Governador do DF questiona, no grupo Ceilândia Sempre Viva, matéria publicada por Política Distrital



Em audio enviado ao grupo no aplicativo Whatsapp, governador criticou ausência de informações, falou sobre reajuste de tarifas e se colocou disponível para discutir temas da cidade  

Por Kleber Karpov

Após publicação de replicação de matéria que aborda o desespero da população do DF em relação a falta de segurança no DF, na noite de quarta-feira (4/jan), o governador do DF, questionou, por meio do aplicativo Whatsapp no grupo Ceilândia Sempre Viva, a ausência de dados relativos à segurança.

Na matéria replicada por Política Distrital sob o título Insegurança: Gestão de Rollemberg bate novo recorde em 2016, o tentente Poliglota, editor de blog que leva o seu nome, comentou índices de violência pública apresentados pelo Metrópoles.

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Os números expressam os aumentos da incidência de crimes em 2016, em relação ao ano anterior em casos de roubos em comércio; a transeuntes, em transporte coletivo; em residências além de roubos e furtos de veículos. Após ler a matéria, Rollemberg criticou a publicação ao questionar dados ausentes.

“Esqueceu de dizer que tivemos em 2016 o menor número de homicídios por cem mil habitantes dos últimos 23 anos. Enquanto o Brasil aumenta o DF diminui. Esqueceu também de dizer que grande parte do aumento de crimes contra o patrimônio se devem à introdução das audiências de custódia pela Justiça. Ainda assim no DF subiu menos que a média do Brasil.”, criticou.

Criticas e críticas

A manifestação inusitada resultou em aprovação, mas principalmente em críticas e questionamentos. Daniel Cunha aprovou a colocação de Rollemberg e sugeriu que o chefe do executivo se empenha para resolver os problemas. “Governador tem feito todos esforços, mesmo com todas as dificuldades financeiras, para não prejudicar o funcionamento do transporte público coletivo.”. No entanto, a opinião foi criticada e recebeu contrapontos.

“Daniel você mora a onde [?] Para de puxar o saco amigo Hoje o nosso maior problema é a saúde e transporte”, questionou outra pessoa identificada por Sheik Bill. “Depois de dois meses  que vim saber que vc está nesse  grupo só por causa do pronunciamento do governador Daniel Cunha,  assim você  não ajuda a comunidade e muito o governador puxando”, criticou David Rod ao mencionar que não acreditava que o próprio Rollemberg fizera uma intervenção no grupo “Eu estou custando acreditar que é o próprio governador que está  usando esse número pra se pronunciar aqui .”, disse.

Cético, David Rod chegou a sugerir que Rollemberg utilizou de tática de “espião”, ao publicar uma mensagem para sondar quem era favorável ou contrário, aos posicionamentos do governador.

Beth Samper foi direto ao ponto ao sugerir que não adiantaria Rollemberg querer exonerar quem se posicionasse contrário aos reajustes das tarifas de transporte público. “E não adianta exonerar quem se pronunciar contra o aumento das passagens.”, mas Sheik Bill, lembrou que o chefe do Executivo já o tinha feito: “Ele já exonerou a Neice [ Mendes de Souza Sales, lotada na Assessora Especial da Secretaria Adjunta de Economia de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Estado de Economia e Desenvolvimento Sustentável do Distrito Federal  (SEDES), ligada ao vice-governador, Renato Santana (PSD)]. O vice governador foi contra o decreto ele exonerou. O homem é mão de ferro”, disse.

Thais Gadelha, também membro do Ceilândia Sempre Viva foi mais contundente e falou sobre as deficiências das políticas públicas na segurança pública no DF.

“Desculpa, governador, mas colocar a culpa da ineficiência na segurança pública do DF nas audiências de custódia, é, no mínimo, uma brincadeira de mau gosto. O problema da segurança pública vai mto além de prender ou soltar, não temos política de prevenção, não temos programas e nem políticas públicas voltadas pra essa área. Nem policiamento suficiente temos. Delegacias sucateadas, uma polícia que preocupa só com as promoções, presídios lotados, uma bomba que qlqr hora explode. E para finalizar em relação à audiência de custódia, manda seus delegados fundamentarem bem o inquérito policial, produzir boas provas, e mandar um bom trabalho para o judiciário, que eu duvido que juiz conceda a liberdade. Não há advogado que tire. Pare de culpar o judiciário de um problema que é da sua competência, bem como do legislativo. (SIC)”

Carlos Cantanhede voltou ao tema da insegurança e lembrou uma realidade de acordo com especialistas da segurança pública ao lembrar que “os números só não demonstram a realidade, pois a população já não registra queixa, pois não acredita no estado.”

Sheik Bill também questionou a contradição de Rollemberg ex-deputado distrital ao atual chefe do Executivo. “Governador, a CLDF aí, reduzir a gratuidade, [disse se referindo a outra matéria de Metrópoles (Veja Aqui)], o senhor  não votou no passe livre também? Como é isso, dá para o senhor explicar para a gente?”

Reajustes de tarifas

Rollemberg, talvez para tirar a dúvida sobre ser o próprio governador a interagir com os membros do Ceilândia Sempre Viva, se manifestou por meio de áudio. O chefe do Executivo falou sobre o evento não consumado integralmente, em dezembro e se colocou a disposição para participar de um novo.

O governador lembrou ainda as condições em que recebeu o governo na gestão anterior com um déficit de R$ 6 bilhões e disse não abrir mão da responsabilidade de entregar uma Brasília melhor ao final do governo. O chefe do Executivo desafiou ainda: “Quem tiver uma ideia melhor que me apresente. Estou pronto a acatar se realmente eu considerar que é melhor”, disse.

E as tarifas governador?

Provocado a participar de uma roda de conversa e sem responder as perguntas e provocações, Rollemberg, textualmente, fez uma esplanação sobre o reajuste das tarifas do transporte público, porém, sem se ater as perguntas.

“O debate é bom e topo fazê-lo. Em qualquer ambiente desde que seja respeitoso. Hoje às seis da manhã abri o site do Globo. A notícia que me chamou a atenção: amanhã, quinta feira à noite, quando todos os servidores do DF que já receberam o décimo terceiro receberão o salário de dezembro, 48% dos servidores do RJ terão recebido os seus salários de novembro. No dia 12 os servidores da educação receberão o adiantamento de férias. Minha gente , ninguém gosta de dar aumento de ônibus . Muito menos eu. Mas a realidade é a seguinte: temos um subsídio anual de 600 milhões especialmente em função das gratuidades e um orçamento para 2017 de 173 milhões. Ou reajustamos ou não temos como sustentar o sistema. Topo fazer um debate sério, sem agressões, sobre o tema . Quem tiver proposta melhor que apresente. Será bem vinda. Boa Noite. Vou dormir pois tenho rádio OK amanhã às 7h. Façam sua perguntas que responderei. Abraços e Boa noite!!!”.

Joaquim Gomes no entanto se contrapôs a menção de Rollemberg. “Governador Rodrigo rollemberg, nos não faltaremos com respeito o senhor não. A luta aqui é outra.  Só estamos lutando para as passagens voltar o que era antes. Ache uma saída e volte atrás nesse decreto. Pois o povo de Brasília estão todos aflitos por causa desse aumento.”, decretou Gomes.

Manifestações contra os reajustes

Em tempo, nesta quinta-feira (5/jan), às 16h30, uma grande manifestação deve acontecer contra os aumentos abusivos das passagens. A concentração será na Feira de Ceilândia.

Respostas ao questionamento de Rollemberg

Ao questionar os dados de Metrópoles, este articulista de Política Distrital, incluiu o autor da matéria, Poliglota, no grupo Ceilândia Sempre Viava, por se tratar de especialista sobre segurança pública, o que daria um debate interessante com o governador. Porém, no trânsito dos diálogos entre membros do grupo, a conversa não aconteceu. Mas Poliglota, publicou no grupo contraponto as colocações de Rollemberg.

Senhor governador Rodrigo Rollemberg,

Como eu fui adicionado ao grupo depois de seu questionamento à minha matéria e quando entrei o senhor já estava saindo, deixo aqui minhas considerações sobre suas colocações:

1- “ESQUECEU DE DIZER QUE TIVEMOS EM 2016 O MENOR NÚMERO DE HOMICÍDIOS POR CEM MIL HABITANTES DOS ÚLTIMOS 23 ANOS. ENQUANTO O BRASIL AUMENTA O DF DIMINUI.”

Governador, me desculpe, mas sua assessoria deve estar lhe passando números equivocados. Em 2015 o Estado que conseguiu diminuir o índice de homicídios acima da média foi São Paulo, com 12,38%, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Aliás, foi um recorde.

Enquanto isso, nossa Brasília registrou 33,1 homicídios por 100 mil habitantes. E o senhor não há de negar que entre 2010 e 2016 esses números não baixaram da casa dos 29,1 homicídios por 100 mil habitantes que é a média nacional e que, infelizmente, nos coloca na 13ª posição como uma das cidades mais violentas do país, superando Rio de Janeiro e São Paulo nos índices. Havemos de convir que nas últimas duas décadas, tivemos uma certa estabilidade nesses índices, mas ainda muito distante do ideal de uma metrópole. Isso significa que, infelizmente, nenhuma tentativa de política pública funcionou. Ainda não descobrimos como reverter isso.

2- “ESQUECEU TAMBÉM DE DIZER QUE GRANDE PARTE DO AUMENTO DE CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO SE DEVEM À INTRODUÇÃO DAS AUDIÊNCIAS DE CUSTÓDIA PELA JUSTIÇA. AINDA ASSIM NO DF SUBIU MENOS QUE A MÉDIA DO BRASIL.”

Governador, quando o senhor se refere às Audiências de Custódia, confesso que não entendo se o senhor critica ou apóia. Pois desde que elas foram criadas o que estamos presenciando é uma forte pressão de órgãos ligados ao Direitos Humanos para que o bandido, o criminoso (esse o maior causador do aumento de índices de todos os crimes) seja a figura a ser preservada. Como um juiz fazer vistas grossas a um traficante preso com 40 quilos de cocaína ou maconha para que se condene um policial (o Agente da Autoridade) que necessitou utilizar o uso progressivo da força? Não estaria aí o Estado invertendo os valores?

Desculpe-me, mas para mim isso é uma clara afronta aos deveres institucionais das forças policiais e um desrespeito ao cidadão que têm assegurado pela Carta Magna o direito à segurança por dever do Estado. Se o aumento dos crimes contra o patrimônio são objeto dessas Audiências de Custódia, então que as elimine, ou o senhor pensa diferente?

“SALÁRIOS EM DIA”

Para finalizar, a questão de sua admiração com o que está acontecendo em diversos Estados em relação aos salários não é e nem deveria ser pertinente ao nosso Distrito Federal. O senhor alega que o governo petista deixou-lhe um rombo de incalculáveis proporções. Eu não duvido, mas convenhamos que o seu governo já teve dois anos para, pelo menos, estabilizar as contas públicas. O discurso que o senhor ainda utiliza já não apregoa mais nos ouvidos da população. Além disso o senhor não pode desprezar que temos o Fundo Constitucional do DF que tem sido o instrumento responsável pela garantia de salários em dia de parte significativa de servidores públicos do DF. A arrecadação de impostos também teve um crescimento considerável que poder dar-lhe a garantia de honrar seus compromissos com os servidores.

Bom, se o senhor mesmo propôs um debate aberto e respeitoso, inclusive com sugestões, deixo aqui a minha primeira sugestão: Faça como o governador de Goiás Marcone Perillo e diminua consideravelmente os cargos comissionados. Tenho plena convicção de que a economia aos cofres públicos será excepcional. Não irá resolver de imediato, mas amenizará, com toda certeza. 2017 será um ano muito duro para seu governo e governar com o povo, na minha humilde visão, deve ser prioridade sua.

Boa noite e grande abraço,

Poliglota…



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