Mostra “O Sangue no Alguidá”, censurada no Brasil, será apresentada nos Estados Unidos

Exposição colaborativa entre o artista brasileiro Gerson Fogaça e o escritor cubano Pedro Juan Gutiérrez reúne 28 obras que combinam pintura, colagem e fotografia



A mostra “O Sangue no Alguidá” estará aberta ao público a partir desta sexta-feira (10/05), no Museum of Contemporary Art of the Americas (MOCAA), em Miami, nos Estados Unidos. Isso vai acontecer após uma censura polêmica no Brasil que impulsionou uma montagem urgente no Museu Nacional da República em Brasília, em 2019. A exposição é colaborativa entre o artista brasileiro Gerson Fogaça e o escritor cubano Pedro Juan Gutiérrez.

Com curadoria assinada por Dayalis González Perdomo e produção de Malu da Cunha, a exposição mergulha no realismo sujo latino-americano ao retratar os paralelos sombrios entre as narrativas de Gutiérrez e as pinturas de Fogaça. A coleção conta com 28 obras que combinam pintura, colagem e fotografia, evocando temas como a degradação social e a sensualidade através de um submundo que ressoa com a literatura de Pedro Juan Gutiérrez.

A exposição foi abruptamente cancelada pelos Museu dos Correios em Brasília dois dias antes de sua estreia na capital. O ocorrido foi devido a seu conteúdo considerado erótico, mas agora encontra voz e visão no MOCAA, sem as restrições impostas pela gestão brasileira.

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Gerson Fogaça, cuja obra já contemplou o submundo das cidades brasileiras, encontra eco no trabalho de Gutiérrez, oferecendo uma reflexão sobre as verdades multifacetadas e muitas vezes perturbadoras da experiência urbana. Juntos, esses artistas desdobram uma realidade social fraturada e decadente, desafiando a censura e celebrando a liberdade de expressão.

Os artistas

Os artistas Fogaça e Pedro Juan – Foto: Divulgação

Gerson Fogaça, nasceu em 1967, em Goiás (GO), realizou inúmeras exposições nacionais e internacionais ao longo de sua carreira. Recebeu o prêmio FUNARTE, no Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais em 2010 e foi selecionado em diversos editais de ocupação de espaços culturais, incluindo a Galeria Vitrine da Paulista em São Paulo e o Espaço Cultural Eletrobrás Furnas. Fogaça apresentou seus trabalhos em Havana, Cuba, na Galería Carmen Montilla em 2007 e em outros locais, como L’espace d’exposition de Guaran em Lectoure, França; Galeria La Ronda em Palma de Mallorca, Espanha; Museu de Arte Contemporânea de Campinas; e Galeria Portinari em Buenos Aires, Argentina. Suas obras também foram destacadas no Museu de Arte Alejandro Otero em Caracas, Venezuela, no Instituto Cultural de Providencia, Chile, e no Museu de Arte Contemporânea de Goiás e Caixa Cultural no Rio de Janeiro, por meio da mostra “Um Só Corpo – Arte Contemporânea nos Países do Mercosul”.

Em 2017, suas criações figuraram no Museo Histórico y Militar de Chile e no Museu de Arte de Goiânia na exposição “Instinto”, bem como na Casa da América Latina em Lisboa na mostra “Visões Simbólicas”. Entre 2017 e 2018, a exposição “Lugar não Lugar” foi montada no Museu de Arte Contemporânea de Caracas, MACC, Venezuela. Ainda em 2019, junto com Pedro Juan Gutiérrez, expôs o projeto “O Sangue no Alguidar” no Museu da República, Brasília, DF. No ano de 2022, a exposição “Escalas Invertidas” foi realizada no Miami Hispanic Cultural Arts Center. Em 2023, Fogaça participou da exposição “Braxília” na Universidade de Miami, EUA, e na mostra “Lugar No Lugar”, no Espaço Cultural da Embaixada do Brasil em Bruxelas.

Pedro Juan Gutiérrez nasceu em 1950 em Matanzas, Cuba. Desde os onze anos, ele desempenhou uma variedade de trabalhos: foi vendedor de sorvetes e jornais, instrutor de caiaque, cortador de cana-de-açúcar, operário agrícola, soldado, locutor de rádio e jornalista, entre outros que prefere não recordar. Sua obra literária alcançou sucesso crescente de crítica e público, sendo publicada em 22 países. É conhecido pelo Ciclo do Centro de Havana, uma série que inclui cinco volumes de romances e contos: “Trilogia Suja de Havana” (1998),“O Rei de Havana” (1999), “Animal Tropical” (2000), “O Insaciável Homem Aranha” (2002) e “Carne de Cachorro” (2003). Iniciou uma nova fase criativa com o romance “Fabián e o Caos”. Também é autor de diversos livros de poesia. Atualmente, dedica-se exclusivamente à literatura e à pintura, residindo entre Havana, Cuba, e Tenerife, Espanha.

Entre seus prêmios destacam-se: “Animal Tropical”, que ganhou o Prêmio Afonso García Ramos de Romance em 2000 na Espanha, concedido pelo Cabildo de Tenerife e pela Editorial Anagrama; e “Carne de Cachorro”, premiado no Itália Narrativa Sur del Mundo. Em 2019, realizou a exposição “O Sangue no Alguidar, um Olhar Desde o Realismo Sujo Latino-Americano”, no Museu Correios em Brasília, DF. 

Serviço:

Assunto: Exposição “O Sangue no Alguidá”
Local: Museum of Contemporary Art of the Americas (MOCAA), Miami, Estados Unidos
Quando: a partir de 10 de maio
Informações: +1 786 794 3699 ou visite www.mocaamericas.org.



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