Bruna Pinheiro comparou, pejorativamente, advogados que atendem moradores de condomínios irregulares à “advogados de porta de cadeia”
Por Kleber Karpov
A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Distrito Federal (OAB/DF) deve realizar, em 31 de julho, às 14h, um ato de desagravo público contra a diretora-presidente da Agência de Fiscalização (AGEFIS), Bruna Pinheiro. Advogados criticaram a conduta de Bruna Pinheiro, durante entrevista ao programa SOS Brasília (21/Ago/2016), ao fazer alusão ao termo pejorativo “advogados de porta de cadeia”, ao se referir aos advogados que defendem moradores de condomínios irregulares.No programa veiculado pela TV Brasília e Rede TV, Bruna Pinheiro declarou que “existem muitos advogados de plantão nas portas dos condomínios, assim como existem nas portas das cadeias, querendo pegar pessoas que tão ali totalmente sem nenhuma informação”.
Em outro momento da entrevista a presidente da AGEFIS ainda enfatiza que “nesse caso, não são famílias de alta renda, muito esclarecidas, que caíram no conto do vigário de alguns advogados e agora, pela sentença movida às vezes pelos próprios advogados, agora estão colhendo os frutos das sentenças estarem sendo todas negadas”.
Para a OAB-DF, Bruna Pinheiro ofendeu a honra, a moral e a dignidade daqueles que atuam na defesa dos interesses dos moradores de condomínios irregulares, ao dizer que são advogados de “porta de cadeia” e que aplicam o “conto do vigário”. O desagravo foi aprovado à unanimidade durante sessão do Conselho Pleno da Seccional.
De acordo com o presidente da OAB/DF, Juliano Costa Couto, o desagravo é uma forma de resgate da honra dos advogados que se sentiram agredidos com as colocações da autoridade. Uma autoridade não pode negar aos cidadãos acesso aos seus direitos por meio da atuação de advogados.
“É importante perceber que quando a presidente da AGEFIS vai até um programa de TV e afirma para todos os cidadãos que moram nestes condomínios que não adianta contratar um advogado, atacando diretamente a nossa profissão e o nosso mercado de trabalho, vê-se aí a necessidade de pedir que ela explicite tamanha desfaçatez com nossa categoria”, disse.
Em seu voto no Conselho Pleno o conselheiro Seccional Fernando Assis afirmou que o repúdio da Ordem com relação a atitude da presidente é no sentido de que suas afirmações possibilitam a associação da expressão “advogados de porta de condomínio” à visão popular depreciativa de “advogado de porta de cadeia”, e do termo “conto do vigário” remeter ao substantivo vigarista, denegrindo assim a imagem dos advogados.
“É de se registrar que as declarações prestadas pela autoridade representada, presidente da AGEFIS, foram prestadas em programa de televisão com ampla divulgação e alta audiência por parte dos cidadãos do Distrito Federal e que foram, portanto, diretamente afetados e atingidos pelas declarações prestadas pela mesma”, declarou.
À época as reações de advogados foram imediatas e a categoria cobrou ação enérgica da OAB-DF em relação ao caso. No entanto o desagravo, agendado quase um ano. Porém, o diagnóstico de um câncer impôs, à Juliano, um novo ritmo para a realização do ato de desagravo, de acordo com fontes de Política Distrital.
Com informações de OAB-DF e Programa SOS Brasília