A implosão de Rollemberg e os destroços do DF



Por Gutemberg Fialho

Era uma tragédia anunciada. O desabamento do viaduto da Galeria dos Estados, na última terça-feira (06), revelou a precariedade de várias estruturas do Distrito Federal e as trincas de um governo em queda. Uma gestão que não se preocupa em recuperar qualquer tipo de pilar: nem de prédios, casas ou viadutos e muito menos de direitos básicos da população, como saúde, educação e segurança. Assim funciona, desde o início, a “administração” de Rodrigo Rollemberg. E não vai mudar.

Assim como várias obras da capital, incluindo alguns cartões postais, o governo de Rodrigo Rollemberg está ruindo. Ao ser eleito para governar Brasília, detentora da maior área tombada do mundo, ele parece ter entendido, dentro de suas limitações, que o melhor seria não fazer nada. E adotou, então, o que chama de “nova política”: a da irresponsabilidade, que visa, sobretudo, as privatizações. Este é o socialismo do atual governador do DF.

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Infelizmente, foi preciso que uma tragédia acontecesse para que as veias de um governo sem rumo fossem expostas a toda a população. Agora, não há mais pilares para Rollemberg sustentar sua farsa. Especialistas apontam, inclusive, o risco de desabamentos em vários outros pontos do Distrito Federal; estruturas que deveriam ter passado por manutenção e reparos há, pelo menos, cinco anos. O Teatro Nacional, um dos cartões postais da cidade, é uma delas. E esses alertas foram feitos tanto pelo TCDF quanto por outros órgãos de fiscalização e controle, como o próprio MPDFT.

Mas, o GDF tem por hábito não escutar alertas. Tampouco críticas. O SindMédico-DF é outro exemplo disso. Há anos, denunciamos o caos na saúde pública do DF. E o que foi feito pelo governador para reverter a situação? Absolutamente nada. Prova disso é que, nesta semana, no mesmo dia do desabamento na Galeria dos Estados, a imprensa local denunciou que “em dois anos e meio, 1.261 pessoas morreram esperando vagas na UTI no DF”. Os números são de um relatório interno do GDF.

E frente a todos os destroços do Distrito Federal – em todas as áreas – a inércia de Rollemberg é uma constante.  Mesmo depois de ver seu reino da fantasia escancarado Brasil afora com a notícia do desabamento no centro de Brasília, o governador não consegue responder a altura, com dignidade e, principalmente, transparência. Ele não explicou, por exemplo, por que o viaduto no Eixão não foi contemplado nas ações de manutenção. Tudo o que se sabe, até o momento, é que os R$ 4,2 milhões destinados à restauração de estruturas elevadas não foram aplicados.

RAgora, um dia antes do desastre no Eixão, outro alerta foi dado: a barragem do Lago Paranoá corre risco de desabamento. A afirmação é do presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon), Luiz Carlos Botelho. E, se isso acontecer, o espelho d’água – que é artificial – desaparece. Mas o GDF, claro, nega que exista essa possibilidade, garantiu que a estrutura foi fiscalizada no ano passado e, provavelmente, deve ignorar o aviso.

Fiquemos atentos: Rollemberg se comporta como Nero, o imperador insano. Ele assiste sua própria ruína, refém de sua incompetência, e vai até o fim no seu propósito de ser reeleito. Mesmo que, para isso, seja necessário implodir Brasília. É o desmonte do desmonte do desmonte.

Gutemberg Fialho é presidente do Sindicato dos Médicos do DF



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