Por Fábio Gondim
Estamos cometendo erros sucessivos no combate ao #coronavirus e esses erros
podem nos levar a uma situação tão grave quanto ou pior do que a Itália, como
deixarei explicado em seguida. Se gostarem, sigam meu perfil. Tem muito mais
informações nele.
Na China, onde a pandemia já se estabilizou e o número de casos novos está
quase zerando, se pode ter uma ideia da letalidade do #coronavirus no restante do
mundo.
Em números atuais, o coeficiente de letalidade, lá, alcançou 4,0% e a letalidade
efetiva, que compara mortos com curados chega a 4,5%. No final do processo
infeccioso, a letalidade final do vírus se encontrará em algum ponto entre esses
dois valores.
4,0% é uma letalidade alta, ao contrário do que dizem muitas “autoridades” por aí.
A Gripe Espanhola fez o estrago que fez com letalidade de 2,5%. Mas o pior é que,
para manter a letalidade nesse patamar é preciso assistência à saúde.
Sem assistência à saúde, o vírus muda completamente o perfil da doença. A
letalidade salta para patamares assustadores, como foi o caso de Wuhan, Irã e,
agora, Itália. Na Itália, até hoje, 44,0% das pessoas que passaram pelo ciclo da
doença morreram.
Isso se deve ao fato de que o crescimento foi descontrolado e o sistema de saúde
não consegue mais dar respostas. As pessoas são deixadas para morrer naquele
país.
No extremo oposto, temos a Coréia do Sul, com coeficiente de letalidade de 1,0%.
A letalidade efetiva naquele país, todavia, ainda aponta para um número próximo
do verificado na China: 5,4%.
Enfim, com medidas enérgicas de contenção da doença, como a testagem maciça
da população, busca ativa de pessoas que tiveram contato, vigilância em portos e
aeroportos e quarentena, se consegue achatar a curva de contágio, evitando a
sobrecarga do sistema de saúde.
Mas, agora, chegamos no nosso problema. E no Brasil, como estamos fazendo?
Aqui, já começamos errando ao fazer um carnaval com as fronteiras
escancaradas. Centenas de milhares de turistas vindos dos países com o vírus
estiveram com os brasileiros.
Esses casos ainda não aparecem nas nossas estatísticas porque, desde o início,
por falta de kits para testagem, o governo estabeleceu um protocolo no qual quem
não viajou para o exterior não era sequer considerado suspeito.
Os casos do carnaval surgiram, obviamente, mas o governo seguiu anunciando
apenas casos importados. Todos os casos confirmados vieram de fora, dando a
falsa sensação de segurança por aqui.
Quem não acreditar no que estou dizendo, entre no aplicativo do Ministério e diga
que está doente, mas diga também que não esteve no exterior ou em contato
direto com alguém que tenha tido a doença confirmada para ver o que o aplicativo
diz.
iOS: https://apps.apple.com/br/app/coronav%C3%ADrus-sus/id1408008382
Android: https://play.google.com/store/apps/details?id=br.gov.datasus.guardioes
Quando pensei que o país passaria a testar seus pacientes, sou surpreendido por
duas informações. O Brasil mandou fazer 30 mil testes na Fiocruz, quantidade que
não dá para nada e, por isso, se limitará a testar apenas os pacientes graves.
Isso explica, inclusive, o motivo pelo qual um cidadão foi diagnosticado com caso
grave de COVID19 ontem e morreu hoje. Por que não foi diagnosticado antes?
Porque não tinha viajado para o exterior… Em tese, não teria o vírus.
Então, esse número de duzentos e poucos casos confirmados não refletem nada!
Não quer dizer nada! É uma informação inútil que não serve sequer para preparar
o sistema de saúde para o que está por vir.
É preciso que o Brasil atenda às recomendações da OMS. Temos que fazer
testagens maciças. Para isso, o governo deve comprar mais kits para testes, pois
os nossos são insuficientes.
Nossas fronteiras devem ser melhor controlados, senão fechadas. São inúmeros
os relatos de pessoas que chegam do exterior sem nenhum tipo de controle,
medida de temperatura, nenhuma pergunta. Nada!
Grandes eventos devem ser proibidos a partir de agora e devemos nos preparar
para a quarentena mesmo. Como não houve muitas medidas efetivas para a
redução ou mesmo contagem do contágio, dificilmente medidas pouco agressivas
darão resultado a partir de agora.
Tudo que estamos vendo na Itália aconteceu em três semanas. Somente três
semanas. Em duas semanas, muito provavelmente, estaremos como está lá agora,
e é bom que estejamos preparados para isso.
Fábio Gondim é ex-Secretário de Saúde do Distrito Federal
Twitter @fabiogondim