Por Humberto Leite
Pacientes em tratamentos complexos, como a quimioterapia em combate ao câncer, contam com um serviço da Secretaria de Saúde (SES-DF) para garantir o uso dos medicamentos de maneira precisa. Somente em agosto, mais de 700 pessoas foram beneficiadas pelo monitoramento terapêutico realizado pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF). Na prática, o trabalho significa personalizar as doses utilizadas nos tratamentos, reduzindo os efeitos colaterais e, assim, os riscos para a saúde dos pacientes.
Os maiores beneficiados são as crianças, em que pequenas variações da dosagem já podem fazer a diferença. “A dose de tratamento é muito próxima da dose tóxica. Por isso, temos que monitorar de perto e bem rápido”, explica o gerente de medicamentos e toxicologia do Lacen-DF, Rodrigo Filgueiras. A partir de amostras de sangue, a equipe da SES-DF verifica a concentração do fármaco no paciente e assessora a equipe de tratamento. O objetivo é não haver uma concentração alta demais, que vá causar danos ao fígado, mucosas ou rins, nem tão baixa que impeça a efetividade do tratamento.
De acordo com a diretora técnica e pediatra do Hospital da Criança de Brasília (HCB), Isis Magalhães, pacientes em tratamento de leucemia, por exemplo, recebem a medicação conforme um protocolo pré-estabelecido, de acordo com o porte físico da criança. “O metabolismo, contudo, é diferente em cada paciente e pode ter toxicidade do quimioterápico no organismo, não pela dose, mas pela farmacodinâmica do medicamento”, explica. Por isso, o procedimento de coleta de sangue para avaliação foi padronizado. “Dependendo da dosagem, rapidamente nós temos que usar algumas medicações para retirar o efeito e a toxicidade”, completa.
Em apoio ao HCB, a equipe do Lacen-DF faz a entrega das análises em até duas horas a partir do recebimento das amostras. “Como é crítico, temos que dar uma resposta rápida ao paciente”, conta a servidora do Núcleo de Toxicologia, Manoela Uema. Para isso, são utilizados três equipamentos, operados pelos cinco farmacêuticos da equipe.
Além de pacientes da oncologia, o Núcleo de Toxicologia também faz o monitoramento terapêutico daqueles que recebem medicações psiquiátricas, imunossupressoras e anticonvulsivantes. Foto: Humberto Leite/Agência Saúde-DF
Além de pacientes da oncologia, o Núcleo de Toxicologia do Lacen-DF também faz o monitoramento terapêutico de pacientes que recebem medicações psiquiátricas, imunossupressoras e anticonvulsivantes, bem como fazer análise. Somente em agosto de 2023, foram 1.159 amostras analisadas. A novidade do ano é o início da análise da Vancomicina, antibiótico utilizado para casos de infecções graves.
O serviço está disponível para todos os hospitais da rede pública, incluindo as unidades do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF), o HCB e o Hospital Universitário de Brasília (HUB). “O Lacen trabalha no acompanhamento daqueles pacientes que realmente necessitam de cuidados especiais. A equipe se sente realizada neste contexto da garantia do melhor tratamento”, afirma a diretora da unidade, Grasiela Araújo.
Centro de referência
O Lacen-DF é a unidade de referência da SES-DF para análises de material biológico na identificação de doenças, além de avaliar alimentos, bebidas, medicamentos e outros produtos utilizados na área de saúde.
Os 240 servidores trabalham em parceria aos serviços de vigilância epidemiológica, ambiental e sanitária, tendo se destacado durante a pandemia de covid-19 pela capacidade de processamento de exames e de sequenciamento genético para a confirmação das variantes.