Hran é única referência em tratamento de mola gestacional no DF



Doença é decorrente de uma alteração genética que ocorre na fecundação do óvulo

Ailane Silva

A Doença Trofoblástica Gestacional, também chamada de mola hidatiforme, é uma alteração genética que ocorre na gestante, no momento da fecundação do óvulo e pode desencadear comportamento de câncer causando metástases em órgãos como pulmão, vagina, cérebro e fígado. A doença é tratada no Ambulatório de Mola do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), única referência no tratamento especializado no Distrito Federal, desde 1985.

Por semana, são realizados aproximadamente 30 atendimentos de mulheres que desenvolveram a doença, que é considerada rara por ocorrer uma vez a cada mil casos de gravidez. A anomalia causa a má formação do tecido placentário no princípio da gravidez. Com isso, o material gera a “mola” que degenera a placenta, a qual futuramente comportaria um feto.

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Apesar de, na maioria das vezes, causar a morte do feto quando ele está presente, o índice de cura é elevado e chega a quase 100%. Normalmente, a doença regride espontaneamente em 80% das pacientes e, em apenas 20% dos casos, elas precisarão ser submetidas a outras intervenções, como a quimioterapia.

“A doença ocorre quando um óvulo, sem carga genética, é fecundado por um espermatozoide ou quando um óvulo é fecundado por dois espermatozoides. A mola pode ser parcial, quando possui a presença do feto, ou total, quando não há feto, e se caracteriza pela formação de vesículas no útero”, explicou a ginecologista/obstetra do Ambulatório de Mola, Valéria Cristina Gonçalves.

As pacientes que já tiveram a doença possuem um risco maior de desenvolver outra mola nas gestações posteriores. Porém, quanto mais cedo o diagnóstico, menores são as complicações e menor o risco de desenvolver metástases. O tratamento é simples e se faz através com controle semanal do hormônio beta hCG (BhCG), que é produzido pela placenta e fica elevado quando ocorre a anomalia.

A doença pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais comum nos extremos da fase reprodutiva, entre 15 e 20 anos, e 40 a 45 anos. “A medicina ainda não sabe explicar porque algumas mulheres desenvolvem a doença trofoblástica. Existem várias hipóteses, mas nenhum ainda comprovada”, informou a ginecologista.

Casada, Mércia dos Santos, 38 anos, é uma das pacientes atendidas. Ela descobriu em novembro de 2016 a gravidez, mas em dezembro do mesmo ano foi diagnosticada com a doença. O tratamento vem sendo realizado desde então no Hran, com acompanhamento semanal.

“Minha gravidez foi planejada e eu seria mãe pela primeira vez. Eu nunca tinha ouvido falar dessa doença. Faço o acompanhamento e a doença está regredindo”, relatou a paciente, que perdeu o feto, mas não apresentou maiores complicações.

Diagnóstico

As pacientes que possuem doença trofoblástica gestacional apresentam os mesmos sintomas de uma gravidez, porém, de maneira mais exuberante. “Muitas vezes, apresentam condição maior de vômitos, náuseas, observam um crescimento mais rápido do volume abdominal, esperado para o tempo de gestação, além de um sangramentos transvaginais e/ou eliminações de vesículas pela vagina”, citou.

A doença pode ser identificada pelos níveis elevados de B-HCG e exames ecográficos. Por isso, toda paciente que suspeita de gravidez, precisa fazer o exame de beta Hcg e procurar um médico para iniciar o pré-natal. “Se houver alteração, a doença pode ser identificada e ela será encaminhada para o Hran para fazer o tratamento adequado”, disse a médica.

Tratamento

Após o esvaziamento do útero, a mulher precisa ser acompanhada semanalmente, até que ocorra a negativação do beta hCG (BhCG). Na maioria das vezes, a produção desse hormônio regride naturalmente, mas quando os níveis continuam elevados, a mulher precisa ser submetida ao tratamento quimioterápico, antes mesmo da ocorrência de metástases.

Após a constatação da negativação do hormônio, as consultas passam a ser realizadas mensalmente, por um semestre, no ambulatório de mola do HRAN ou, quando o tratamento é feito com quimioterápicos, as visitas ao médico se prolongam por até um ano. Após a conclusão do tratamento, a paciente pode tentar engravidar novamente.

O atendimento ocorre no turno vespertino das segundas-feiras para pacientes com BhCG controlado e, nas terças-feiras pela manhã para as pacientes que estão no início do tratamento.

Fonte: Agência Saúde DF



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