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25 dez 2024 04:18


Morre Delfim Netto aos 96 anos

Ex-ministro deixa uma filha e um neto. Segundo assessoria do ex-ministro, não haverá velório aberto e enterro será restrito aos familiares.

O economista Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento e ex-deputado federal, morreu na madrugada desta segunda-feira (12/Ago), aos 96 anos. Delfim Netto estava internado desde segunda-feira (5/Ago) no Hospital Israelita Albert Einstein em decorrências de complicações no seu quadro de saúde.

Descendente de imigrante italianos, ele nasceu em São Paulo, em maio de 1928. Formou-se economista em 1951 pela Universidade de São Paulo (USP) e tornou-se catedrático em 1958. Fez carreira acadêmica como professor titular de Análise Macroeconômica e recebeu o título de professor emérito pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (Fea-USP).

Foi membro do Conselho Consultivo de Planejamento (Consplan) do governo Castelo Branco, em 1965. Tornou-se secretário de Fazenda no governo de São Paulo em 1966.

Foi um dos signatários do Ato Institucional número 5 (AI-5), em 13 de dezembro de 1968. O decreto é considerado o mais duro após o golpe militar de 1964, e foi instituído durante o governo Gosta e Silva, para suspender direitos e garantias individuais.

Delfim Netto chegou a ministro da Fazenda em 1967, ainda no governo Costa e Silva, e ocupou o cargo até o governo Médici, encerrado em 1974.

Nos quatro anos seguintes, foi embaixador do Brasil na França e, em 1979, passou a integrar Conselho Monetário Nacional e comandou o Banco Central no governo Figueiredo.

Delfim foi deputado federal na Constituinte de 1987 a 1991 pelo Partido Democrático Social, sucessor da Arena. Posteriormente, elegeu-se cinco vezes deputado federal pelo estado de São Paulo e permaneceu representante na Câmara até 2007.

Reações

Presidente Lula

Em nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que pediu desculpas públicas a Delfim Netto em 2006 por críticas anteriores, a quem classificou com “adversário político inteligente” e o coloca ao lado de Maria da Conceição Tavares, economista que morreu em junho, como “referências do debate econômico”.

Delfim Netto foi economista, professor, ministro da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura. Durante 30 anos eu fiz críticas ao Delfim Netto. Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos. Delfim participou muito da elaboração das políticas econômicas daquele período. Quando o adversário político é inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes.

Em um curto espaço de tempo, o Brasil perdeu duas referências do debate econômico no país: Delfim Netto e Maria da Conceição Tavares. Fica o legado do trabalho e pensamento dos dois, divergentes, mas ambos de grande inteligência e erudição, para ser debatido pelas futuras gerações de economistas e homens públicos.

Meus sentimentos aos familiares, amigos e alunos de Delfim Netto,
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República

Governador de SP, Tarcísio de Freitas

O Governo do Estado de São Paulo, também em nota, lembrou a importância da atuação de Delfim Netto e da atuação do político no cenário brasileiro.

O Governo do Estado de São Paulo presta homenagens a Antonio Delfim Netto, que faleceu aos 96 anos de idade nesta segunda-feira (12). Professor emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP), o economista foi um grande servidor público, como ministro da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura em diversas gestões. Em São Paulo, atuou como secretário da Fazenda na década de 60.
Também foi diplomata, deputado federal por 20 anos por São Paulo e escritor. Tem mais de dez livros publicados, além de artigos acadêmicos e pesquisas científicas.
Nossos mais sinceros sentimentos aos familiares e amigos e agradecimento a toda a sua contribuição para a vida dos brasileiros.
Tarcísio de Freitas
Governador do estado de São Paulo

Presidente do TCU, Bruno Dantas

O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas Nascimento, fez um resgate da importância de Delfim Netto, em especial à “dedicação à transparência e à eficiência na administração pública ao agraciá-lo com o Grande Colar do Mérito”, além de enaltecer a “sólida ligação com nossa Corte”.

“É com profunda tristeza que o Tribunal de Contas da União (TCU) se despede de Antônio Delfim Netto, figura superlativa da política e economia brasileira.”

“Além de sua destacada atuação política, Delfim Netto também deixou inestimável legado intelectual. Professor emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), compartilhou seu vasto conhecimento e publicou diversos livros e artigos sobre a economia brasileira, muitos dos quais inspiraram o desenvolvimento institucional do TCU.”

“Em 2011, o Tribunal de Contas da União reconheceu sua dedicação à transparência e à eficiência na administração pública ao agraciá-lo com o Grande Colar do Mérito. Sua sólida ligação com nossa Corte é lembrada com respeito e gratidão.”

“Aos familiares e amigos, expressamos nossas condolências. Que sua memória inspire gerações futuras a continuarem trabalhando pelo bem do Brasil.”

Aloizio Mercadante, presidente do BNDES

O presidente doBanco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aluizio Mercadante Oliva, também lembrou a importância de Delfim Netto no cenário político, econômico e acadêmico brasileiro.

“Recebo com tristeza a informação sobre a morte do economista Delfim Netto. Fomos deputados no mesmo período histórico e estivemos na Comissão de Economia, espaço público em que havia um debate qualificado sobre as políticas de desenvolvimento nacional.”

“Apesar das divergências políticas e no próprio debate econômico, que tivemos ao longo da vida, Delfim Netto sempre teve compromisso com a produção e com o crescimento da economia. Mesmo tendo sido um ministro destacado do regime militar – liderou o chamado “milagre brasileiro” -, Delfim apoiou o governo Lula em momentos importantes e desafiadores.”

“Como professor de economia, Delfim sempre teve profundo compromisso com a FEA – USP, onde fiz minha graduação. Neste momento de tristeza, manifesto meus sentimentos de pesar para todos amigos e familiares de Delfim, especialmente filha e neto.”

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