Por Gutemberg Fialho
Após deixar 94,2 milhões de litros de água literalmente escorrerem pelo ralo no Estádio Mané Garrincha, em junho do ano passado, o Governo de Brasília resolveu, agora, destinar R$ 5 milhões do dinheiro saqueado da aposentadoria dos servidores para bancar e sediar o 8º Fórum Mundial da Água, marcado para março, na Capital da República. Isso em meio à maior crise hídrica da história do Distrito Federal.
São esperadas mais de 40 mil pessoas para o evento. Ainda assim, o GDF garante que não faltará água para todos, o que é quase surreal, já que a população vive, hoje, em sistema de rodízio. Mas, como a ideia é impressionar, já que estamos em ano eleitoral, não há limites para a criatividade ficcional do governador Rollemberg.
No ano passado, uma ligação de água “indevida” no Mané Garrincha gerou uma conta de nada menos do que R$ 2,2 milhões aos cofres públicos – dinheiro nosso indo diretamente para o esgoto. Contudo, como gestão não é o forte do governador Rollemberg, não surpreende que a verba pública esteja sendo mal utilizada.
Para saquear R$ 1,3 bilhão da aposentadoria dos servidores do DF, desta vez, inclusive, ele prometeu que vai, com esse dinheiro, construir escolas, postos de saúde, parques e paradas de ônibus, e contratar servidores. Ou seja, tudo o que ele não fez nos últimos três anos será feito agora, em apenas um. É praticamente um milagre! E que bom seria se fosse verdade. Mas não é.
E por falar em inverdades, seria muito bom também que, antes de falar em novas contratações, o GDF resolvesse seu problema de assédio moral constante aos servidores. Como não sabem administrar – nem Rollemberg nem o secretário de Saúde, Humberto Fonseca – eles utilizam a prática, com frequência, para tentar intimidar aqueles que se opõem aos seus desmandos. No Hospital Regional de Taguatinga há um exemplo bem recente disso.
Depois de pedir, em uma reunião com a chefia, por melhorias no atendimento aos pacientes e na condição de trabalho dos servidores, o enfermeiro Diego Sampaio foi “convidado” a se retirar do Pronto-Socorro do HRT e ir para o Centro Cirúrgico.
A transferência só não aconteceu porque o Tribunal de Justiça do DF (TJDFT) notificou a direção do hospital. Porém, segundo denúncias, as perseguições são rotina na Secretaria de Saúde (SES-DF) àqueles que se recusam a assistirem calados ao desmonte do SUS-DF.
É a tirania daqueles que não sabem administrar e têm medo de perder o controle.
Essa é a gestão que Rollemberg sabe fazer por trás das câmeras de suas propagandas fantasiosas. E salve-se quem puder, porque o legado deste governo sem rumo vai ser desastroso.
Gutemberg Fialho é presidente do Sindicato dos Médicos do DF