Por Kelly Almeida, Colaborou Rafaela Lima
Quem passar pelo Eixo Monumental, em frente ao Palácio do Buriti, vai notar que há uma frota de caminhões abarrotando o estacionamento, em geral, usado pelos servidores do GDF.
Desde a manhã desta quinta (6), perto de 150 caminhoneiros que integram a Coopercam saíram da Cidade do Automóvel, onde ficam baseados, tomaram as pistas do Eixo e estacionaram ao lado da sede do governo local. Um jeito nada discreto de fazer pressão contra o GDF.
Mas o que essa turma quer do governador Rodrigo Rollemberg (PSB)?
Confira o que sabemos até agora:
– Entre os motivos do protesto, os caminhoneiros exigem receber do GDF uma fatura de 15 milhões de reais referente a serviços prestados entre novembro e dezembro do ano passado.
– Mas eles têm muito mais a cobrar. Estão inconformados porque perderam o contrato de prestação de serviço com o GDF. Nos últimos 72 meses, a Coopercam era dona desse mercado milionário, que atuava no apoio à limpeza e manutenção nas Regiões Administrativas.
– Em junho, no entanto, saiu o resultado da licitação referente ao Pregão Eletrônico 148/2014. As empresas LN Distribuidora e Comércio Ltda e WLSP Logística e Construção venceram a concorrência dividida em cinco lotes. Ambas têm sede na Bahia. O valor do contrato é de 60,3 milhões de reais, 25% menor do que o estimado no edital da licitação.
– Tirando a aparente economia no serviço, todo o resto da história é suspeito. As duas empresas pertencem à mesma família. O dono da LN, Lázaro Nunes, é casado com Caroline Cruz. Ela é filha de Antônio José da Cruz, companheiro de Gilvana Lima, representante legal da WLSP. Importante: Antônio José é ex-vereador de Salvador, pelo PSB.
– Além do vínculo entre os proprietários da LN e da WLSP, Caroline é sócia da Podium Distribuidora, que também participou da licitação em Brasília, mas não levou. As duas últimas empresas, inclusive, são vizinhas na capital baiana.
– Em meio a tantas conexões perigosas, surge mais um fato curioso. A LN nomeou José Henrique Oliveira de Souza em primeiro de junho seu representante legal em Brasília. Henrique foi candidato a deputado distrital pelo PSB, partido do ex-vereador Antônio José e do governador Rodrigo Rollemberg.
– Já nos primeiros dias de vigência do contrato, uma das empresas demonstrou falta de capacidade técnica para cumprir o prometido. No dia 29 de julho, o governo contabilizou em um ofício pendência de 73 caminhões de um lote de 189.
– Há duas semanas, Rodrigo Rollemberg foi procurado por Valdelino Barcelos, presidente do Sindicato dos Caminhoneiros e da Coopercam. Valdelino contratou um serviço que descobriu toda a conexão entre as empresas. De posse das informações, passou a exigir a revisão da licitação, sob pena de denunciar a história. Quem intermediou os primeiros contatos de Valdelino com representantes do GDF foi o deputado Julio Cesar Ribeiro (PRB).
– Diante do protesto dos caminhoneiros, o presidente do PSB no DF e secretário de Articulação do DF, Marcos Dantas, recebeu uma comitiva de manifestantes. Na próxima terça-feira (11), a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PDT), receberá os caminhoneiros para tratar do assunto.
– Ao que tudo indica, o veto ao projeto que proíbe o funcionamento do Uber em Brasília será a menor das dores de cabeça de Rollemberg nos próximos dias.
Fonte: Kelly Almeida