Frejat, o exemplo e a lição



Por Dr. Gutemberg

Com quantos políticos se faz uma gestão pública séria, que efetivamente muda a vida da população para melhor? Quando há vontade, basta um. E, nesta semana, a morte de Jofran Frejat, aos 83 anos, nos lembrou disso. Piauiense, o médico veio para Brasília, em 1962, e aqui promoveu uma série de políticas públicas que fizeram, por longos anos, a saúde do Distrito Federal ser referência País afora.

Deputado por cinco mandatos, um deles como constituinte, Frejat foi, também, secretário de Saúde do Distrito Federal por quatro vezes, entre os anos de 1979 e 2002. E ainda na década de 70 ele elaborou um modelo de saúde para o DF que começava pela Atenção Primária, oferecendo aos cidadãos especialidades básicas e necessárias, como pediatria, ginecologia e clínica médica. A ideia, que deu certo até começar o desmonte do SUS-DF, era desafogar as emergências.

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À época, o médico decidiu que era preciso, também, contratar novos profissionais de Saúde. Assim, ele ampliou o acesso da população do DF ao SUS e a oferta de serviços em atenção básica. O resultado disso foi uma melhoria visível nos indicadores da capital do País, em especial na redução da mortalidade infantil e materna.

Concomitante com o investimento na Atenção Primária, o plano de Frejat previa a construção de hospitais regionais em cada região administrativa. Isso incluía o Hospital de Base: referência para casos de alta complexidade. E tudo isso, vale lembrar novamente, funcionou na prática. No entanto, ao contrário do médico piauiense, nem todos os políticos têm interesse na promoção e ampliação da saúde pública.

Foi também durante a gestão de Frejat que foi fundada a Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), responsável pela formação de novos médicos e, também, enfermeiros no DF: outra instituição pública, desta vez voltada à educação. Porque um bom político sabe que o futuro está na educação acessível a todos. Isso é construir o amanhã de fato. Menos discursos, mais ação.

Mesmo após deixar a política para trás, nosso amigo Frejat foi coerente com sua história. Não deixou, por exemplo, de opinar sobre a criação do Instituto Hospital de Base. Contrário ao projeto da gestão de Rollemberg, ele também criticou a expansão do modelo. No ano passado, ele afirmou: o governo “deixou o hospital público ter uma aparência de não funcionar para que a população pense que não valha a pena o serviço público”.

E não é que, mais uma vez, Frejat tinha razão? Para o médico, longe de terceirizações ou privatizações, a solução para a saúde pública do DF começa a partir de uma palavra por muitos políticos esquecida: “compromisso”. E mais: a fórmula para o resgate do SUS-DF inclui ainda, nas palavras do médico, “dedicação e compaixão. Amor ao próximo e à Brasília”. Vejam: não se trata de milagre e nem de mágica. Mas, sim, de ética. Essa da qual nossos governantes gostam de falar. Porém, passa longe de suas práticas.

Gutemberg Fialho é médico e advogado
Presidente da Fenam e do Sindicato dos Médicos do DF



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