Hospital de Apoio inaugura Unidade de Cuidados Paliativos Geriátricos no DF



É o primeiro serviço deste tipo, da rede pública do DF, destinado a pacientes que possuem demência grave

Aos 101 anos, Maria Soares de Souza, é uma das primeiras pacientes atendidas na Unidade de Internação de Cuidados Paliativos Geriátricos, inaugurada nesta quarta-feira (1º), no Hospital de Apoio de Brasília (HAB). Esse é o primeiro serviço deste tipo destinado ao público idoso criado na rede de saúde Distrito Federal. O objetivo é oferecer maior bem-estar no fim da vida para quem apresenta quadro de demência grave.

Com isso, à medida do possível, saem de cena as sondas para urinar e acessos na veia feitos com cateter. Os profissionais também evitam realizar internações prolongadas e uso de medicações. No lugar da sonda para alimentação, a equipe promove a chamada ‘alimentação de conforto’, em que o paciente tem o direito de se alimentar normalmente, com o auxílio de um profissional ou familiar para driblar as debilidades.

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A Unidade de Cuidados Paliativos Geriátricos conta com sete leitos de internação. O conjunto foi montado na Ala C, onde funcionou provisoriamente a Unidade de Internação de Cuidados Paliativos Oncológicos, a qual teve seu espaço original reformado e entregue em março deste ano.

“Há 10 anos minha mãe apresenta quadro de demência. Ela começou a se esquecer das pessoas, inclusive dos filhos e de mim. O quadro dela foi piorando e, agora, ela não se lembra de comer e tomar banho, nem anda mais. Tenho que tratá-la como uma bebê”, contou a filha e acompanhante de quarto da anciã Maria, Neuza Soares de Souza, 55 anos.

A filha afirma que a mãe, internada no local desde o último dia 23/5, possui cardiopatia e usa marca passo. “Essa internação é bem melhor. Minha mãe está se sentindo bem neste ambiente tranquilo, onde o conforto é maior e se evita procedimentos que causam sofrimento como uso de sondas, tubos e UTI”, disse.

ACOMPANHAMENTO MULTIPROFISSIONAL – Os idosos são acompanhados por uma equipe composta por geriatras, clínicos médicos, enfermeiros e técnicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas. Eles também recebem a atenção de nutricionistas, assistentes sociais, voluntariado e podem fazer acupuntura.

Os profissionais discutem entre eles e com a família do paciente quais medidas menos invasivas, ou seja, que causam menos agressão ao corpo, são ideais para o atendimento médico. Para cada paciente é feito um plano de cuidados para ser executado durante a internação, o que inclui metas de curto, médio e longo prazo.

O nosso principal objetivo é oferecer conforto, mas também é comprovado cientificamente que a minimização de procedimentos invasivos pode ajudar a prolongar a vida. Nós evitamos que o paciente sinta dor, bem como controlamos os sintomas para dar alta o mais rápido possível e o paciente retorne para casa. “, disse a geriatra e supervisora da Residência de Medicina Paliativa, Alexandra Barreto.

Segundo ela, o objetivo é oferecer uma abordagem integral e multidisciplinar, nos aspectos físico, psicológico e espiritual. “Quando identificamos uma doença incurável, que progressivamente vai debilitar o paciente e resultar em morte, fazemos o possível para que ele tenha a melhor qualidade de vida”, completou a profissional.

Demência Grave 

A doença quando é degenerativa não tem cura e o principal sintoma é a dependência de outras pessoas para se alimentar, tomar banho e se locomover. Além disso, o idoso fala pouco ou nada, apresenta incontinência e infecção urinária recorrente. Dependendo do caso e de outras complicações clínicas, a estimativa de vida pode ser curta, de apenas seis meses. A demência pode ter vária causas, entre elas, a doença de Alzheimer, a demência com corpos de Lewy, com sintomas semelhantes aos do Alzheimer.

Outras causas são a demência frontotemporal, quando ocorre a degeneração do lóbulo frontal do cérebro; e demência vascular, resultante de uma série de pequenos acidentes vasculares cerebrais (AVC).

Hospital

Instituído há 22 anos, o Hospital de Apoio de Brasília é especializado em reabilitação de pessoas com graves sequelas neurológicas e em cuidados paliativos oncológicos. Atende apenas pacientes encaminhados de outros hospitais da rede pública, em regime de internação e ambulatorial. Também conta com serviços genéticos — citogenética (análise cromossômica), biologia molecular, triagem neonatal (teste do pezinho ampliado, com 27 exames) e diagnóstico de doenças raras.

Fonte: SES-DF



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