Por Ana Paula Siqueira
Apoiar as mães na criação dos filhos é um dever do Estado levado a sério pelo Governo do Distrito Federal (GDF). Elas são as principais cuidadoras de crianças entre 0 e 6 anos, em 71,6% dos domicílios do DF, de acordo com levantamento do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IpeDF). Neste dia mais do que especial, a Agência Brasília conta a história de mães que superam os desafios que a maternidade impõe dia após dia e contam com o apoio institucional para criar seus filhos.
Cada dia é uma vitória a ser comemorada pela biomédica Fernanda Alves Aguiar, de 30 anos. O pequeno Teodoro, de apenas 22 dias, nasceu prematuro, com 24 semanas e está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMib). Seu quadro inspira cuidados e, apesar de Fernanda ter leite para amamentá-lo, os médicos decidiram não arriscar por conta de um problema de saúde que ela teve após o parto. É aí que entra o apoio do Banco de Leite Humano do HMib.
Todos os dias, Fernanda coleta o leite que é recebido e pasteurizado na própria unidade do Banco de Leite no HMib. O processo garante a eliminação de qualquer patógeno – ou seja, microrganismos que possam provocar infecção no pequeno Teodoro e em todos os bebês atendidos.
“Não solicitei nada e todos vieram e me acolheram em um momento em que a gente fica muito vulnerável, porque a situação do Teodoro ainda é muito delicada. Isso ajuda muito a lidar porque tudo acontece ao mesmo tempo”
Fernanda Alves Aguiar
biomédica mãe de Teodoro
Porém, muito além de garantir a nutrição dos recém nascidos, há toda uma estrutura para acolher as mães nessas situações tão delicadas. Fernanda conta que, mesmo sem ter solicitado atendimento para ela, foi procurada e recebe acompanhamento de uma assistente social e de uma psicóloga dentro do HMib, pelo menos, uma vez por semana.
“Não solicitei nada e todos vieram e me acolheram em um momento em que a gente fica muito vulnerável, porque a situação do Teodoro ainda é muito delicada. Isso ajuda muito a lidar porque tudo acontece ao mesmo tempo”, conta a mãe. Ela também recebe o suporte de toda a equipe para segurar o filho no colo, no chamado canguru. O método incentiva o contato pele a pele da mãe com o bebê como forma de estimular o desenvolvimento da criança, que pode sentir o cheiro e receber o calor dos pais.
A nutricionista chefe do Banco de Leite, Raquel Bastos, explica que o trabalho desenvolvido garante a alimentação completa e segura dos prematuros e dos recém-nascidos que, por motivos de saúde, precisam ficar internados.
“A pasteurização do leite garante que o alimento esteja disponível, saudável e completamente inócuo ao mesmo tempo em que preserva os nutrientes e os fatores de defesa desse leite”, explica a nutricionista. Segundo ela, o DF é a única unidade da Federação autossuficiente em leite humano, e esse trabalho tem a colaboração do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal para fazer a coleta do leite doado onde quer que as mães estejam.
Mesmo depois de receber alta, o apoio do Hmib continua com a marcação do retorno de mães e filhos para auxiliar no processo de amamentação, de modo a garantir o cuidado integral do núcleo familiar.
Não são apenas as mães com os filhos internados que encontram apoio no local. Qualquer dificuldade enfrentada para amamentar pode ser solucionada com o apoio das profissionais do Banco de Leite.
Para se ter uma ideia, a Rede de Bancos de Leite Humano do DF recebeu, em 2023, mais de 22 mil litros de leite materno, beneficiando mais de 15 mil bebês internados em hospitais. No primeiro trimestre de 2024, foram quase 6,5 mil litros e mais de 5 mil bebês atendidos.
Para as mães que quiserem ajudar outras mães e bebês com a doações de leite, podem acessar todas as orientações no site do Banco de Leite Humano neste link.
Cuidado integral
Poder contar com creche para Gael, de dois anos, faz muita diferença na vida da dona de casa Joyce Pimenta, de 28 anos. Moradora de Planaltina, ela teve de deixar o curso de Gestão de RH pela metade por não ter condições de arcar com o valor. Mas, poder contar com creche em período integral para deixar seu filho faz toda a diferença.
“É muito bom porque muitas vezes consigo ajudar minha irmã no trailer de lanches que ela tem em frente à nossa casa e também quero voltar aos estudos”, planeja. Gael fica das 7h30 às 17h30 no Hotelzinho São Vicente de Paula, creche conveniada com a Secretaria de Educação, que atende crianças de 2 a 5 anos. Lá, ele recebe cinco refeições por dia, kit higiene e vai para casa de banho tomado. “É maravilhoso, porque me sinto muito acolhida na escola, onde todos são muito cuidadosos e presentes”, resume.
“Nós recebemos [o governo] com 24 mil crianças na fila. Hoje nós temos menos de seis mil e esperamos zerar esse déficit até o final do governo”
Governador
Ibaneis Rocha
Joyce, que também é mãe de Cauã, de 10 anos, estudante da rede pública de ensino, ainda conta com auxílio do Cartão Gás e já foi beneficiária do programa Prato Cheio por nove meses. “Isso ajuda muito porque ao invés de ter que comprar o gás, compro comida”, admite a mãe.
Atualmente, o Distrito Federal tem mais de 16 mil crianças nos Centros de Educação Infantil, outras 5,8 mil nos Jardins de Infância e mais de 10 mil nos Centros de Educação de Primeira Infância (Cepis) e segue trabalhando para ampliar ainda mais esse número até contemplar todas as crianças. Até o final do ano, mais 2,7 vagas serão geradas com a expansão dos Cepis.
“Nós recebemos [o governo] com 24 mil crianças na fila. Hoje nós temos menos de seis mil e esperamos zerar esse déficit até o final do governo”, afirmou o governador Ibaneis Rocha durante a inauguração do Cepi de Santa Maria há um mês. “Com isso, a gente dá dignidade às mulheres, que têm um local para colocar as crianças e podem trabalhar para ajudar na renda familiar”, ressaltou o governador na ocasião.
Juliana Gomes, moradora da Asa Sul, acredita que a escola infantil funciona como uma rede de apoio para as mulheres. Mãe do pequeno Caetano Calado, de 5 anos, que estuda no Jardim de Infância da 108 Sul, destaca o cuidado que o filho recebe na instituição pública. “A escola é a rede apoio que temos sem ser um membro da família. É o único lugar que deixo meu filho sem culpa nenhuma e com segurança, pois sei que aqui ele é estimulado”, relata.
Caetano é diagnosticado como nível leve dentro do Transtorno do Espectro do Autista (TEA) e tem na escola o acompanhamento do educador social na sala de aula, além de estudar em uma turma reduzida. “A rede me ajudou muito, em especial, o Programa de Educação Precoce, que me deu todas as orientações e suporte quando recebi o diagnóstico dele”, completa.
Qualificação por uma vida melhor
A autônoma Elma das Neves Branco Veras, de 45 anos, é mãe de três filhos que têm entre 16 e 12 anos. Atualmente, ela é aluna do programa RenovaDF no curso de auxiliar de manutenção, onde aprende noções básicas da construção civil. Assim como Fernanda, Joyce e Juliana, ela também tem o apoio do GDF na criação de sua família.