Por kleber karpov
O deputado federal, Gustavo Gayer (PL-GO), polêmico por diversas, posições, posturas e postagens nas redes sociais, exagerou na dose, ao publicar na rede social X (Antigo Twitter)(12/Mar), a formação de um “trisal” entre a atual ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o parceiro, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), com o presidente do Senado Federal, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

Na sequência, o parlamentar foi mais grotesco, ao questionar se Farias aceitaria o chefe [supostamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)] oferecer a esposa [Gleisi Hoffmann] ao presidente da Câmara dos Deputados (CD), deputado Hugo Motta (Republicanos-PB). Provocação essa, publicada por Gayer após Lula dizer ter colocado uma “mulher bonita” na articulação política para ter uma boa relação com os presidentes das casas legislativas.

QI… inconsequente?
Estranhamente, o parlamentar que já teve pedido de cassação de mandato por questionar, por exemplo, o Quociente de Inteligência (QI) de populações africanas, ao perceber o tamanho da burrice, apagou a postagem do “trisal”, e após ver a reação de Alcolumbre que anunciou o acionamento da Comissão de Ética da Câmara, Gayer percebeu que transpôs o limite do razoável à “liberdade de expressão”.
“O Davi [Alcolumbre] repetiu várias vezes que não é possível aceitar agressões, que elas sejam banalizadas. Ele entende que as pessoas precisam medir as consequências do que falam e ter responsabilidade, ainda mais um parlamentar”, disse um aliado do presidente do Senado.
O deputado apagou a postagem e tentou se retratar diretamente com o presidente do Senado, por meio de mensagem, embora tenha ficado no vácuo. “Caso o presidente Alcolumbre tenha se sentido ofendido, quero deixar bem claro que minhas críticas não se referiam a ele, mas sim ao chefe do Poder Executivo em razão de sua atitude desrespeitosa para com uma de suas Ministras”, afirmou.
Em sua defesa
Para tentar amenizar o impacto da repercussão do uso da “liberdade de expressão”, Gayer retornou às redes sociais e voltou a fazer uso do QI, dessa vez para justificar a prática heróica de ser o único a se levantar para ‘defender’ Gleisi Hoffman.
As pessoas que hoje me atacam, são as mesmas que ficaram em silêncio ontem quando LULA desrespeitou a MInistra Gleisi.
Enquanto eu fui o único parlamentar que saiu em defesa da ministra e prestou solidariedade a ela.
É o cúmulo da hipocrisia! pic.twitter.com/1X4mI8sMZW— Gustavo Gayer (@GayerGus) March 13, 2025
Talvez seja até por essa defesa enfática e inequívoca que o deputado removeu a postagem e se desculpou apenas com Alcolumbre. Nesse ponto cabe um hiato, quanto a ingratidão da ministra de Relações Institucionais e do esposo, por não publicarem uma nota em agradecimento à defesa de Gayer.
Um adendo, é que Gayer ao usar a fala protagonizada por Lula, amplamente criticada pela imprensa, sobre colocar uma “mulher bonita”, o parlamentar parece ter passado por cima da possibilidade de o presidente ter utilizado tal termo, ainda que inadequadamente, para fazer contraponto a colocação estapafúrdia, na última semana, do ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), ao chamar mulheres petistas de ‘feias’ e ‘incomíveis’, às vésperas do Dia Internacional da Mulher. Algo que a própria Gleisi Hoffmann chegou a rebater que “lhe falta espelho!” e brevemente “lhe faltará liberdade”. Provocações do ex-mandatário do país que viralizou e repercutiu em contrapontos nas redes sociais.
Um ‘case‘ de exemplo
Vocês sabem quem é Gustavo Gayer?
– cometeu duplo homicídio dirigindo bêbado
– deixou uma 3⁰ vítima paraplégica
– condenado por assédio
– investigado por desvio de cotas, falsificação e peculato
– denunciado no STF por racismoSer atacado por gente assim é um orgulho! pic.twitter.com/5OPTxn1cBQ
— Lindbergh Farias (@lindberghfarias) March 13, 2025
O presidente da Câmara, por sua vez, também envolvido em um dos tweets e contatado por Alcolumbre de quem ouviu a intenção de denunciar Gayer ao Conselho de Ética da Câmara, Ligou para o deputado para uma reprimenda. Mota chegou a agendar uma conversa pessoal para a próxima terça-feira (18/Mar).
Independente de Alcolumbre, o PT, por sua vez, acionou o Conselho de Ética da Câmara, nesta sexta-feira (14/Mar), para pedir a cassação de Gayer pelos comentários relacionados a Gleisi Hoffmann. O pedido deve ser enviado pela Mesa Diretora da Casa ao colegiado.
Iniciativas essas que, conforme informalmente está a ser apontado à imprensa e no meio político, devem fazer de Gayer, um ‘case’ de exemplo para estimular mudanças de comportamentos, no que tange aos excessos praticados por parlamentares. Em especial, na Câmara dos Deputados. Sob essa ótica, vale ressaltar a posição de Alcolumbre. “O que está dificultando no Brasil é as pessoas agredirem as outras sem medir o que estão falando”.
Muito a perder, e a temer
Vale lembrar que, a denúncia do PT e ainda a de Alcolumbre, essa última se formalizada, deve se somar a outra, por exemplo a protocolada no final de junho de 2023, ocasião em que Gayer se envolveu em polêmica ao sugerir haver ditaduras no continente africano em decorrência da “falta de capacidade cognitiva” da população. Discursos esses protagonizado pelo parlamentar durante participação no podcast “3 irmãos” a motivar a deputada Duda Salabert (PDT-MG) a pedir a cassação de Gayer junto ao Conselho de Ética da CD.
Porém, para além das fronteiras da Câmara dos Deputados, graças ao QI ou, em nome da liberdade de expressão, em novembro do mesmo ano, o parlamentar protagonizou outro episódio, que levou a Procuradoria-Geral da República (PGR) a oferecer denúncia contra o deputado ao STF. A PGR acusou Gayer de crimes de injúria contra Lula e racismo contra o então ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.
Situações essas, em que sem a força de um mandato parlamentar, pode deixar o deputado em situação extremamente complicada.