Por Franci Moraes
O DF ultrapassou 46 mil casos de dengue em 2024, o que representa um aumento de 1.120,6% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Secretaria de Saúde do DF. Nesse cenário, a Câmara Legislativa debateu, em reunião pública na tarde de ontem (5), medidas de enfrentamento à doença.
Entre as estratégias e metodologias financiadas pelo Ministério da Saúde, a diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis do ministério, Alda Maria da Cruz, destacou a bactéria wolbachia, que, ao ser inserida em mosquitos aedes aegypti, inibe a transmissão da dengue. Segundo ela, o exemplo icônico da eficácia do método wolbachia é o município de Niterói (RJ), com “baixíssimos” casos da doença. A cidade, que abrigou o projeto pioneiro, teve apenas três pacientes com a doença neste ano.
Cruz anunciou a expansão dessa tecnologia para seis municípios brasileiros. Contudo, ela disse que para estender a medida a outras regiões do País são necessárias novas biofábricas de produção do processo wolbachia.
Lei da CLDF
A instituição do método wolbachia como diretriz complementar de controle biológico no DF é o objetivo da Lei 7.306/2023, do deputado Martins Machado (Republicanos). De acordo com a matéria, a intenção é usar o método em ações e planos de combate à doença.
O texto dita que, para o cumprimento da Lei, o Poder Executivo pode firmar convênios, contratos e parcerias com órgãos, entidades e instituições públicas ou privadas, universidades e empresas.
Fiocruz
O método consiste em modificar o mosquito em laboratório, com a inserção da bactéria wolbachia, que bloqueia o vírus da dengue, descoberta oriunda de estudos australianos. No Brasil, os pesquisadores da Fiocruz retiraram a wolbachia do inseto conhecido como mosca da fruta e a injetaram no aedes aegypti macho. Depois de acasalar, a fêmea recebe a bactéria e passa a gerar filhotes incapazes de transmitir a doença. Além da dengue, o método inibe a transmissão da Zika, chikungunya e febre amarela.