Hospital de Santa Maria: quem não tem papel higiênico, se limpa com gaze



Esse é um de vários problemas apontados por servidor do hospital que relata, inclusive, atraso de cinco dias de medicamento prescrito a paciente

Por Kleber Karpov

Política Distrital recebeu na quinta-feira (13/Abr) várias denúncias em relação a situação do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). Um servidor, que pede para não ser identificado, reclamou a falta de itens de higiene pessoal, materiais de limpeza, equipamento de trabalho e medicamento.

Segundo a pessoa denunciante, o tradicional gaze é utilizado para substituir o papel higiênico, em caso de necesidades fisiológicas. A falta termômetro e medidor de pressão arterial também está em falta.

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“Pra começar não tem papel higiênico nem mesmo papel tolha nem para nós nem para os pacientes. Quando lembramos levamos de casa ou temos que usar gaze para nós limpar. No PS [Pronto Socorro] falta termômetro, verificamos febre tocando no paciente. Não tem aparelho de pressão, nos funcionários que levamos de casa e aparelho de glicemia é apenas 1 para mais de 70 pacientes e esse está com defeito.”, disse.

Falta de medicamento

Ainda de acordo com o servidor, por falta de antibiótico, há pacientes que estão há cinco dias sem receber medicamento prescrito por médico. Outra reclamação é o desperdício de soro de 500ml.

“Tem pacientes internados com a prescrição atrasada de cinco dias atrás. Falta antibióticos como ciprofloxacino venoso e outros. Remédio para pressão, losartana que é bem comum o uso Indapamida. Soro só tem de 500 ml daí pra fazer as medicações são jogados fora 300 ml de soro, um desperdício.”.

Roupas

Também segundo a pessoa denunciante, a falta de fralda geriátrica e até mesmo o fornecimento de lençóis estão comprometidos. “Fralda nunca mais tivemos. Os pacientes que precisam, a família tem que comprar e levar. Lençol raramente são entregues nos postos de trabalho.”, disse.

Superlotação e Risco de contaminação

Ainda de acordo com o servidor, no HRSM há problemas de contaminação com a superbactéria KPC [Klebsiella pneumoniae Carbapenemase], famosa no DF e responsável pela queda do ex-secretário de saúde do DF, João Batista de Sousa em 2015.

“Pacientes com isolamentos de contato por causa do KPC estão junto com outros pacientes e pacientes com suspeita de tuberculose e meningite estão em salas de isolamentos não adequados.”, afirmou.

Em grupos do aplicativo Whatsapp, um alerta de servidores dão a dimensão do perigo a que servidores e usuários do HRSM estão expostos e corroboram com a denúncia do servidor ao PD.

“É inadmissivel trabalharmos secando a mao nas roupas..contaminando as medicaçoes. Isso é um caso p ccih intervir. Estamos sem papel nos banheiros , nos postos..ta insustentável. A gente prepara medicação e vai lavar a mao e n tem onde secar..daí a gente seca na roupa que ja esta toda contaminada e vai preparar outra medicacao. Isso é um caso mto serio. A preparaçao de medicacao tem que ser algo o mais limpo possivel, poos vai ser injetado direto na corrente sanguinea. Eu nem preciso falar isso. Mas se faz necessario diante da situaçao que estamos passando. Estou falando c vc pq fiquei hoje até mais tarde esperando p ir na CCIH e quando fui la nao tinha chegado ninguen ainda. Tive que ir embora pq tinha aula.(SIC)”.

APECE

Também pelo Whatsapp servidores apontam possível origem de grande parte dos problemas no HRSM. Ao menos no que tange a questão de higiene pessoal e limpeza da unidade.

“A questao do banheiro mtos estao resolvendo levando seu proprio papel..o que ja é um absurdo. Mas o papel toalha é impossivel de comprarmos p levar. Sei que o pessoal da apecê ta c dificuldade, mas enquanto eles estiverem fornecendo o serviço pra ADM. Publica , eles sao obrigados a manter o minimo de mantimentos para o funcionamento do local. (SIC)”.

A APECE é a empresa de limpeza e conservação do HRSM que deveria, contratualmente, manter o abastecimento de produtos de limpeza e de higiene pessoal na unidade. Mas, que em decorrência de atrasos de pagamento por parte da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF), não consegue cumprir com as obrigações estabelecidas em contrato.

A outra parte

PD acionou a SES-DF sobre as denúncias do servidor. Por meio da Assessoria de Comunicação (ASCOM), a secretaria, em relação à limpeza, a pasta responsabilizou a APECE, mas admitiu racionamento por causa do atraso de pagamentos à empresa.

“A direção do Hospital Regional de Santa Maria informa que o fornecimento desse material é de responsabilidade da empresa de limpeza. No momento a distribuição está sendo racionada em virtude do atraso no pagamento às empresas que prestam o serviço. A Secretaria de Saúde informa que o pagamento já foi realizado na tarde desta quinta-feira (13).”.

Sobre a falta de equipamentos, a SES-DF afirmou que o HRSM recebeu novos termômetros digitais, mas que há déficit de aparelhos de aferição de pressão e que os existentes não unidade não suprem a demanda do hospital. Porém a Secretaria informa que não orienta os servidores a utilizar equipamento de uso particular.

“A falta de aparelho de glicemia não procede. Há aparelhos suficientes na gerência de enfermagem, que orienta os profissionais a devolverem aqueles que apresentarem defeito para que sejam encaminhados à manutenção.”.

Ainda segundo a SES-DF, há um processo de aquisição de fraldas geriátricas em curso, com previsão de entrega para, até o dia 20 de abril. A pasta também admitiu a “falta pontual de lençóis”, o que atribuiu a “problemas de logística”. De acordo com a Secretaria, “A situação já é conhecida pela direção que, juntamente com a empresa, estuda uma nova forma de distribuição.”.

E, finalmente, sobre a falta de medicamentos, a SES-DF explicou que não se trata de problema isolado do HRSM, mas da rede e que há um processo licitatório em andamento. “A falta de medicamento na unidade ocorre quando há falta na rede como um todo. A Secretaria de Saúde esclarece que os medicamentos com estoque reduzido já possuem processo licitatório em andamento.”.



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