Em um ano, o Distrito Federal reduziu em 16,5% a quantidade de óbitos maternos. Enquanto, em 2018, havia 10,3 mil mortes por 100 mil nascidos, no ano seguinte (2019), esse número caiu, ficando em 8,6 mil para 100 mil nascidos. Esses indicadores, computados como Razão de Mortalidade Materna (RMM), sinalizam a qualidade de atenção à saúde das mulheres: quanto mais baixo o número, melhor o nível de atenção dada.
“Os investimentos, planejamento e ações do governo Ibaneis são fatores determinantes nessa conquista, que também precisa ser atribuída ao esforço e dedicação dos profissionais de saúde”, explica o secretário de Saúde, Francisco Araújo. Ele ressalta que a queda nesses números reflete as estratégias adotadas pelas áreas de saúde da gestão atual do GDF.
Óbito materno é definido como a morte de uma mulher ocorrida durante a gestação, parto ou dentro de um período de 42 dias após o término da gestação, por qualquer fato relacionado à gravidez, não incluídos agentes acidentais ou incidentais. No DF, as causas que mais têm atingido esse público são hemorragia, sepse e hipertensão.
Ações integradas
A redução dos índices de morte materna no DF se deve a ações realizadas no âmbito da Rede Cegonha, bem como a oficinas e capacitações e à reorganização dos comitês de óbitos maternos nas regiões de saúde do DF. A transformação do atendimento no DF para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e a distribuição das equipes ajudaram a Secretaria de Saúde (SES) a chegar às populações com maior vulnerabilidade em casa.
Diminuir a mortalidade materna é um desafio que envolve setores públicos e privados. A SES encabeça as políticas públicas de maneira a focar no alinhamento das ações nesse campo. São organizados encontros qualificados para discutir os óbitos maternos ocorridos no DF, envolvendo a Câmara Técnica de Ginecologia e Obstetrícia da SES, juntamente com o Comitê de Óbito Central e os comitês presentes nas sete regiões de saúde.
De forma permanente, o Comitê de Óbito Central promove capacitações, oficinas e reuniões que ajudam a identificar ações imediatas e em longo prazo para combater a mortalidade materna. As principais parceiras são Rede Cegonha, Referência Distrital de Ginecologia e Obstetrícia, Diretoria de Enfermagem, Gerência de Terapia Intensiva do Serviço Móvel de Urgência (Samu) e Escola de Aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (Eapsus). Só em 2019, foram promovidos 12 cursos envolvendo 322 profissionais já aptos a replicar esse conhecimento.
Mapeamento e visitas
“Antes, no atendimento tradicional, a demanda era pela busca da paciente”, compara a presidente do Comitê Central de Prevenção e Controle do Óbito Materno, Miriam Santos. “Com a ESF, mapeamos os territórios e os agentes comunitários de saúde realizam o cadastro dessa paciente e visitam a casa. É uma busca proativa, preconizada pelo Ministério da Saúde, e que permite o acompanhamento dessa gestante. Mesmo que ela não vá à unidade, um profissional consegue ir até ela.”
Miriam lembra que a portaria de vinculação da gestante à unidade de parto evita que essa mãe recorra a outras unidades de saúde para atendimento – o que acarretaria numa espera sem regulação e sobrecarga a outros serviços. A gestora também destaca a criação da carreira do enfermeiro obstetra na SES. Das 20 vagas em concurso, a pasta já convocou todos os aprovados, além de profissionais do cadastro reserva, totalizando 65 convocados.