Governo vai pagar R$ 0,45 por máscara produzida na Papuda

Valor é oito vezes menor que o praticado no mercado. Além de ajudar na ressocialização dos detentos, iniciativa permitirá reabastecer estoques do sistema socioeducativo e de entidades terapêuticas. Veja o vídeo



Renata Moura, da Agência Brasília

Gildásio Fernandes é um dos 40 detentos do Complexo Penitenciário da Papuda que vão ajudar o Distrito Federal a conter a pandemia do novo coronavírus. Participante do programa de ressocialização da Fundação de Amparo ao Preso (Funap), o reeducando integra o time que vai produzir cerca de 30 mil máscaras por mês para reabastecer os estoques da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) destinados às unidades do sistema socioeducativo, Pró-Vítima e entidades terapêuticas.

“Estamos gratos de poder contribuir numa hora dessas. É como se a gente pudesse pagar um pouco pelo que já fez de mal para sociedade”, avalia Gildásio. Pelo trabalho, além do abrandamento na pena – cada três dias na ativa equivalem a um dia a menos no sistema prisional –, cada preso vai receber o equivalente a três quartos do salário mínimo, ou seja, R$ 783,75.

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O valor da contribuição só foi possível porque a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) vai comprar boa parte da produção a um custo muito menor que o praticado no comércio. “Temos dois bons motivos para essa aquisição: a ajuda na ressocialização deles e a falta desses equipamentos no mercado”, explica a titular da Sejus, Marcela Passamani.

“Temos dois bons motivos para essa aquisição: a ajuda na ressocialização deles e a falta desses equipamentos no mercado”

Marcela Passamani, secretária de Justiça e Cidadania

Segurança e registro

Segundo a secretária, o governo também ganha no preço final dos produtos. “Se lá fora temos máscaras comercializadas entre quatro, cinco reais, hoje estamos comprando produtos de qualidade a R$ 0,45 por unidade”. Os equipamentos de segurança fabricados pelos detentos têm registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e já foram aprovados pela Secretaria de Saúde (SES).

“É muito gratificante ver essa capacidade se expandindo dentro do sistema penitenciário”, pontua o secretário de Segurança Pública, Anderson Torres. “Iniciamos esse processo dentro do nosso presídio feminino, que hoje já produz máscaras, e agora ampliamos a oportunidade para o PDF I. Assim, além de reforçarmos o combate ao vírus, propiciamos mais oportunidade para a ressocialização dos detentos.”

“É muito gratificante ver essa capacidade se expandindo dentro do sistema penitenciário. Assim, além de reforçarmos o combate ao vírus, propiciamos mais oportunidade para a ressocialização dos detentos”

Anderson Torres, secretário de Segurança Pública

A produção das máscaras está sendo acompanhada de perto por técnicos do Senai-DF. “Estão prestando consultoria para garantir que sejam atendidas todas as recomendações da Secretaria de Saúde e da Anvisa”, afirma a diretora-executiva da Funap-DF, Deuselita Martins.

“Queremos dobrar o número de internos trabalhando e ampliar a produção para atender outros órgãos do governo”, conta a gestora. “Estamos no início do projeto, e cada reeducando já produz uma máscara a cada oito minutos. Esse ritmo vai melhorar, e então poderemos chegar a uma produção semanal de 50 mil máscaras.”

Prevenção na Papuda

O diretor do Centro de Detenção Provisória da Papuda/Penitenciária do Distrito Federal I, Mário Lúcio Menezes, informa que a rotina está se adequando às novas ações de contenção do novo coronavírus. “Todas as medidas e providências estão sendo tomadas para coibir a entrada do vírus no sistema”, alerta.

Além da suspensão das visitas, os banhos de sol estão sendo ampliados e o cuidado com a limpeza das instalações é reforçado. “Todos estão recebendo material de higiene pessoal, temos álcool gel disponível nas unidades, viaturas estão sendo mais vezes higienizadas”, relata o delegado. “Além disto, todas as equipes de plantão e expediente estão sendo orientadas para evitarmos a contaminação”.

Medidas como a quarentena de novos presos também estão sendo tomadas. “Quem chega hoje passa 14 dias isolado antes de se misturar com os outros, e qualquer interno que apresente sintomas também está sendo isolado”, explica. Para reforçar na conscientização, estão sendo proferidas, com frequência, palestras educativas nos pátios.

Fonte: Agência Brasília



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