Por Ingrid Soares
O Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) é um modelo em gestação de alto risco, atendimento à mulher e à criança e em reprodução humana assistida. A unidade é ainda credenciada pela Rede Latino-Americana de Reprodução Humana e foi reconhecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por realizar um serviço de alto nível.
Ao longo de 2023, o Hmib realizou, entre outros procedimentos, 55 transferências de embrião congelado, 148 captações de óvulos para procedimento de fertilização in vitro, 38 inseminações intrauterina e 27 procedimentos de congelamento seminal. O hospital é um dos poucos no Brasil a oferecer o procedimento de forma gratuita, por meio do Centro de Ensino e Pesquisa em Reprodução Assistida (Cepra).
O tratamento de reprodução ocorre via consulta, agendada pela Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência. A equipes de Saúde da Família (eSF) encaminham os pacientes para atendimento com ginecologista e, em seguida, com profissionais de outras especialidades. Após essas etapas, há indicação à Unidade de Reprodução Humana do Hmib.
O paciente é inscrito na lista de espera a partir da primeira consulta ou da de retorno, após a apresentação dos resultados de exames. Há dois tipos de tratamentos possíveis: inseminação intrauterina (IIU) e fertilização in vitro (FIV). Ao todo, são 337 usuários aguardando para realizar o procedimento. O tempo médio de espera é de 2 anos e 6 meses.
A Referência Técnica Administrativa (RTA) de Reprodução Humana Assistida, Mariana Roller, ressalta que o Cepra disponibiliza os procedimentos na área integralmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “No DF, temos um serviço de reprodução assistida que permite que os casais tenham seus direitos garantidos e sejam acolhidos por uma equipe altamente especializada e completa. São médicos, biólogos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, geneticista, psicólogo. Todos têm capacitação e especialização sobre o tema”, detalha.
No ano anterior, foram feitos 733 atendimentos com médico geneticista e 8.155 de pré-natal de alto risco na unidade.
Hospital multicapacitado
Além da reprodução assistida, o Hmib possui atendimento de ponta em ginecologia e obstetrícia de emergência, medicina fetal, uroginecologia, psiquiatria perinatal, unidade de prevenção e assistência às vítimas de violência, cuidados paliativos perinatal e endoscopia ginecológica.
A diretora geral substituta do hospital, Paula Balduino, afirma que a unidade é destaque ainda na pediatria e na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal. “Somos referência, por exemplo, em prematuridade extrema. Os recém-nascidos que precisam de cirurgia são todos direcionados para o Hmib. Já em infectologia pediátrica, temos até residência. A nossa emergência pediátrica é um ponto muito importante para a Secretaria de Saúde [SES-DF], atendendo uma demanda grande, acolhendo, quando necessário, pacientes de outras regionais de saúde, inclusive.”
Recentemente, o Hmib realizou duas cirurgias intrauterinas para a correção de mielomeningocele – conhecida como “espinha bífida”, na qual parte da coluna fica exposta. Antes mesmo de nascer, os bebês passaram por um procedimento dentro do útero das mães. A má formação gera limitações motoras e problemas neurológicos desde o útero, com consequências até o fim da vida. O hospital também já conta com experiência de outros procedimentos intrauterinos, incluindo transfusão de sangue para fetos e laser em gestações gemelares.
Reconhecimento
Há anos, o Hmib é certificado como Hospital Amigo da Criança. Em 2022, recebeu o prêmio Dr. Pinnotti e se tornou também Hospital Amigo da Mulher. O reconhecimento é concedido pela Câmara dos Deputados a entidades governamentais e não governamentais que se destacam na promoção do acesso e da qualificação dos serviços de saúde femininos.
No mesmo ano, a unidade foi ouro no prêmio Contratualiza SES-DF 2022, que celebra o bom desempenho das Regiões de Saúde e das Unidades de Referência Distrital (URDs).
Para ter acesso ao atendimento na emergência pediátrica ou na ginecologia obstetrícia do Hmib, o paciente deve se dirigir ao local e passar pela triagem. Já os ambulatórios são regulados e o usuário precisa comparecer a uma UBS de referência.