e também fazemos o exame de gasometria arterial para analisar a pressão arterial de oxigênio. Tudo porque nem sempre o paciente tem a queixa de falta de ar. Essa é uma parte delicada que define a conduta médica e medicamentosa também”, afirmou.
Hran
No Hospital Regional da Asa Norte, referência no atendimento aos pacientes suspeitos da doença, na UTI também são seguidos os protocolos específicos para a área de fisioterapia. O trabalho é feito mesmo com o paciente entubado e sem possibilidade de ajudar no processo. Os casos nessa unidade se tornam mais delicados porque não tem um prazo específico para ele ter alta.
A situação varia de pessoa para pessoa, já que a doença não segue um padrão e, muitas vezes se beneficia das comorbidades existentes. São feitas manobras para não comprometer ainda mais os pulmões.
O paciente chega sedado e entubado pela regulação. A partir daí, segue em tratamento pela equipe multiprofissional que tem em seu corpo profissionais como o fisioterapeuta Rafael Siqueira. O servidor destaca que a parte vital de seu acompanhamento é calcular a mecânica respiratória, ou seja, a capacidade do paciente de respirar sozinho. Quando o paciente consegue atingir sua pressão respiratória, ele é retirado dos aparelhos. Além disso, trabalha na recuperação da mobilidade dos movimentos.
“O papel do fisioterapeuta numa UTI é recuperar a mobilidade e trazer a respiração natural sem o uso mecânico do respirador. São feitos testes diários e por turno, na qual avaliamos se o paciente consegue manter a sua respiração. Muitos, devido ao tempo, perdem massa magra, músculos e comprometem movimentos básicos do seu corpo e até do diafragma, dependendo do tempo de sedação.
É feito um processo de desmame e trabalho para que o paciente consiga desde ter uma tosse efetiva que consiga expectorar até ficar em pé e recuperar os movimentos dos braços e pernas, com o treino de marcha por exemplo”, ressaltou.
No momento de alta da UTI, os trabalhos continuam com a equipe da fisioterapia, caso o paciente siga para internação. Lá os profissionais continuam atuando na reabilitação do pulmão e realiza a orientação para exercícios em casa. Caso necessário, é feito o encaminhamento para o tratamento na rede pública nos centros de reabilitação.
Heróis da saúde
Para quem venceu à Covid-19 e permaneceu vários dias internado, o sentimento é de gratidão aos heróis da saúde. Principalmente quando o profissional que está na linha de frente se torna paciente. Uma dessas guerreiras que foi acometida pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) é a biomédica Marlucy Sousa, que atua no Hospital Regional de Santa Maria. Ela ficou mais de 15 dias internada na UTI do Hran, comemora a vitória sobre a doença e destaca os profissionais de fisioterapia que ajudaram na recuperação.
“Vivi uma situação delicada e vivenciei a entubação e extubação. Com todo o cansaço, eles me ajudaram a levantar, a voltar a caminhar e até conversar. Movimentos simples que ficaram adormecidos. Sem ajuda deles, talvez nem estivesse aqui hoje para contar essa história”, reconheceu.
A Secretaria de Saúde possui um protocolo exclusivo de padronização de ações para a área. O material faz parte da Comissão Permanente de Protocolos de Atenção à Saúde e está sempre em atualização.
Fonte: Agência Brasília