29.5 C
Brasília
01 abr 2025 16:36

Lula: “Quem tem de vender as coisas do Brasil é o Brasil”

Em coletiva no Vietnã antes do retorno ao país, presidente ressalta que sucesso da viagem à Ásia reforça importância de parcerias, do livre-comércio e do multilateralismo e enfatiza que o Brasil deve seguir mostrando ao mundo suas qualidades

“Nós vamos continuar andando o mundo porque temos o que oferecer. Quem tem que vender as coisas do Brasil é o Brasil. É o Brasil que tem que mostrar suas qualidades e as coisas que acha que o mundo tem que comprar”. A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste sábado (29), durante entrevista coletiva de imprensa antes de decolar de Hanói com destino ao Brasil, resume a perspectiva do Governo Federal em torno das escalas realizadas no Japão e no Vietnã em visitas de Estado nesta semana: um país ciente de suas qualidades, que aposta no livre-comércio e no multilateralismo e respeita a necessidade de acordos concretos e consistentes com os parceiros internacionais.

Estamos mostrando que não há nada melhor para um país como o Brasil do que apostar no multilateralismo. Somos favoráveis ao livre-comércio, não queremos protecionismo”

Luiz Inácio Lula da Silva
presidente da República

Resultados como a venda de 15 jatos da Embraer à All Nippon Airways (ANA) e a abertura do mercado do Vietnã à carne produzida no Brasil são apontados pelo presidente como indicadores deste conceito, assim como o reforço à indústria nacional, à cultura, ao papel de protagonismo do país na transição energética e à sinalização de um país conectado com as principais discussões geopolíticas. Nas conversas com chefes de Estado e autoridades dos países com quem trata, Lula afirmou que tem aproveitado para “vender” os eventos estratégicos que o Brasil vai sediar em 2025, como a Cúpula do BRICS e a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30).

“Estamos mostrando que não há nada melhor para um país como o Brasil do que apostar no multilateralismo. Somos favoráveis ao livre-comércio, não queremos protecionismo. Fazer a COP no coração da Amazônia é chamar o mundo à razão sobre o significado da Amazônia. Todo mundo dá palpite sobre a Amazônia, mas pouca gente conhece, e a gente quer mostrar ela do jeito que é. E eu não tenho dúvida que vamos fazer a melhor edição do BRICS já feita”, frisou o presidente.

Confira abaixo algumas das principais respostas do presidente na coletiva:

Multilateralismo e livre-comércio

Eu faço questão de dizer em todo lugar que vou que o país não é melhor do que ninguém, mas não é pior do que ninguém. E faço questão de mostrar esse Brasil novo, que não tem ódio, não é negacionista, tem respeito aos parceiros de todos os países e de que estamos mostrando que não há nada melhor para um país como o Brasil do que apostar no multilateralismo. Somos favoráveis ao livre-comércio, não queremos protecionismo. A gente quer vender as coisas boas que o país produz em qualquer país do mundo. O Brasil não está isolado no planeta Terra, a gente está ligado por terra e por mar e pelo ar, todo mundo respira o mesmo ar, todo mundo utiliza o mesmo mar, e todo mundo tem menos terra do que água, então achamos que uma boa parceria entre os países é muito importante.

Fazer uma COP no coração da Amazônia é chamar o mundo à razão sobre o significado da Amazônia. Todo mundo fala da Amazônia, mas pouca gente conhece, e a gente quer mostrar ela do jeito que é, para as pessoas compreenderem que para manter a floresta em pé é preciso financiamento dos países ricos”

COP30

Eu digo sempre para as pessoas: não fiquem olhando a nossa COP como se a gente estivesse em Paris, Nova Iorque ou Londres. Olhem como se a gente estivesse na cidade de Belém, no Pará, com todos os problemas que temos. Fazer uma COP no coração da Amazônia é chamar o mundo à razão sobre o significado da Amazônia. Todo mundo fala da Amazônia, mas pouca gente conhece, e a gente quer mostrar ela do jeito que é, para as pessoas compreenderem que para manter a floresta em pé é preciso que haja financiamento dos países ricos que já depredaram e degradaram o mundo.

Compromisso

Já mandei carta a muitos países convidando para a COP30. Quero que participem as pessoas mais importantes, porque muitas vezes os países ricos não estão levando a sério a questão climática. O protocolo de Kyoto nunca foi cumprido. O Acordo de Paris muitos estão negando. No caso do Brasil, vamos levar a sério. É por isso que não dependemos de ninguém para assumir o compromisso de que até 2030 a gente vai ter desmatamento zero. É por isso que a gente está assumindo o compromisso de que, embora a gente tenha uma empresa como a Petrobras, estamos apostando na transição energética, porque achamos que, quanto mais a gente tiver produção de energia limpa, mais chance a gente tem de ir diminuindo o uso de combustível fóssil.

Vietnã – Mercosul

É importante a gente entender que podemos ser uma porta de entrada para o Vietnã na América Latina e na América do Sul. Para nós, é importante tentar levar o Vietnã para o acordo com o Mercosul. É importante que o Vietnã seja uma porta de entrada para o Brasil na ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático). Só isso já valia a pena eu ter feito a visita. E também porque temos concordância com o Vietnã no multilateralismo e na necessidade de melhorar a governança das Nações Unidas. Nós concordamos que a Nações Unidas, hoje, não representa mais aquilo que ela representou em 1945, depois da Segunda Guerra Mundial.

Carme, aviações e comércio

O Japão e o Vietnã são mercados importantes para a carne brasileira. A carne brasileira melhorou na quantidade e melhorou na qualidade. Portanto, hoje, a gente não deve para ninguém qualidade. Mas não é apenas isso, nós queremos vender tudo aquilo que for inteligência que o Brasil possa oferecer. Estamos discutindo a necessidade de fazer com que a Embraer possa vender aviões aqui. Alguns não, uma perspectiva de 50 aviões. O Vietnã pode ser um ponto de partida para que aviões da Embraer de 150 passageiros possam ter acesso ao mercado extremamente importante do ponto de vista político e do ponto de vista econômico (da ASEAN). Nós queremos que as empresas brasileiras voltem a construir o mundo. O Brasil tem que competir. E, se depender de mim, as empresas brasileiras voltam a construir pontes, estradas, rodovias, ferrovias, hidrelétricas mundo afora.

Japão

O Brasil tem uma relação desde 1908 com o Japão, são 130 anos de relação diplomática. Já tivemos 17 bilhões de fluxo de comércio exterior. Por que caiu para 11? Nós temos que descobrir o porquê. Então esse é o papel do Presidente da República: além de cuidar dos interesses internos do Brasil, cuidar dos interesses internos cuidando dos interesses externos, porque os interesses externos podem facilitar a entrada de dólares para o Brasil, para indústria brasileira, a agricultura brasileira.

Tarifas norte-americanas

O Brasil vai tentar negociar ao máximo. Todas as palavras que estão no nosso dicionário de negociação nós iremos utilizar. Mas nós não teremos nenhuma preocupação de recorrer à OMC (Organização Mundial do Comércio), que é o lugar onde todos os problemas comerciais deveriam ser resolvidos. Se não for resolvido, temos o direito de impor reciprocidade aos Estados Unidos. É simples assim. Não tem nenhuma dificuldade.

 

Ibaneis realiza encontro com jornalistas e blogueiros do DF nesta terça (1º)

Por Kleber Karpov O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB),...

Celina Leão lidera pesquisa para corrida ao Buriti para 2026

Por Kleber Karpov Em ano pré-eleitoral, a vice-governadora do Distrito...

Dia do autismo: desafios da inclusão escolar e da alfabetização

Por Luciana Brites O dia 2 de abril é internacionalmente...

Juiz suspende norma que autoriza farmacêuticos a prescreverem remédios

Por André Richter A Justiça Federal em Brasília decidiu nesta...

Destaques

Projeto apoiado pelo GDF cria escola de formação de bailarinos e primeiro corpo de baile do DF

Por Catarina Loiola Arte que exige leveza, precisão e, acima de...

Ibaneis realiza encontro com jornalistas e blogueiros do DF nesta terça (1º)

Por Kleber Karpov O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB),...

Líder de partido de extrema direita na França, Marine Le Pen fica inelegível por cinco anos

Por Kleber Karpov Líder da ultradireita, a francesa Marion Anne...

Celina Leão lidera pesquisa para corrida ao Buriti para 2026

Por Kleber Karpov Em ano pré-eleitoral, a vice-governadora do Distrito...