Por Kleber Karpov
Durante a cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), um abraço inusitado chamou atenção do meio político. Flávia Arruda, ex-ministra da Secretaria de Governo, do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL-RJ), cumprimentou o petista com um fraterno abraço.
O caso chamou atenção, dado o clima de polarização instaurada no país, que abrangia não apenas Bolsonaro, uma vez que se refletia em parte considerável de gestores nomeados pelo ex-mandatário do Palácio do Planalto.
Abraço esse que acabou por repercutir em críticas de militantes bolsonaristas, que acusaram Flavia Arruda de traição. Entre os inconformados, há quem aposte que ex-ministra e ainda, deputada federal, até 1º de fevereiro, acabou com a carreira política.
Vale observar que, Flávia Arruda, então presidente do PL-DF, acabou por renunciar ao cargo e deixar a legenda. Para a ex-ministra, pesou o “posicionamento do partido” do processo eleitoral desse ano, o que a levou a “considerar os fatos”, e se manter fiel aos “ideais democráticos”.
Considerando os fatos das últimas eleições, o posicionamento do partido e meus ideais democráticos, sigo em um novo caminho com os sinceros votos de que a política continue sendo espaço de respeito, diálogo e busca de um Brasil melhor… –
A parlamentar, ponderou ainda o sucesso obtido nas urnas do DF, em relação a eleição de candidatos ligados ao partido. “Me desfilio hoje do Partido Liberal com certeza, tranquilidade e sentimento de dever cumprido no meu mandato, no ministério e na presidência regional. Entrego um partido com a maior bancada do DF, lideranças fortes e motivadas”, concluiu.
Fim de carreira?
Se por um lado, Flavia Arruda é rechaçada por parte da militância bolsonarista, por outro a deputada tem a exata noção da fragilidade do partido se colocou a médio e longo prazo. Ainda que o PL tenha composto a maior bancada de senadores, deputados federais, além dos quatro distritais na Câmara Legislativa do DF (CLDF) e números expressivos de governadores e deputados estaduais, eleitos sob a onda de Bolsonaro.
Um dos motivos ocorre em decorrência das condições sensíveis que o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto (PL), alçou a legenda, após levar uma multa de R$ 22,9 milhões, por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por litigância de má-fé (23/Nov), decorrente de ação em que o partido solicitou a anulação do segundo turno, das eleições.
Outro motivo está diretamente ligado a possibilidade de haver um colapso da militância bolsonarista, isso após episódios como a tentativa frustrada de se deflagrar um golpe, por meio de intervenção militar, de se induzir a mobilização de milhões de brasileiros por cerca de 60 dias a em apoio aos movimentos golpistas e, por fim, deixar o país.
Ideais democráticos
Por fim, Flavia Arruda, também sabe que embora Lula tenha um grande desafio de recuperar o país nos próximos quatro anos, o petista tem histórico de êxito nas duas gestões, 2003 à 2006 e 2007 à 2010 em que deixou os governos com aprovação de 57% e 83%, respetivamente. Dados esses, se repetidos, podem representar um incremento no ativo político significante para dar continuidade a carreira política.
Flávia Arruda
Esposa do ex-governador do DF, José Roberto Arruda, Flávia Arruda concorreu a vaga ao Senado Federal, com apoio do governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), porém, acabou derrotada pela ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves (Republicanos), apoiada pela ex-primeira dama Michelle Bolsonaro.
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