Nota Oficial do Buriti coloca mais tensão na relação GDF-Servidor



Por Ricardo Callado

A Comunicação errou. E errou feio. O momento não é de acirrar os ânimos. Os últimos acontecimentos pedem humildade, sensatez e equilíbrio. A Nota Oficial divulgada na noite desta quarta-feira (28) vai no caminho contrário.

Quem aprovou o texto tinha a intenção de jogar mais combustível no caos. Colocar a culpa nos professores ou sindicatos é de uma inconsequência sem tamanho. Piorou, e muito, a relação, que já não era boa.

O governo deve se preparar para o pior. As imagens façam por si só. A foto de uma professora algemada, “armada” com um apito na mão e sendo conduzida por dois policiais militares é forte.

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A Nota Oficial diz que o governo de Brasília lamenta o episódio. Mas coloca a culpa em “alguns poucos professores, sob o comando do sindicato”. E que são esses “alguns” que radicalizaram o movimento grevista com o fechamento de vias públicas e interrupção do tráfego.

Assinada pela Subchefia de Relações com a Imprensa, da Secretaria de Comunicação Institucional e Interação Social, a Nota Oficial acusa os professores e sindicatos de prejudicar os alunos das escolas públicas e seus pais. E também: “Esses professores em greve causaram transtornos a milhares de pessoas que transitavam pelas vias de Brasília”, diz. Faltou sensibilidade e bom senso.

A Nota Oficial continua lembrando que o governo nunca deixou de receber os sindicatos e “já deixou claro, aos servidores e à população, que não tem condições orçamentárias e financeiras de pagar agora os reajustes salariais concedidos em 2013. As greves e a interrupção de vias em nada contribuem para que os pagamentos possam ser feitos”.

Ou seja, coloca a culpa novamente no governo anterior e deixa a entender que não irá avançar nas negociações. Que não existe solução para o problema a curto prazo. E que isso deva ser entendido e aceito pelo servidor público e entidades sindicais.

No final da Nota Oficial, mais um absurdo. Mesmo ainda sem saber o tamanho exato da gravidade do confronto entre PM e professores, o governo se coloca ao lado da ação militar, assumindo o ônus. E afirma que “o governo de Brasília tem a obrigação de assegurar à população o livre trânsito pelas vias da cidade e não pode permitir que algumas pessoas interrompam o tráfego por sua vontade ou a qualquer pretexto”.

E encerra afirmando que a “Polícia Militar agirá sempre, dentro da lei e de suas atribuições, para impedir o fechamento de vias públicas”. As imagens dos policias retirando os professores de dentro do carro dispensam comentários.

E, o que é pior, em nenhum momento a Nota Oficial afirma que o Buriti vai apurar possíveis excessos durante o confronto. Ou se solidariza com os professores que saíram feridos.

O governo precisa fazer uma avaliação. Uma roda de conversa não vai resolver. Os conflitos existenciais no palácio são maiores. Não existe um comando único em alguns setores. E por isso batem cabeça. São questões para pensar e discutir. E saber se comunicar. O pior: dentro do formato elaborado na Comunicação, “isso já era esperado”. Basta assistir os filmes publicitários veiculados na televisão. Passa arrogância e incentivo o conflito.

Fonte: Blog do Callado



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