Médicos psiquiatras querem ser ouvidos pela Secretaria de Saúde do DF



Na segunda-feira, 27, médicos psiquiatras do Hospital São Vicente de Paulo, Hospital de Base, Hospital Regional da Asa Norte, Hospital Materno-Infantil de Brasília, Hospital Regional de Ceilândia, do Instituto de Saúde Mental, e dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do Paranoá, Taguatinga, Guará e Riacho Fundo se reuniram no Sindicato dos Médicos do DF com o presidente Gutemberg Fialho, o vice Carlos Fernando e a coordenadora da Psiquiatria da Secretaria de Saúde do DF, Ana Luiza. A principal queixa foi a falta de condições de trabalho e de atendimento aos pacientes psiquiátricos.

Segundo eles, não há fluxo – um encaminhamento padrão a ser seguido. A atenção primária recebe, diagnostica e passa para a atenção secundária que são os CAPS. Já os hospitais são para emergência e internação. Mas, de acordo com os psiquiatras, equipes de não médicos estão encaminhando, ‘dando alta’ dos CAPS e mandando para o ambulatório, onde esse paciente não recebe atendimento. Em Taguatinga, já seis pacientes nessas condições tentaram suicídio – todos registrados.

Assim, sabedores de que os pacientes não conseguem marcar consulta facilmente, por falta de médicos suficientes, o que é feito é colocar nas fichas quais medicações estão usando, para que possam pegar essa medicação em qualquer unidade da rede pública, por um ano.

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A falta de pessoal já obrigou a emergência do Hospital São Vicente de Paulo, por exemplo, a fechar as portas, porque o único médico plantonista tinha que atender quem já estava internado. No Hospital de Base é a mesma coisa.

Também faltam medicamentos antipsicóticos, por exemplo, usados, sobretudo, para acalmar pacientes em surto, que aparecem geralmente nas emergências. “Os médicos têm que ser capoeiristas para receber esses pacientes”, eles observam ainda com bom humor.

Há 40 psiquiatras para serem nomeados, e os médicos da rede pedem que sejam colocados em serviços que já existem e que necessitam de pessoal, e não em novos serviços, porque a demanda vai continuar. Para eles é importante que os gestores da Secretaria de Saúde considerem suas observações, para que os novos médicos sejam lotados nos lugares certos, a partir de um mapeamento para melhor atender a população.

A coordenadora da Psiquiatria da SES/DF – Ana Luiza, recém empossada – admite que o atendimento ao paciente com transtorno mental é precário. Ela já pediu um diagnóstico da real situação do setor e quer que os médicos participem desse mapeamento.

Na reunião ela disse não saber de onde surgiu o boato de que iriam acabar com os ambulatórios de psiquiatria, mas declarou, de antemão, não ser favorável a isso. “É importante o incremento e a valorização do Hospital São Vicente de Paulo, porque a internação é necessária, mas existe também o paciente que é de ambulatório. Ou seja, nada pode ser acabado”, explicou a coordenadora .

Nos CAPS, Ana Luiza entende que a liderança dos processos deve ser dos médicos, e não de psicólogos ou enfermeiros. Ela complementa que a Psiquiatria não é regulada. Para isso, é preciso criar todos os protocolos de atendimento, que ela considera como meta de sua gestão.

Quanto à questão das emergências há a limitação orçamentária. Segundo a coordenadora, foram nomeados 139 servidores para suprir a UPA de Sobradinho e ela vai conversar com o subsecretário sobre a questão de pessoal para as emergências.

Com a afirmação de que os médicos sempre serão ouvidos por ela, a coordenadora da Psiquiatria da SES/DF já tem agenda marcada em nova reunião com os médicos, dia 27/07, às 19h30, no SindMédico-DF, para reavaliar a situação e para que ela traga soluções.

O presidente do SindMédico-DF, Gutemberg Fialho, finalizou esclarecendo que o papel do sindicato é o de intermediar o diálogo entre os médicos e a gestão, e que ações como essa são feitas sempre que necessário. Para ele, o interesse maior é contribuir para o melhor atendimento de Saúde possível à população do DF.

Fonte: SindMédico-DF



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