Por Kleber Karpov
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) voltou a autorizar, na quarta-feira (11/Nov), a retomada do estudo clínico da vacina Sinovac, conhecida por Coronavac. A iniciativa ocorre após reação política e do judiciário, diante da repercussão da postura do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que acabou por dar conotação política à iniciativa da Agência. E ainda com o questionamento do diretor-geral do Instituto Butantan, Dimas Covas, por confirmar a falta de nexo causal do óbito de voluntário do teste Covid-19, com eventual adversidade ao teste com vacina.
A direção da ANVISA alegou ter recebido, do Instituto Butantan, novas informações sobre o “evento adverso grave”, causa apontada pela agência para justificar a suspensão na última segunda-feira (9), da continuidade dos testes com a vacina.
“Após avaliar os novos dados apresentados pelo patrocinador depois da suspensão do estudo, a Anvisa entende que tem subsídios suficientes para permitir a retomada da vacinação e segue acompanhando a investigação do desfecho do caso para que seja definida a possível relação de causalidade entre o EAG inesperado e a vacina”, informou a agência por meio de nota.
Os gestores da ANVISA voltaram a defender a medida adotada, em nome do “princípio da precaução”, por levar em consideração os dados que eram de conhecimento da agência, até aquela data, e que foram encaminhados ao órgão pelo Instituto Butantan.
Ação política
A reação de Bolsonaro, ao evocar um suposta ‘vitória’, ao referenciar, no dia seguinte ao anúncio da suspensão dos testes pela ANVISA, acabou por ser considerada como uma ação política.
Sobretudo porque a ação da agência ocorreu no mesmo dia em que o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), anunciou o recebimento de 120 mil doses da Coronavac, de um lote de 6 milhões de doses, para dar início, ainda em novembro, da vacinação no estado. Além de Dória dar início as obras, no Instituto Butantan, do laboratório que vai produzir a vacina no país.
Reações
A fala de Bolsonaro, causou a reação de políticos e do judiciário. Dentre essas, a do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que determinou à Anvisa, a prestação de esclarecimentos, em prazo de 48 horas, sobre os estudos e o estágio de aprovação das vacinas contra a covid-19 no país.
Parlamentares da Comissão Mista do Congresso Nacional, que acompanha as medidas relacionadas ao novo coronavírus também aprovaram requerimento de convite para ouvir os representantes da Anvisa e do Butantan.