Inteligência Artificial é tema de abertura do Conecta CLDF



Por Christopher Gama

Na abertura do maior evento de comunicação e inovação do Centro-Oeste, o Conecta CLDF: Comunicação 360º, a Câmara Legislativa foi palco, nesta quarta-feira (6), de uma palestra ministrada pelo doutor em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) Márcio Carneiro dos Santos, que abordou a comunicação e inovação no setor público.

A solenidade de abertura oficial foi comandada pelo vice-presidente da CLDF, deputado Ricardo Vale (PT), e contou com as presenças do secretário de Comunicação do DF, Weligton Luiz Moraes, do secretário de ciência, tecnologia e inovação do DF, Leonardo Reisman e do presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Jean Lima. Vale fez questão de destacar a importância de se debater uma comunicação pública que fortaleça a democracia e que seja instrumento de combate à desinformação e às fakenews.

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“É muito importante o debate que estamos fazendo aqui para que a comunicação seja usada para o bem. As novas ferramentas têm um grande poder de construir, mas também de destruir. Eu tenho muito orgulho de estar à frente da comunicação desta Casa. A CLDF não poderia ficar de fora dessa discussão”, pontuou o distrital.

Deputado Ricardo Vale (PT-DF) – Foto: Eurico Eduardo/ Agência CLDF

Inteligência artificial na comunicação pública

Na palestra inaugural do evento, o professor Márcio Carneiro abordou o conceito e as possibilidades de uso profissional da Inteligência Artificial. Para ele, ainda há muita desinformação acerca do tema, como, por exemplo, a ideia de que IA é uma ferramenta tecnológica recente, quando, na verdade, ela é fruto de um processo que se iniciou no pós-Segunda Guerra mundial. Para exemplificar que a aplicação da IA não é recente, o professor citou o filtro de spam embutido nos e-mails, que, por meio de algoritmos pré-determinados, reconhece padrões de mensagens com alta possibilidade de serem maliciosas.

Outro conceito incorreto é o de que a IA generativa – projetada para criar novos conteúdos em vez de apenas processar, classificar ou reconhecer padrões –, a exemplo do ChatGPT, “serve para tudo”. De acordo com Carneiro, essas ferramentas não devem ser operadas como se fossem buscadores, uma vez que “foram feitas para serem criativas”. Ou seja, ao executarmos um comando em alguma interface de inteligência artificial generativa, a ferramenta utiliza dados disponíveis no repositório on-line para “criar” sua própria versão da informação por meio do cruzamento das informações encontradas.

“Quando utilizadas em áreas nas quais a qualidade da informação é crítica, como no jornalismo, educação ou ciência, é preciso um cuidado redobrado”, aponta o pesquisador.

Ainda segundo Márcio Carneiro, o avanço da aplicabilidade das IAs generativas – como OpenAI, Copilot e Gemini – levanta questões éticas em diversas áreas, em especial na política, acadêmica, econômica e artística. Ele afirma que tem crescido o número de trabalhos acadêmicos produzidos por meio de IA, o que enseja uma avaliação mais aprofundada sobre o tema sob a ótica dos direitos autorais.

Outro ponto sensível que carece de um debate mais aprofundado é a barreira entre o uso recreativo e profissional das ferramentas. Atualmente, já é possível gerar vídeos de personalidades, inclusive políticas, emulando sua voz para que se assemelhe bastante à voz original, o que abre um leque de possibilidades dentro de uma realidade virtual. Carneiro não acredita que a solução para os efeitos nocivos dessas ferramentas esteja na regulamentação dos softwares especificamente, mas das plataformas, chamadas “Big Techs”, que são empresas de tecnologia reconhecidas pelo seu impacto global na economia, sociedade e comportamento digital, a exemplo de Google, Apple, Meta (Facebook) e Microsoft.

Para ele, é preciso que os Estados reúnam esforços para compelir esses grandes conglomerados a tomarem atitudes com relação a conteúdos falsos ou maliciosos. Além disso, o pesquisador aponta para a necessidade de um maior letramento tecnológico do usuário comum das redes, para que ele, gradualmente, aprenda a não dar engajamento a postagens e conteúdos nocivos nas redes.

Márcio falou ainda sobre o impacto das ferramentas de IA generativa nos postos de trabalho públicos e privados. Ele não acredita na substituição da mão de obra humana pelos algoritmos como um processo direto e irreversível, mas pondera que a maioria dos profissionais terá de aprender a operar as ferramentas para não se tornar obsoleto frente às novas necessidades. “O humano continua sendo necessário, só que um humano com treinamento”, avaliou.

O Conecta CLDF: comunicação 360° continua na tarde desta quarta-feira e se encerra na quinta-feira.  Você pode acompanhar a programação completa na página do evento e assistir as palestras e mesas de debate no YouTube da Casa.

Foto: Eurico Eduardo/ Agência CLDF

 

 



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