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22 nov 2024 04:30


Gatinho malvado: Assédio moral, censura, medo e retaliação é retrato da gestão da Secretaria de Saúde do DF

Profissionais altamente qualificados da rede são jogados na sarjeta para não incomodar os planos do secretário de Saúde, argumentou médica da servidora da SES-DF

Por Kleber Karpov

Desde a posse do atual secretário de Estado de Saúde do DF (SES-DF), Humberto de Lucena Pereira da Fonseca, a recorrência de casos de perseguição a servidores da SES-DF. Política Distrital, juntou casos de perseguição a servidores, retaliação e prática de assédio moral atribuídos ao gestor da Pasta, considerado por colaboradores, inclusive da gestão, como “prepotente”, “inacessível” e “arrogante”, conforme denúncias de profissionais de saúde, que pedem para não serem identificados, por questões óbvias.

Nem mesmo a portaria da mordaça e a ‘caça aos rebeldes’ instituída pelo ex-secretário, João Batista de Souza, intimidou tanto, ou deixou os servidores com medo de ousarem a reagir às políticas equivocadas da gestão.

Ao menos é o que afirma uma médica ao conversar com Política Distrital e pedir sigilo da fonte, para denunciar o que considera “arbitrariedades do Secretário de Saúde”. A profissional de saúde reclama que em vez de investi na otimização da estrutura e dar prosseguimento a reestruturação da SES-DF, “o que temos assistido é o secretário colocar profissionais competentes na sarjeta e desmontar a estrutura da Secretaria de Saúde.”, denunciou.

Desperdício de talentos

Apenas ligados à subsecretaria de Gestão de Pessoas (SUGEP) a médica mencionou três servidores, a ex-subsecretária, Flávia Cáritas Gondim, e dois outros gestores que garantiam o atendimento do setor, Marineusa e o senhor Oswaldo.

“A Marineusa foi alocada no atendimento de um Centro de Saúde e Flávia transformada em entregadora de medicamento da farmácia no hospital de Ceilândia. A Flávia está proibida de ter qualquer cargo de confiança na SES-DF. As duas são extremamente capacitadas e o que vimos foi as duas surtarem por causa da perseguição. A Flavia teve que ficar um mês de licença prêmio e ameaçaram cortar o ponto dela. A Mari [Marineusa] ficou por um mês de licença. O Oswaldo, com mais de 60 anos foi o responsável por redimensionar todo o do Hospital de Samambaia e a Jaqueline [Jaqueline Carneiro, atual SUGEP], proibiu ele de entrar na SUGEP. São pessoas capacitadas, talentos que estão subutilizados por capricho do Secretário.”, lamentou a médica.

Flávia Gondim foi nomeada pelo ex-secretário, Fábio Gondim, responsável por ajudar a mapear e otimizar o banco de horas extras, que permitiriam, por exemplo, a SES-DF nomear 2 mil novos servidores ou ainda o redimensionamento das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

PD teve a oportunidade de entrevistar Flávia Gondim sobre o redimensionamento da SES-DF (14/Abr/2015). Na ocasião, questionada pelo Blog, a então gestora explicou como funcionaria a economia de R$ 4 milhões da redução do Banco de Horas Extras, projeto que a SES-DF nunca chegou a implementar.

Nem médicos escapam

Outro nome mencionado pela médica, foi a enfermeira, especialista em Atenção Primária, Célia Becker, a quem foi atribuído a prática de assédio moral. Sem entrar no mérito da causa, a profissional de saúde fez uma revelação que, supostamente demonstra a que ponto pode chegar o assédio moral na SES-DF: “Ela chegou a ser ameaçada pelo ‘gestor’.”, afirmou.

Mais recentemente outro caso chamou atenção. A exoneração da supervisão da região, Doutor Rodolfo Paulo, diretor do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), supostamente, atribuída à exposição do desmonte do hospital referência em obstetrícia e reprodução assistida no DF.

“O assédio moral para cima do doutor Rodolfo, foi tão intenso, por conta do ato dos 50 anos, que ele está pensando em deixar o país. O Humberto está destruindo a secretaria. Ele está destruindo a moral dos servidores que são comprometidos, tudo que os servidores públicos e que essa secretaria representa.”, completou.

Cadê o dossiê?

À atual gestão da SES-DF chegou a ser imputada a criação de dossiês de gestores, servidores e sindicalistas. O caso foi denunciado ao PD e publicado na matéria intitulada ‘Secretaria de Saúde faz ‘devassa’ na vida de servidores?’ (25/Jul/16). “São cópias de folhas de ponto, escala de serviço, quantidade de faltas e atestados médicos, entre outros dados, que, através da SUGEP [Subsecretaria de Gestão de Pessoas] estão sendo juntados”, afirmou a denunciante.

Na ocasião a denunciante foi enfática ao afirmar que Fonseca deu ordem para que se levantasse a vida pregressa de pessoas ligadas à SES-DF, entre elas, Flávia Gondim, o presidente do Sindicato dos Médicos do DF (SINDMÉDICO-DF), Gutemberg Fialho e a presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do DF (SINDSAÚDE-DF), Marli Rodrigues e a servidora Silene Almeida, ligada à sindicalista. Mas nem mesmo o ex-secretário de Saúde, Fábio Gondim ficou de fora das investigações.

Restrições de acesso sites de notícias

Mas não para por aí. O secretário de Saúde também foi denunciado por cercear o acesso a conteúdo informativo na internet. Em matéria publicada por PDExclusivo: Secretaria de Saúde do DF restringe acesso a sites de notícias?’(7/Jan). Um servidor denunciou ao blog que o secretário de saúde, mandou bloquear o acesso a sites de notícias, mas manteve liberado, o acesso a páginas de outros conteúdos.

“Na SES a internet está bloqueada, não se acessa nem os portais de notícias: G1, Metrópoles, Jornal de Brasília, Correio Braziliense, por exemplo. Censura total. Não está acessando nada lá, está terrível (SIC).”, afirmou.

Secretário censura repórter do Correio

Para completar o currículo de ‘bom moço’, Fonseca deu um passo adiante rumo a ditadura na saúde do DF. De acordo com o jornal Correio Braziliense (CB), um dos maiores do país, oficialmente lido em todas as embaixadas brasileiras, no mundo, também caiu no crivo da ‘black list’. Mas dessa vez, enquanto fonte geradora de informação.

CB denunciou que um repórter estava apurando denúncia do Tribunal de Contas do DF (TCDF) sobre o desperdício milionário na saúde pública do DF. O jornal acusa Fonseca de determinar à assessoria de imprensa da SES-DF, que não repasse informações a um  repórter do Jornal. “A censura atenta contra a liberdade de imprensa e afronta a Constituição, que garante aos veículos de comunicação o direito de levar ao conhecimento da população informações de amplo interesse público.”, publicou no jornal (19/Jan).

O que diz a SES-DF

Em relação à perseguição de servidores, ao PD, por meio da assessoria de comunicação a SES-DF negou a prática de perseguição aos servidores “destaca a importância do respeito aos servidores e gestores.”. Sobre a perseguição ao ex-diretor do HMIB, a Pasta alega se tratar de prerrogativas com mero cunho administrativo

“A Secretaria informa que a exoneração do diretor do HMIB faz parte das mudanças administrativas promovidas pela pasta. Frisa-se que o cargo é de livre provimento e que diversos postos estão sendo revistos para adequar a estrutura às novas estratégias de gestão”.

As vítimas

PD tentou contato com as supostas vítimas de assédio por parte dos gestores da SES-DF, porém, não obteve sucesso, nas tentativas de contato.

Opinião:

Práticas autoritárias por parte da Secretaria de Estado de Saúde do DF, contra os servidores é algo extremamente preocupante e deveria ser investigado pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), pela Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF) e os parlamentares da CLDF. Essas pessoas, moralmente assediadas e afetadas, em muitos casos passam por transtornos de saúde, inclusive psicológicos graves e, aqueles que não necessitam ou conseguem se afastar do atendimento. O mais grave, são os responsáveis por fazer procedimentos cirúrgicos, prescrever e aplicar medicações, enfim, dar assistências aos pacientes do SUS-DF.

Práticas, recorrentes e nefastas como essas, dignas de gestores sem capacidade de liderança que tentam impor suas vontades pelo comando hierárquico, precisam ser combatidas pois podem contribuir com o risco de possíveis erros médicos, além de aumentar, consideravelmente, o índice de absenteísmo na saúde pública do DF.

Quanto ao cerceamento à liberdade de imprensa, sobretudo quando realizada de forma seletiva, PD mais uma vez repudia e se apresenta, aos servidores, como um porta-voz para receber denúncias, apurar e publicitar as por parte de gestores que insistem nessas práticas.

A julgar que o médico, advogado, consultor legislativo do Senado Federal, Humberto de Lucena Pereira da Fonseca, deve conhecer como ninguém as leis que regem esse país, e que, ainda assim se utiliza da censura para afrontar a liberdade de imprensa e os direitos constitucionais seja da imprensa ou da população do DF de ser informado, quando o Estado tem o dever de informar, além do repúdio, fica a pergunta. Qual será o  próximo passo de Fonseca será instituir o ‘AI-5 da Saúde’, ou ir direto para a prática de tortura.

ERRAMOS:

Política Distrital mencionou que a enfermeira, especialista em Atenção Primária, Célia Becker, era médica equivocadamente. O erro ocorreu em decorrência de a fonte ter se referido a enfermeira pelo termo doutora.

Atualização 23/2/17 às 4h57

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