Por Lucio Flavio
Quem doa sangue, doa vida. É um sopro de esperança em forma de gotículas vermelhas. E, no caso do bombeiro militar Mateus Barros e Silva Campos, 34 anos, a missão de salvar indivíduos vem em dose dupla. Diariamente ajudando pessoas pelas ruas do DF, ele ainda faz doação de sangue pelo menos uma vez a cada 60 dias.
“Considero o ato de doar sangue um gesto de amor sincero”, ressalta o capitão do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), doador desde 2005. “Quando doamos, ajudamos a salvar até quatro pessoas, que muitas vezes nem sequer conhecemos. E doação é algo tão valioso, com um custo tão pequeno, que fica até difícil não aceitar ser doador.”
“Doação é algo tão valioso, com um custo tão pequeno, que fica até difícil não aceitar ser doador”Mateus Barros e Silva Santos, capitão do CBMDF
Agora, esse ato de solidariedade será reconhecido com uma data oficial no calendário do DF, o Dia Distrital do Doador Voluntário de Sangue, a ser comemorado anualmente em 20 de novembro. A homenagem foi sancionada, pelo governador Ibaneis Rocha, na forma da Lei nº 6.807, de autoria do deputado Agaciel Maia.
Para o chefe da Divisão Técnica da Fundação Hemocentro de Brasília (FHB), Alexandre Nonino, o fato de a data ser celebrada próximo a outra efeméride nacional – o Dia Nacional do Doador de Sangue, 25 de novembro – só reforça ainda mais a abrangência do tema. “É uma data comemorativa que tem o papel de chamar atenção para um tema relevante para a saúde pública, que é a doação de sangue, o que nos dá a oportunidade de reforçar a mobilização junto à comunidade em torno da importância desse ato”, pontua.
Estoques em baixa
O Hemocentro de Brasília opera com um estoque estratégico, podendo abastecer toda a rede pública do DF e hospitais conveniados por um período de dois a sete dias. O monitoramento para manter os níveis seguros é feito diariamente e está disponível no site da fundação.
De acordo com dados da unidade hospitalar, uma média de 160 pessoas passa diariamente pelo local, para doar vida e esperança a quem precisa. Na terça-feira (3), foram 169 doadores; no dia anterior, 150. São pessoas como o estudante Thiago Farias, 21 anos, que sonha em ser policial e ajudar o próximo.
“Fiquei sabendo sobre o Hemocentro quando comecei a estudar para concurso”, conta. “Me falaram que quem doa sangue, além de ajudar pessoas, conseguiria isenção [de pagamento de taxa de matrícula], e esse foi o meu intuito, mas comecei a tomar gosto pelo ato. Vi como é legal poder ajudar as pessoas; é algo gratificante saber que a gene está ajudando alguém. Muitas pessoas não têm noção de quantas vidas podem ser salvas. É um ato de amor.”
“Muitas pessoas não têm noção de quantas vidas podem ser salvas. É um ato de amor”Thiago Farias, estudante
Atualmente, o estoque de sangue O negativo na Fundação Hemocentro de Brasília (FHB) continua baixo. Chegou a ser crítico no início deste ano, quando também se encontrava em baixa a reserva de A negativo.
É preciso manter o fluxo acima da média de 160 doadores por dia para repor as provisões dos tipos sanguíneos negativos, que ainda não alcançaram níveis de segurança.
“Existem várias situações em que o paciente precisa receber sangue e seus componentes, como traumas, grandes cirurgias, tratamentos oncológicos e anemias hereditárias”, explica Alexandre Nonino. “Não há hoje substituto para o sangue, e a única forma pela qual ele pode ser obtido é por meio da doação, que é um ato altruísta e voluntário”.
“Existem várias situações em que o paciente precisa receber sangue e seus componentes, como traumas, grandes cirurgias, tratamentos oncológicos e anemias hereditárias”Alexandre Nonino, chefe da Divisão Técnica do Hemocentro
Até o próximo dia 20, permanece liberada a senha preferencial para doadores de sangue O negativo que compareçam à unidade de segunda a sexta-feira. Para os demais casos, é preciso agendar a doação de sangue pelo telefone 160, opção 2, ou pelo site de agendamento do GDF.