Grupo de Dor Crônica no Hospital Regional de Santa Maria transforma vidas de pacientes

Iniciativa multidisciplinar oferece suporte e estratégias para uma vida mais plena



Por Luciane Paz

No Hospital Regional de Santa Maria, uma iniciativa muito aguardada se tornou realidade: o Grupo de Dor Crônica, um espaço que vai além do tratamento convencional, criando uma rede de apoio para pacientes que enfrentam diariamente desafios impostos pela dor crônica.

Em um contexto onde a dor crônica afeta aproximadamente 37% da população brasileira, cerca de 60 milhões de pessoas, conforme dados da Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED), a Linha de Cuidados para pessoas com Dores Crônicas do HRSM se destaca como uma resposta inovadora.

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O grupo de dor crônica, que acontece no ambulatório, formado por aproximadamente 15 participantes, realiza encontros semanais, marcados para todas as quintas-feiras pela manhã, tornando-se pontos de conexão para compartilhar experiências e adquirir conhecimento.

Com o intuito de aprimorar a qualidade de vida diante das limitações físicas e dos desafios cotidianos impostos pela dor crônica, a abordagem adotada busca explorar diferentes estratégias ao longo de aproximadamente 12 encontros independentes. Essas estratégias variam desde psicoeducação até técnicas de mindfulness, com a colaboração de uma equipe de especialistas de diferentes áreas.

Composta por psicólogos, fisioterapeutas, médicos reumatologistas, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, farmacêuticos e nutricionistas, profissionais unem forças para ir além do tratamento convencional e proporcionar estratégias de enfrentamento e conscientização do papel dos pacientes em seu próprio tratamento.

Paola Palatucci, psicóloga especialista em dor crônica e uma das mentes por trás do projeto, explica: “O nosso objetivo é trabalhar estratégias de enfrentamento para a dor, para que eles possam recuperar a qualidade de vida e consigam seguir com essas condições”.

Albertina Fernandes, de 53 anos, membro do grupo desde o início, mencionou que usava remédios controlados para dor por mais de uma década. Desde que ingressou no grupo, reduziu o uso de algumas medicações. Ela comentou: “Estou me sentindo bem melhor. O grupo tem sido de grande ajuda; durmo melhor e estou bem emocionalmente. Só tenho a agradecer”.

“Trabalhamos higiene do sono, dietas anti-inflamatórias, psicoeducação e utilizamos técnicas de mindfulness para fortalecer a atenção concentrada dos pacientes, visando sempre estratégias de enfrentamento”, ressaltou Palatucci.

O tratamento exige uma abordagem multidisciplinar, entre elas, a fisioterapia também desempenha um papel significativo. Em todos os encontros, são realizados exercícios adaptados para trabalhar alongamento e analgesia. O programa também incorpora a auriculoterapia, uma técnica derivada da acupuntura, que aplica pressão em pontos específicos da orelha para tratar vários tipos de dores. Essa prática terapêutica visa não apenas o bem-estar físico, mas também o equilíbrio emocional.

A fisioterapeuta Alessandra Sandro Meireles, enfatiza a importância da abordagem integral da equipe, ressaltando o compromisso em proporcionar não apenas um alívio imediato, mas sim uma melhoria significativa na qualidade de vida dos pacientes. Ela destaca: “Todas as estratégias são apresentadas para que possam ser aplicadas no dia a dia, permitindo que os pacientes tenham consciência de seu papel ativo na melhoria de seu quadro clínico.”

Mais do que tratar sintomas, essa iniciativa busca estabelecer uma rede de apoio, onde o compartilhamento de experiências auxilia os pacientes a perceberem que não estão sozinhos nessa jornada. Em meio a esse desafio, a Linha de Cuidados do HRSM se destaca como um ponto de referência, orientando os pacientes rumo a uma melhor qualidade de vida, apesar das dificuldades da dor crônica.

Para Suely Pinheiro Barreira, de 61 anos, a dor crônica é uma companheira de longa data. Desde os seus 20 anos, ela convive com o desafio da fibromialgia, uma condição dolorosa e persistente. Ao compartilhar sua experiência, Suely destaca o impacto positivo do Grupo de Dor Crônica: “Esse grupo está sendo uma maravilha, tenho aprendido como lidar com a dor da fibromialgia, porque é uma dor crônica, uma dor que você acha que não vai conseguir suportar. Eu tenho aprendido muito com toda a equipe e me sinto acolhida. Para mim tem dado resultado, tenho parado até de tomar alguns medicamentos fortes”, relata Sueli.

“É algo que desejávamos há muito tempo, e agora estamos conseguindo realizar”, concluiu a psicóloga Paola Palatucci, evidenciando a importância e o impacto positivo desse grupo na vida dos pacientes que lidam com a dor crônica.



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