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22 dez 2024 21:54


MPDFT vê indícios de formação de quadrilha em escândalo no GDF

Em entrevista ao Metrópoles, o promotor Roberto Carlos da Silva, da 1ª Prodep, afirma que novos nomes podem aparecer nas investigações

Por Manoela Alcântara

O escândalo que se abateu no Palácio do Buriti com a Operação (12:26)deve ganhar proporções ainda maiores. A ação, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e da Polícia Civil, apura um suposto esquema de tráfico de influência e advocacia administrativa na Casa Civil do GDF. Mas, segundo o promotor de Justiça Roberto Carlos da Silva, já existem indícios de outro crime, até então não mencionado: formação de quadrilha.

Titular da 1ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social (Prodep), Silva confirmou a informação ao Metrópoles na noite desta quarta-feira (8/8). “Pelos documentos que já analisei, os indícios de tráfico de influência se mostram bastante significativos. Sobre a formação de quadrilha, enxergo, sim, uma possibilidade”, afirmou.

Silva promete tratar o caso com “prioridade zero” e dar uma resposta a respeito da denúncia em até 30 dias. Menos de 24 horas após a operação ser deflagrada, o promotor já tinha analisado boa parte dos documentos apreendidos. De acordo com o titular da Prodep, há mais nomes conhecidos que teriam participado do esquema. No entanto, como as investigações correm em segredo de Justiça, as identidades serão mantidas em sigilo.

Entre os alvos, estão o ex-assessor especial da Casa Civil Marcello Nóbrega e o empresário Leonardo Rocha de Almeida Abreu, que é irmão do chefe de Gabinete da Casa Civil, Guilherme Rocha de Almeida Abreu.

Também são investigados o administrador do Lago Norte, Marcos Woortmann, e dois ex-assessores do distrital Rodrigo Delmasso (PRB): Luiz Fernando Messina e Hermano Gonçalves de Souza Carvalho. Hermano foi ex-secretário de Desenvolvimento Econômico da gestão de Agnelo Queiroz (PT).

Confira a íntegra da entrevista

Após a deflagração da Operação (12:26), foram mencionados tráfico de influência e advocacia administrativa no Palácio do Buriti. Há outros crimes?
Pelos documentos que já analisei, os indícios de tráfico de influência e de advocacia administrativa se mostram bastante significativos. E há a possibilidade de formação de quadrilha. Enxergo essa possibilidade, sim, mas preciso analisar com bastante critério todo o material.

Há previsão de que as provas colhidas durante a operação deem origem a uma ação penal?
Depois de analisar todos os documentos e evidências, devo entrar com a ação penal, que é a denúncia. Esse caso é minha prioridade zero. Não vou demorar mais do que 30 dias. Preciso analisar cada indício, prova, tudo que foi colhido. Estou debruçado sobre o material.

Já há como definir o papel de cada um no esquema?
Os fatos estão bem divididos em três atos de favorecimento: dois envolvendo o Hospital Home e um o Shopping Iguatemi. Pode originar uma única denúncia ou mais de uma, para ficar mais compreensível. Em todos os três, há a questão do tráfico de influência em relação a outros interesses. Não posso revelar mais porque o processo ainda corre em sigilo.

E os envolvidos? Há um ponto de convergência entre eles?
Há quatro nomes que convergem em diversos pontos: Marcello Nóbrega, Leonardo Rocha de Almeida Abreu, Luiz Fernando Messina e Hermano Gonçalves de Souza Carvalho. Não posso ir além. Vai depender do que foi apreendido na operação. O que posso dizer é que envolve mais nomes além dos já citados.

Essa operação se encerra nesta fase ou pode haver uma nova?
Depende. Precisamos esperar.

Na cidade, comenta-se que a operação teria sido baseada em escutas telefônicas em torno do Luiz Fernando Messina. É isso mesmo?
Não. Tem uma série de documentos comprobatórios e que embasaram os mandados de busca e apreensão. Não sei se havia elementos para uma quebra de sigilo. Não posso afirmar se houve ou se não houve porque não sei.

O esquema estava restrito ao núcleo que envolve o ex-assessor Marcello Nóbrega ou pode ter contaminado a cúpula do governo? 
Ainda não há qualquer indício contra o governador Rodrigo Rollemberg. Se houvesse, o processo seria encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A operação expõe o núcleo do governador às vésperas de uma eleição. Fatores políticos podem intervir na investigação?
Acredito que não. A gente tem muito cuidado com isso, tanto que quero rapidez nessa situação para não colocar qualquer candidato que seja em situação difícil. A operação estava para acontecer há um tempo, não é de agora não. Mas sempre tive muito cuidado com isso, com pessoas que exercem função pública. Queria o máximo de indícios possíveis. Por isso, só ocorreu agora.

A investigação
A Operação (12:26) colheu dados para investigar se houve crime de tráfico de influência e advocacia administrativa. Em uma das linhas de apuração, os investigadores chegaram a um suposto favorecimento ao projeto de ampliação do Iguatemi Shopping, no Lago Norte.

De acordo com a Polícia Civil, representantes do shopping estiveram no Palácio do Buriti duas vezes, entre 2016 e 2017, para conseguir aumentar a área de ocupação do empreendimento, mesmo em desacordo com a Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos).

Há suspeita também de favorecimento em pagamento de dívidas pela Secretaria de Saúde a hospitais particulares e de ilegalidades em contratos firmados pela Casa Civil. Trata-se do principal órgão de coordenação do governo. As diligências mostram que, em 2015, teria sido paga a quantia de R$ 1 milhão “a título indenizatório e sem cobertura contratual” ao Hospital Home.

Fonte: Metrópoles

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