Luís Roberto Barroso e Nina Santos destacam Democracia e Inteligência Artificial no Brazil Forum UK

Pesquisadores lideram debate sobre o impacto da IA na sociedade brasileira em Oxford



Na nona edição do Brazil Forum UK, realizada na University of Oxford, pesquisadores e autoridades brasileiras se reuniram para discutir temas relevantes, incluindo a transição ecológica, o multilateralismo e a ética na inteligência artificial (IA). As palestras de Luís Roberto Barroso, presidente do STF, e de Nina Santos, pesquisadora baiana e diretora do Aláfia Lab, se destacaram por problematizar a apontar perspectivas para a integração entre democracia e tecnologia a partir de dados inéditos.

Ambos participaram do painel “Democracia – Inteligência Artificial e o Impacto na Vida dos Brasileiros” ao lado do pesquisador Tarcízio Silva, do CEO do Instituto de Pesquisa IDEA, Maurício Moura, e da representante do Google, Juliana Moura Bueno Santos.

Santos destacou que a discussão de IA deve ser vista como um aprofundamento dos debates atuais sobre redes sociais e regulação de plataformas digitais. Além disso, o painel contou com a apresentação de dados inéditos de uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Ideia que mostra que apesar de 80% dos entrevistados dizerem conhecer o que é IA, apenas 34% confia na sua capacidade de identificar notícias falsas geradas com essa tecnologia.

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Nina destaca que, quando questionadas sobre os efeitos da Inteligência Artificial (IA), as notícias surgem como a área mais impactada. Ela afirma: “A IA vai mudar ainda mais a maneira como nós nos informamos e, portanto, também as formas de criação e circulação de desinformação”. Entre as faixas de renda mais baixa, o conhecimento e a utilização da IA são menores, sendo as redes sociais e os mecanismos de busca os recursos mais utilizados.

“Essa constatação reforça a importância de abordar conjuntamente os temas relacionados à IA e ao combate às desigualdades estruturais do nosso país. Não é à toa que homens tendem a ser mais otimistas em relação ao potencial de IA do que mulheres. Precisamos evitar que essa tecnologia aprofunde desigualdades e construir parâmetros e formas de usá-las para construir uma sociedade mais justa”, concluiu a pesquisadora.

A pesquisa também revelou que 70% dos brasileiros se sentem confortáveis com o uso da IA, mas 73% acreditam que é necessário criar regras para seu uso. Os principais riscos apontados incluem golpes (56%) e falta de privacidade (43%). No geral, 52% dos entrevistados acreditam que a IA traz mais riscos do que benefícios para a sociedade.

A pesquisa de opinião foi realizada em 17 de maio de 2024 com uma amostra, composta por 1.073 entrevistas e abrangência nacional.

No painel, Luiz Roberto Barroso fez comentários significativos sobre os riscos e benefícios da inteligência artificial, destacando seu impacto na democracia.

“A inteligência artificial consiste basicamente em programas e softwares que transferem para os computadores capacidades humanas”, explicou Barroso. Ele destacou que essas capacidades incluem natureza cognitiva e tomada de decisões. Barroso sublinhou que “a inteligência artificial opera com dados, instruções e objetivos fornecidos por pessoas humanas. Não tem discernimento, não tem ideia do que é certo e errado, do que é bem ou mal, não tem senso comum”, disse.

Barroso também apontou riscos significativos, especialmente em relação à desinformação e à democracia. “Há o risco da massificação da desinformação, especialmente o uso das fake news e do deepfake. O dia em que não pudermos acreditar no que vemos e ouvimos, a liberdade de expressão estará em risco”, alertou.

Além disso, Barroso mencionou questões legais em torno da inteligência artificial generativa, citando o caso do New York Times contra a OpenAI e a Microsoft. “Há uma ação movida pelo New York Times contra a OpenAI e a Microsoft pela utilização de material protegido por direitos autorais para alimentar a inteligência artificial do chat GPT. Se uma decisão judicial limitar isso, as implicações serão significativas”, concluiu.

No encerramento do painel, o pesquisador Tarcízio Silva destacou a importância de repensar a tecnologia sob uma perspectiva feminista, reconhecendo as contribuições históricas das mulheres na inovação. Ele enfatizou a necessidade de uma abordagem mais inclusiva e igualitária na área da tecnologia, incentivando uma reflexão sobre o papel das mulheres no desenvolvimento tecnológico.

As palestras disponíveis no canal do evento no YouTube do Brazil Forum UK estimulam reflexões sobre como o Brasil pode liderar nesse cenário, considerando nossa diversidade cultural e os desafios específicos que enfrentamos.



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