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22 nov 2024 10:05


Ministério Público do DF questiona contratos entre GDF e OSs que mantém Hospital da Criança

Escolha sem licitação, uso de funcionalismo público levantados pelo MPDFT devem atingir em cheio governo de Rollemberg

Por Kleber Karpov

Em reportagem veiculada pela TV Brasília (8/Dez), a promotora do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), Mara Isar, aponta irregularidades na contratação do Instituto do Câncer e Pediatria Especializada (Icipe), Organização Social (OS) gestora do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB), realizada na gestão do ex-governador, Agnelo Queiroz (PT). O HCB teve contrato renovado na gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB). A manifestação do MPDFT pode atingir em cheio as pretensões de o Governador estabelecer com as Parcerias Público Privadas (PPPs) e com as OSs.

No levantamento da reportagem, produzida pelo jornalista, Andrei Helber, um processo com 14 volumes de documentos apontam diversas irregularidades na contratação do Icipe, para gerir o HCB, desde que a unidade de Saúde foi construída.

Uma das irregularidades apontadas foi a criação da Icipe “da noite para o dia” e, de a Entidade não ter sequer apresentado, em nenhuma ocasião, Atestado de Capacidade Técnica, o que não poderia fazê-lo pois a OSs não tinha histórico de atendimentos médicos.  Marisa Isar observou que o serviço assumido pelo Icipe já existia: “Já estava implantada no Hospital de Base, já funcionava lá em alta complexidade, então não haveria necessidade de transferir esses hospitais para o Hospital da Criança e de se repassar essa gestão para uma OS.”, afirma Marisa Isar.

Desses volumes, Marisa Isar traz questionamentos a exemplo da falta de realização de licitação  para  para escolha da OSS para gerir o HCB; ou de processos licitatórios por parte do Icipe para aquisições diversas. A Promotora deu a entender que não justifica o Icipe ter recebido cerca de R$ 112 milhões entre 2011 e 2014 apenas a título de administração do Hospital da Criança.

“Quando nós burlamos esse princípio, tanto os particulares interessados eles são prejudicados pois eles têm direito a concorrer como o Estado e a sociedade são os maiores prejudicados porque é através da concorrência que nós vamos escolher os mais aptos. Nesse caso houve uma burla porque se escolheu de forma pessoal determinada Organização Social sem que outras pudesse concorrer e aí o estado não teve  a melhor opção (SIC).”, afirmou a promotora do MPDFT.

Servidores da SES no HCB

Outro questionamento levantado por Marisa Isar foi:  se a gestão da é terceirizada, não justifica ter 50% do quadro efetivo no HCB composto de servidores da SES-DF, uma vez que o Icipe recebe para administrar a unidade.

PPPs e OSs de Rollemberg em xeque

Os questionamentos do MPDFT atingem em cheio os propósitos de Rollemberg, de passar parte da gestão da Saúde do DF e de outros segmentos do governo, tanto em âmbito das OSS, quanto das Parcerias Público Privadas (PPPs). Isso porque tais parcerias e contratos partem do mesmo princípio, ou seja, o Governador fez o Chamamento Público nº 001/2015, em que o GDF pretende captar Organizações Não Governamentais (ONGs), Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips) que tenham interesse em estabelecer parcerias com o GDF.

Essas Instituições devem assumir a gestão de demandas específicas do governo, a exemplo de áreas públicas do Parque da Cidade e Teatro Nacional de Brasília, ou ainda de OSs com interesse em assumir gestões parciais ou totais das unidades da SES-DF.

Vale lembrar que Rollemberg, já se manifestou publicamente, por diversas ocasiões, para afirmar que o governo escolheria as empresas interessadas em estabelecer parcerias com o governo, a partir das manifestações do Chamamento Público e que deveriam apresentar propostas a serem analisadas pelo GDF para, a partir daí, se estabelecer tais parcerias.

Recado¿

O MPDFT por sua vez, pode estar mandando um recado para que o Governador reveja conceitos ao demonstrar que está atento e deve fiscalizar e inibir novas irregularidades dessa natureza, uma vez que os questionamentos de Marisa Isar traz à tona a contratação do Icipe, realizado pela gestão de Agnelo, por ferir a Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, que rege as licitações e contratos da Administração Pública.

Recomendações

O MPDFT e o o Ministério Público de Contas (MPC/DF), há cerca de um mês, encaminhou quatro recomendações ao GDF em relação à Saúde do DF: que se mantenha estoques de medicamentos e manutenção de equipamentos e que o governo deixe de terceirizar o serviço público ou de repassá-los à iniciativa privada; que instale um tomógrafo computadorizado atualmente encaixotado nos corredores da corporação do Corpo de Bombeiros; a abertura de processo licitatório para fornecimento de refeições hospitalares; e, que a SES-DF, garanta o número mínimo de profissionais para a realização de cirurgias e atendimentos na rede pública de saúde, especialmente no HBDF além de rever a cessão dos inúmeros profissionais da SES à Faculdade de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs).

Assista a reportagem de TV Brasilia

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