SES-DF confirma casos no HRGu e sugere que situação está sob controle. Será?
Por Kleber Karpov
Após Política Distrital (PD) publicar, na quinta-feira (1º/Mar), denúncia de servidora da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São Sebastião, de pacientes internados, contaminados pela superbactéria Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC), servidor da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF) também confirmou casos de contaminação no Hospital Regional do Guará (HRGu).
Ao tomar conhecimento da matéria, a servidora, sob sigilo de identidade, informou ao PD. “Aqui no hospital do Guará temos 4 pacientes com KPC, são casos confirmados com a superbactéria Kleber. E na semana passada teve ainda outro paciente que foi transferido para o hospital de base na semana passada, pois o estado era mais crítico.”, denúncia essa, confirmada por outros servidores, em redes sociais.
Questionada, a servidora explicou que o isolamento “é precário” e que também estão com o mesmo problema da UPA São Sebastião em relação a falta de capotes e de lençóis. “Infelizmente, parece ter virado regra a falta desses itens e quando são entregues, são insuficientes para atender a demanda. Então os pacientes ficam desprotegidos, o isolamento, como disse é precário e a tendência é que a contaminação se espalhe.”.
Capotes e lençóis
Durante a apuração de suposta morte e de pacientes infectados por KPC na UPA São Sebastião, o que a SES-DF negou, a pasta alegou que a UPA compra capotes com recursos do Programa de Descentralização Progressiva de Ações em Saúde (PDPAS), além de afirmar que a unidade recebeu apenas nesta quinta-feira (1º/Mar).
PD confirmou o recebimento dos lençóis e capotes, na UPA, porém, de acordo com a servidora que, sob sigilo de identidade, denunciou o caso, “em quantidades insuficientes para garantir a proteção dos pacientes, principalmente com a KPC.”, disse ao explicar que foram entregues “apenas oito capotes e alguns lençóis”.
O que diz a SES
Questionada sobre a incidência de contaminação de pacientes no HRGu (1o/Mar), por meio de nota a Secretaria confirmou cinco casos. A pasta, no entanto minimizou o problema ao alegar ser comum a presença de bactérias superresistentes em ambientes hospitalar e, afirmar que está tudo sob controle.
“A Secretaria de Saúde esclarece que as bactérias multirresistentes são micro-organismos comuns no ambiente hospitalar. No Distrito Federal, a situação está totalmente sob controle e não há qualquer risco de surto.
A Secretaria de Saúde informa que cinco pacientes estão internados no Hospital Regional do Guará (HRGu) colonizados com a bactéria Klebsiella (KPC). A confirmação se deu por swab (exame retal) e exame de cultura de urina. Os pacientes estão isolados de contato, recebendo tratamento adequado com uso de antibiótico e sendo monitorados pelo núcleo de controle de infecção hospitalar.
A Secretaria de Saúde frisa, por fim, que dispõe de um controle rigoroso contra infecções, e que, no ambiente hospitalar público e privado, é comum pacientes darem entrada com alguns micro-organismos. Por isso, as unidades do Governo de Brasília dispõem de infectologistas e de equipes que monitoram, constantemente, este tipo de situação.”.
Eterna falta de gestão
Porém, para o presidente do Sindicato dos Médicos do DF (SINDMÉDICO-DF), Gutemberg Fialho, “o buraco é mais embaixo”. O sindicalista foi categórico ao afirmar que o problema não se restringe apenas a existência das superbactérias nos ambientes hospitalares, mas a um conjunto de ações que devem acontecer para manter o controle.
“Esse discurso que está tudo sob controle, por ser comum ter bactéria superresistente e um quadro de infectologistas que monitoram, pode ser tornar uma grade ‘balela’. Nós tivemos o problema em 2015, que matou pacientes em pontos e hospitais deferentes no DF, e havia infectologistas. O que acontece é que o problema só cessou após a secretaria de saúde apresentar e colocar em prática o Plano de Enfrentamento à Resistência Bacteriana. O problema é que, quando os hospitais e as UPAS não recebem regularmente estoques de lençóis, papel higiênico, sabonete, quando falta água, quando falta descarpack, luvas, esse ‘enfrentamento’ cai por terra.”, afirmou.
O sindicalista relembrou a “constante” falta de medicamentos, insumos, manutenções, na gestão do secretário de saúde, Humberto Lucena Pereira da Fonseca. Segundo Fialho, esses fatores podem a gravar o controle das superbactérias e voltar a matar pacientes internados nos hospitais do DF.
“Essa constante falta de materiais, medicamentos, insumos e manutenção de equipamentos se tornou rotineira, desde que esse secretario [Humberto Lucena Pereira da Fonseca] assumiu a secretaria [de Saúde]. Embora sempre estivesse claro a falta de gestão desse governo, antes a desculpa era a falta de dinheiro. Só que, até onde me lembro, o senhor governador, Rodrigo Rollemberg veio a público para falar que saneou as contas. Ele retirou R$ 1,5 bilhões de recursos do IPREV para financiar ações eleitoreiras. E enquanto isso, a saúde continua um caos, o Instituto Hospital de Base, como você noticiou está com falta de lençóis e os tomógrafos estão quebrado. Então como tenho dito, temos mais do mesmo, pura falta de gestão, com o agravante que o governador está usando dinheiro para fazer propaganda, como os R$ 64 milhões gastos no último trimestre de 2017, enquanto os pacientes continuam sem assistência, morrendo com mortes evitáveis e com o risco de voltarmos a ter mais mortes por infecção de superbactérias.”, disparou.
Atualização: 2/3/18 às 16h37 para correção ortográfica