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22 nov 2024 03:00


“Já faz 5 meses que o BRB pega todo meu salario! Quase dando um tiro na cabeça!!”, afirma servidor do GDF, em ato de desespero

Declaração em rede social, mais que um pedido de socorro, pode ser um sinal de alerta, afirma psicóloga.

Relatos sobre descontos exagerados sobre os vencimentos do funcionalismo público por parte de o Banco Regional de Brasília (BRB), para o abatimento de dívidas dos trabalhadores não são novidades, mas até a poucos uma frase não teve tanto impacto quando um servidor, que não terá o nome divulgado por Política Distrital, resolveu externar o sentimento de impotência e publicar o drama em uma rede social.

Após a exposição e assumir que os descontos não deixam recursos sequer para manter as necessidades básicas, chamou atenção do Blog que aproximadamente uma centena de pessoas que responderam à postagem, quase todas em algum momento vivem ou viveram o mesmo drama.

O que para alguns pode ser uma colocação sem fundamentos, para especialistas, a exposição de um sentimento pode servir de sinal de alerta. E nesse sentido Política Distrital está fazendo uma série de reportagens, sobre o drama vivido por servidores que passam pelo mesmo problema, sem ver uma luz no fim do túnel.

O Blog entrevistou a advogada, Fernanda Borges Ferreira (12/Jan) que falou sobre o que pode ser feito sob o aspecto jurídico para tentar renegociar as dívidas junto ao BRB. Nessa edição a psicóloga e assistente social, Dalzi Neres Moreira da Fonseca, também fala sobre o assunto do ponto de vista da psicologia. Devem participar de entrevistas dessa série, o presidente da Defensoria Pública do DF (DPDF), Ricardo Batista Sousa e com representantes de entidades sindicais.

Dalzi Neres Moreira da Fonseca é psicóloga e assistente social da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), Instituto Nacional de Saúde Psíquica (Inasp). Dalzi Neres coordena projetos de tratamento à depressão e prevenção ao suicídio e tem realizado diversos eventos e trabalhado para mobilizar o poder público, a sociedade civil e do meio político em busca de iniciativas que ajudem a reduzir a incidência de suicídios no Distrito Federal.  Confira a entrevista:

POLITICA DISTRITAL (PD): Doutora, a senhora atua em uma instituição que se dedica a combater a prática do suicídio. Em 2015 tivermos diversos casos relatados no DF. O suicídio no funcionalismo público é uma realidade?

DALZI NERES (DN): Coordeno o projeto de tratamento à depressão e prevenção ao suicídio no Inasp e sim, é uma realidade, principalmente, devido assédio moral no local de trabalho.  Acompanho vários casos. Ocasionando no servidor depressão,  síndrome de pânico e etc .

PD: Em um comentário ao servidor afirmou estar “Quase dando um tiro na cabeça!!” outro trabalhador afirmou ter tentado o suicídio pelo mesmo motivo. As dívidas também estão entre as causas dos suicídios, nos casos em que a senhora acompanha?

DN: Sim a situação financeira como dívidas pode provocar no individuo um desequilíbrio emocional também. Às vezes entrando em grande sofrimento psíquico e não sabendo lidar com a situação. Tendo infelizmente o suicídio como uma alternativa para aliviar esse sofrimento.  Não vendo outras alternativas, na sua vida, para resolver a situação financeira vivenciada no presente.

PD: Uma situação como essa pode se apresentar como uma espécie de redoma para o servidor por não receber os salários por meses consecutivos? Isso afeta todo o círculo de convívio social do trabalhador? Que conselho a senhora dá para um trabalhador nessa situação?

DN: Olha sempre aconselho como prevenção ter muito cuidado com essas propostas de instituições bancárias e, se pego o paciente quando já caiu nessas armadilhas,  o oriento a procurar o gerente para uma mediação e se não tiver êxito  procurar uma  assessoria jurídica para entrar na Justiça,  em prol de não ter  seu salário  descontado mensalmente, sem ter dinheiro para cobrir suas despesas até de sobrevivência como alimentação e moradia .

PD: E do ponto de vista terapêutico?

DN: Do ponto de vista terapêutico aconselho uma psicoterapia individual para ele, junto com a terapeuta, encontrar uma saída saudável para a atual situação financeira que se encontra. E também tendo um preparo emocional e mais equilibrado para situações financeiras que podem surgir em sua vida  e adequado com  seu padrão de vida e com sua realidade  social e financeira .

PD: Por ser o BRB uma empresa estatal, o governo também não perde com seus servidores endividados, por causa do estresse e por aumentar o índice de absenteísmo?

DN:  Sim com certeza além de atestados por doenças psicossomáticas como à gastrite, fibromialgia e etc., e emocional como a depressão, fadiga e ansiedade e síndrome de pânico também.

PD: Que interpretação a senhora dá à frase do servidor na rede social? E qual a gravidade dela?

DN: Temos que levar a sério essa verbalização do indivíduo, pois geralmente antes de suicidarem as pessoas verbalizam algumas preocupações, angústias e sofrimento. Infelizmente na nossa cultura não valorizam na maioria dos casos de verbalizações das pessoas. Se fixaram naquele velho ditado cão que late não morde. Infelizmente .

PD: Qual a sua mensagem ao servidor, autor da mensagem e aos demais que não enxergam uma luz no fim do túnel?

DN: Procure um psicólogo urgente para lhe ajudar sair desse sofrimento psíquico que tanto o incomoda, levando-o até pensar em suicídio e verbalizações de suicídio e tenho certeza que esse profissional dará acolhimento e orientações necessárias em cada caso, pois cada caso é um caso. E o trabalho multidisciplinar do psicólogo e médico nesses casos é  de suma importância também amigo .

PD: Doutora, se o servidor não tem recursos para as necessidades básicas, em geral muitos servidores não tem sequer um plano de saúde. Como conseguirá atendimento com um psicólogo?

DN: Sim pego muitos casos que não tem. Em geral encaminho para minha rede de apoio que tem atendimento social onde o custo é mais barato. Ou para a rede pública que a demora na área de saúde mental e um pouco extensa. Psiquiatria não tem atendimento social não só na área psicológica.

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