Nanossatélite desenvolvido com fomento da FAPDF completa um ano em órbita

Em seu primeiro ano de viagem espacial, a missão AlfaCrux passou a fazer parte do dia a dia acadêmico de professores e alunos da UnB com dados na área de telecomunicações



Por Adriana Izel

Em 1º de abril de 2022, o primeiro nanossatélite do Distrito Federal foi lançado para a órbita da Terra. Com apenas 10 centímetros de aresta e cerca de 1kg, o AlfaCrux ganhou o espaço para analisar e propor soluções na área das telecomunicações. O cubo fica a 500 km de altitude e dá em torno de 15 voltas no planeta por dia, captando informações e as armazenando no próprio satélite para retransmissão.

Desenvolvido com recursos da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), que investiu R$ 2,2 milhões, o projeto completou um ano do lançamento com resultados animadores que são acompanhados na estação de comando e controle por uma equipe composta por professores, técnicos e estudantes da Universidade de Brasília (UnB) das áreas de engenharia e correlatas. Ao todo, participam cerca de 17 pessoas, sendo sete da equipe fixa.

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“Essa é uma missão que tem como foco a análise, investigação, avaliação de soluções de telecomunicações, desde os aspectos operacionais até a aplicação no usuário final. É um trabalho que contribui para a melhoria da formação, olhando pela perspectiva da universidade”, explica o coordenador da Missão AlfaCrux e professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Faculdade de Tecnologia da UnB, Renato Alves Borges.

O projeto completou um ano do lançamento com resultados que são acompanhados na estação de comando e controle

Primeiros resultados

Neste primeiro ano do projeto espacial, o principal legado foi a inserção da operação espacial no dia a dia acadêmico e o início do estudo de caso sobre a missão. “O que considero um dos grandes aprendizados são as competências que estão sendo geradas e produzidas no que diz respeito a operar e conduzir um satélite. Estar à frente de uma missão espacial nessa fase de operação é relevante para o desenvolvimento do país”, revela o engenheiro eletricista e membro sênior do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE).

O projeto ajudará a validar tecnologias que possam gerar soluções para situações que o setor produtivo enfrenta diariamente. “Podemos fazer o monitoramento de ativos estratégicos e coletar informações para entender um pouco melhor o ciclo do carbono em diferentes biomas. Do espaço conseguimos olhar características que não conseguiria perceber da superfície da Terra. Também conseguimos levar comunicação para uma área remota sem comunicação em solo”, revela.

A Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal incentivou financeiramente a missão desde a fase zero até o lançamento feito nos Estados Unidos pela empresa SpaceX. “A FAPDF fomentou todo o material necessário para construir a infraestrutura. A execução está dentro da Universidade de Brasília com apoio da Finatec. É um empenho de todos e uma mudança de realidade para o DF, coloca Brasília dentro desse circuito e como protagonista no contexto de soluções e serviços espaciais”, define Renato Alves Borges. O projeto conta também com o apoio da Agência Espacial Brasileira e da Agência Nacional de Telecomunicações.

Para o presidente da FAPDF, Marco Antônio Costa Júnior, o projeto representa uma grande conquista para a ciência do Brasil. “FAPDF se orgulha de ter fomentado essa iniciativa inovadora. Ela representa a produção de tecnologia de alta performance no DF e, além disso, pudemos proporcionar aos pesquisadores e alunos da UnB uma experiência prática incrível desde a produção e construção do satélite e, após posto em órbita, a operação, a coleta e a análise dos dados recebidos”, comenta.

Futuro

Com expectativa para permanecer mais alguns anos em órbita, o nanossatélite ainda vai gerar muitos novos resultados. A coordenação da Missão AlfaCrux já desenha um novo projeto que possa contar com uma constelação de satélites.

“Esses outros satélites vão naturalmente trazer as lições aprendidas neste primeiro ano, com adequações em aspectos técnicos da comunicação e faixa de operação que permitam ampliar o escopo da produção”, diz o coordenador.

O próximo passo é também abrir diálogo com a iniciativa privada e a sociedade civil. “Estamos conversando com setores interessados em discutir problemas específicos e soluções que passam por implementação de sistemas espaciais”, acrescenta Renato Alves Borges.



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FONTEAgência Brasília
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