Operação sob encomenda: porque se fala tanto em manipulação na Drácon



Por Ricardo Callado

Degravações sob suspeita, prisão de pessoas erradas, vazamento às vésperas de decisões, amizades entre investigadores e investigados e uma mãozinha sempre providencial da imprensa para se formar uma opinião. Isso é a Drácon, uma operação que têm à frente integrantes do Ministério Público e da Polícia Civil.

A Drácon não obedece ordem cronológica. O que vale é a pauta de julgamento no Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Quando o TJDFT se prepara para tomar alguma decisão, entra o MPDFT e a imprensa.

O ruim disso é que é uma forma clara de pressionar desembargadores. Acaba colocando os integrantes do TJ sob suspeição. É claro que os desembargadores não se prestam a esse papel. E muitos no MPDFT também não concordam com o que vem acontecendo dentro da instituição.

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Nos bastidores se fala que a Drácon foi gestada para estancar denúncias da CPI da Saúde, instalada na Câmara Legislativa, e os áudios entre o vice-governador Renato Santana sobre cobrança de propina em contratos na área da saúde, em torno de 10% a 30%, segundo a gravação. A Drácon foi providencial para que ninguém mais falasse sobre isso. E acabou dando certo.

Também foi um tiro certeiro para enfraquecer a oposição. Dos nomes citados, quem não aderiu a base do governo, se vê alvo de uma cruzada de alguns órgãos de imprensa da cidade. Um acordão que envolve ajuda mútua de quem está no operacional. Empréstimos ruins para a sociedade.

O TJDFT se prepara para decidir o destino dos citados na Drácon. O MPDFT vaza para a imprensa áudios da investigação. Mas não são recentes. São do segundo semestre de 2016. E vazaram porque o TJDFT vai julgar. Ninguém é idiota. Esse mesmo roteiro foi usado no ano passado. O mesmo modus operandi. A estratégia é batida e risível. E de se lamentar que instituições importantes tenham que agir desta forma para cumprir acordos.

Se a intenção é pressionar juízes e população contra os deputados, não é dessa forma que a justiça deve agir. Juízes não votam pelas páginas de jornais e nem pela internet. É preciso que se investigue a fundo, que se condene e tire da vida pública aqueles que cometeram desvios.

TJDFT, MPDFT e imprensa não tem o direito de proteger e tampouco de acusar que não seja dentro das normas legais. Se for uma investigação seletiva, com intuito político, a gente sabe que esse filme nunca acaba bem. Conluios não fazer bem para as instituições.

Fonte: Blog do Ricardo Callado



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