Opinião: 452 dias para acabar



Por Gutemberg Fialho

Nos mil dias à frente do GDF, Rodrigo Rollemberg repetiu o discurso da “herança de rombo financeiro”. Porém, ao invés de reconhecer que até agora nada ou pouco foi feito, o governador, em mais um surto narcisista, comemora a “Brasília construída” nos últimos dois anos e nove meses. Em sua auto parabenização ele ressalta, inclusive, o desenvolvimento econômico do DF nesse período, além de citar – talvez ironicamente – o que fez pelas áreas de segurança, educação e saúde.

Ao afirmar que este governo continua “a lutar pela melhoria dos serviços na Saúde”, Rollemberg ignora que nos últimos três anos, de acordo com o Tribunal de Contas, a situação das UTIs da rede pública piorou drasticamente: de 2014 até este ano, houve redução de 30% dos leitos. Não por acaso o número de mortes que ocorrem nos hospitais do DF saltou. Após anos na casa de 5,7 mil óbitos anuais, em 2016 chegamos a mais de 6,7 mil. Mil dias de governo e em apenas 365 deles, mil mortes a mais.

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Ainda em sua auto parabenização, Rollemberg cita as “intervenções” (palavra da moda) do Programa Cidades Limpas, com podas de árvores e retirada de entulhos: coisas que não são criação desta gestão. Para inovar, no que diz respeito à questão do lixo, o governador deveria se atentar à situação dos catadores da Estrutural que trabalham em condições desumanas, dentro de galpões a troco de bolsas no valor de R$ 360, ou nas palavras deles mesmos, “esmolas”.

No que toca à segurança, Rollemberg comemora a queda do número de homicídios, mas não cita o aumento de 26,5% nos casos de estupros em relação a 2017. Em um ano, foram 119 estupros a mais, segundo dados do Sindicato dos Policiais Civis do DF. Isso sem contar os furtos em comércio: são 342 a mais do que em 2016.

A estrutura da Atenção Primária à Saúde (APS) do DF que inclui, além de centros e postos de saúde, a Estratégia Saúde da Família (ESF), tem a pior cobertura de todo o país. O que ocorreu nesta gestão não foi um aumento da oferta de serviços na APS, mas, sim, a desarticulação dos centros de saúde, sem qualquer tipo de organização.

Mesmo com verba suficiente em caixa, Rollemberg também mentiu para conseguir a aprovação do projeto que confisca a previdência dos servidores. Sua gestão não fez o DF se desenvolver. Contudo, como falta apenas um ano para as próximas eleições, o governador finge que governou.

Rollemberg, de fato, não será “o governador que quebrará Brasília”. Ele já é. Esse é o seu legado. E agora que seu tempo está acabando, com exatos 452 dias para o fim de sua gestão, exalta suas gambiarras e maquia sua velha política.

* Gutemberg Fialho é presidente do Sindicato dos Médicos do DF


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