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Goiás notifica caso de microcefalia

Vírus Zika, considerado principal hipótese de contagio, ainda não foi registrado no Estado

Por Fernanda Laune

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde indicam que Goiás possui um caso com suspeita de microcefalia em recém-nascido. Com a soma dos oitos estados da Região Nordeste (Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Rio Grande do Norte, Piauí, Alagoas, Ceará e Bahia) que identificaram casos, o Brasil já alcança 739 notificações. Os dados visam alertar para os cuidados que as grávidas devem ter na gestação. Ano passado o número de casos no país foi de 147, cinco vezes menor que o registrado até o momento.

A microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Os bebês nascem com o perímetro cefálico menor do que considerado normal, que habitualmente é superior a 33 centímetros. O vírus Zika, transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti – o mesmo que transmite a dengue -, é considerado a principal hipótese de contagio de microcefalia na região Nordeste. Em Goiás, de acordo com a Secretaria Estado da Saúde (SES-GO), ainda não há casos confirmados de microcefalia associado ao vírus Zika. Além disso, a secretaria reforça que no estado não existe registro de casos de Zika.

Ainda segundo a SES, o sistema de informação do estado registra uma média de três a quatro casos de microcefalia por ano. Em relação ao caso de microcefalia em paciente de Goiás, divulgado pelo Ministério da Saúde, a secretaria esclarece que o caso ainda está em investigação e não há nenhuma confirmação até o momento que correlacione a microcefalia da criança ao Zika vírus. A secretaria não confirma, mas há rumores que o caso notificado no estado seja no município de Rio Verde.

Com objetivo de acompanhar e propor medidas de emergência em saúde pública, o Ministério da Saúde acionou na última semana, o Grupo Estratégico Interministerial de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional e Internacional (GEI-ESPII). Além disso, comunicou à Organização Mundial de Saúde e Organização Pan-Americana da Saúde, conforme os protocolos internacionais de notificações de doenças.

De acordo o ministro da saúde, Marcelo Castro, assim que foram relatados aumento do número de casos de microcefalia, pesquisadores começaram a investigar a relação com o vírus Zika. “O que os pesquisadores estão dizendo é que podemos afirmar com segurança que é acima de 90% a probabilidade de ser verdadeiramente o Zika. Há pesquisadores que chegam a dizer que há 99,5% de certeza que é o Zika vírus. Se tivéssemos uma literatura internacional que nos respaldasse, não tinha nenhum problema. O problema é que tudo que está acontecendo no Brasil é inédito. No mundo todo, não há um caso de epidemia de Zika e nem de surto de microcefalia como está acontecendo no Brasil”, afirma o ministro.

De acordo com o ministério, o laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz da Fiocruz/RJ que participa das investigações constataram a presença do genoma do vírus Zika na amostra de duas gestantes da Paraíba. Através de exames de ultrassonografia, os fetos foram confirmados com microcefalia. O material genético (RNA) do vírus foi detectado em amostras de líquido amniótico.

Dentre os estados, o primeiro a identificar aumento de microcefalia foi Pernambuco com 487 casos, número elevado comparado a 2014, que teve 21 registros. Em sinal de alerta, equipes do Ministério desde o dia 22 de outubro acompanhando o estado. O único óbito de microcefalia sendo investigado é no Rio Grande do Norte. Depois de Pernambuco, os estados que registram casos é a Paraíba (96), Sergipe (54), Rio Grande do Norte (47), Piauí (27), Alagoas (10), Ceará (09), Bahia (01) e Goiás (01).

Gestantes

A Secretaria de Estado da Saúde em Goiás, por meio do Ministério da Saúde, recomenda as gestantes que sejam mantidas as vacinas atualizadas segundo o calendário vacinal; não consumação de bebida alcoólica ou qualquer outro tipo de droga; não utilização de medicamentos sem orientação médica; evitar contato com pessoas com febre ou infecções; proteção da exposição de mosquitos, mantendo portas e janelas fechadas ou teladas, uso de calça e camisa de manga comprida e utilização de repelentes permitidos para gestantes (a base de DEET) nas primeiras horas da manhã e nas últimas horas do dia.

O Ministério da Saúde também reforça que as gestantes mantenham o acompanhamento e as consultas de pré-natal, com a realização de todos os exames recomendados pelo médico. Ainda de acordo com o ministério, a microcefalia não é um agravo novo. Trata-se de uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Na atual situação, a investigação da causa é que tem preocupado as autoridades de saúde. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o normal, que habitualmente é superior a 33 cm. Esse defeito congênito pode ser efeito de uma série de fatores de diferentes origens, como as substâncias químicas, agentes biológicos (infecciosos), como bactérias, vírus e radiação.

Perguntas e respostas sobre Microcefalia

A microcefalia pode levar a óbito ou deixar sequelas?

Cerca de 90% das microcefalias estão associadas com retardo mental, exceto nas de origem familiar, que podem ter o desenvolvimento cognitivo normal. O tipo e o nível de gravidade da sequela vão variar caso a caso. Tratamentos realizados desde os primeiros anos melhoram o desenvolvimento e a qualidade de vida.

– Como é feito o diagnóstico?

Após o nascimento do recém-nascido, o primeiro exame físico é rotina nos berçários e deve ser feito em até 24 horas do nascimento. Este período é um dos principais momentos para se realizar busca ativa de possíveis anomalias congênitas. Por isso, é importante que os profissionais de saúde fiquem sensíveis para notificar os casos de microcefalia no registro da doença no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc).

– Qual o tratamento para a microcefalia?

Dependendo do tipo de microcefalia, é possível corrigir a anomalia por meio de cirurgia. Geralmente, as crianças, como já informado, precisam de acompanhamento após o primeiro ano de vida. Nos casos de microcefalia óssea existem tratamentos que propiciam um desenvolvimento normal do cérebro.

– Há registro de ‘surtos’ de microcefalia em outros países?

Por enquanto, não há relatos na literatura cientifica e nem casos registrados em outros países da associação do zika vírus com a microcefalia. No entanto, nenhuma hipótese está sendo descartada.

– Qual é a recomendação do Ministério da Saúde?

Ministério da Saúde reforça às gestantes que não usem medicamentos não prescritos pelos profissionais de saúde e que façam um pré-natal qualificado e todos os exames previstos nesta fase, além de relatarem aos profissionais de saúde qualquer alteração que perceberem durante a gestação. Além disso, é importante que os profissionais de saúde estejam atentos à avaliação cuidadosa do perímetro cerebral e à idade gestacional, assim como à notificação de casos suspeitos de microcefalia no registro de nascimento no Sinasc.

Fonte: Diário da Manhã via Ministério da Saúde, publicado em 24/11/2015

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