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25 nov 2024 00:14


Médicos da Atenção Primária denunciam recebimentos de pacientes em estado grave e pedem socorro

Profissionais apontam reflexos de mudanças promovidas por Secretário de Saúde em fevereiro de 2015

Por Kleber Karpov

Servidores e Médicos de Centros de Saúde (CS) e Unidades Básicas de Saúde (UBS) conversaram com Política Distrital (PD) criticaram o encaminhamentos de pacientes em estados graves, com indicação de internação, que deveriam ser atendidos em Prontos Socorros (PS) dos hospitais. Esse é um caso de um servidor de uma UBS de Planaltina que, sob sigilo de identidade, denunciou ao PD, casos recentes provenientes do Hospital Regional de Planaltina (HRPl).

“Sou servidor da Unidade Básica se Saúde de Planaltina. Todos os dias pacientes, de forma absurda são encaminhados do Pronto Socorro para o Posto de Saúde; quando na verdade deveria ser ao contrário. Pacientes com indicação de internação são enviados para cá. Por favor nos ajude.”, pediu.

De acordo com o servidor, um dos pacientes procurou a emergência do HRPl, com “sangramento vivo nas fezes, dor abdominal e palidez”, porém, em vez se receber atendimento, foi encaminhado para a UBS de Planaltina. “Difícil. Quando morre vão dizer que os postos estavam devidamente equipados”, lamentou.

Denúncias da mesma natureza também ocorrem no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) em que médicos afirmam que o PS da unidade passou a receber apenas pacientes com classificação de risco vermelha, com risco de morte. “No PS, a clínica médica tem ficado restrita a vermelho, praticamente em todos os plantões. E vermelho é risco de morte, com pacientes saturando baixo [comprometimento da respiração em decorrência de baixo nível de oxigênio no sangue], entubados e casos críticos.”, disse, outro médico, também sob sigilo de identidade, para explicar o encaminhamento de pacientes em estado grave para unidades de saúde da Atenção Primária.

Vilãs

Segundo o servidor de Planaltina, o problema das mudanças implantadas com as publicações das portarias nos. 77 e 78, por parte do secretário de Estado de Saúde do DF (SES-DF), Humberto Lucena Pereira da Fonseca. Isso, com a implantação da política de Atenção Primária à Saúde (APS) do DF, ao modelo da Estratégia de Saúde da Família (15/Fev). Com isso, entre outras alterações, estabeleceu as unidades de APS passariam a ser a porta de entrada dos pacientes na Saúde Pública do DF.

No entanto, para o servidor, as implantações das portarias, “instalou o caos total” no atendimento, tanto no recebimento de pacientes com casos graves, quanto pela falta de estrutura nas unidades de APS.

Questionado sobre a estrutura disponível, por exemplo, para fazer um procedimento de ressuscitação de um paciente com Parada Cardiorrespiratória, o servidor respondeu que “segundo informações da gerência o carrinho de parada daqui está montado. Não tenho certeza, mesmo porque fica fechado. Laringoscópio para uma possível intubação orotraquel de um paciente tenho certeza que não tem.”, disse.

Falta de Gestão

Para o presidente do Sindicato dos Médicos do DF (SINDMÉDICO-DF), Gutemberg Fialho, o problema vai além. De acordo com o Sindicalista, mesmo sem dispor de recursos humanos e oferecer estrutura adequada, Humberto Fonseca ‘empurrou goela abaixo’ a reformulação no sistema de atendimento da Saúde do DF.

“Como denunciamos ano passado, o que tivemos foi uma reestruturação de forma irresponsável onde se tirou médicos especialista dos hospitais para atuar na Atenção Primária, o que piorou o caos na saúde do DF, principalmente, nas urgências e emergências onde aumentou substancialmente o índice de mortes evitáveis nos hospitais. Hoje o sistema funciona pelas metades e o que a população do DF assiste é isso, os profissionais, em menor número, estão sobrecarregados nos Prontos Socorros e não consegue atender a demanda de pacientes, em que muitos hospitais se limitam a atender as classificações de risco vermelha, e as Atenção Primária recebem casos graves, sem estrutura adequada para oferecer atendimento de qualidade à população.”, disse ao reafirmar o ‘quase refrão’ por parte do sindicalista. “Isso é reflexo de uma completa falta de capacidade de gestão na Saúde do DF, por parte desse governo que aí está.”, disparou Fialho.

O que diz a SES

Por meio de nota a Secretaria se pronunciou, pontualmente, sobre as superintendências das regiões de Saúde Norte e Sudoeste, ao se referir aos hospitais de Planaltina e Taguatinga, respectivamente.

Sobre a região Norte, embora a pasta tenha ignorado a existência de classificação de risco amarela a SES-DF afirmou que, pacientes classificados laranja e vermelho são atendidos no HRLP. Enquanto aqueles com as cores verde e azul são encaminhados para as UBS, onde é possível “estabelecer um vínculo entre a comunidade e as equipes de saúde da família, que passam a acompanhar o paciente.”.

Em relação à Região Sudoeste, a pasta refutou a versão de encaminhamento de pacientes em estados graves para o HRT. “A Superintendência da Região de Saúde Sudoeste afirma que a denúncia não procede. A região conta com 32 Unidades Básicas de Saúde (UBS), duas UPAS (Samambaia e Recanto das Emas) e dois hospitais (Taguatinga e Samambaia). Na Atenção Primária (UBS) são atendidos casos com classificação verde e azul. As UPAs atendem amarelos e laranjas e os dois hospitais atendem pacientes graves, com classificação vermelha ou laranja.”.

Atualização: 4/4/18 às 15h40

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