Paciente entra em hospital de Brazlândia com princípio de pneumonia e chega a ter derrame por falta de UTI



Enquanto isso, Secretaria de Saúde descumpre decisão judicial e leva multa por indisponibilidade de leito de UTI

Por Kleber Karpov

A pensionista, Maria do Socorro Coelho Alves Nogueira, de 55 anos, denunciou, na terça-feira (20/Dez), a falta de atendimento adequado à mãe, Francisca Alves Coelho Gabriel, de 73 anos, internada no Hospital Regional de Brazlândia (HRBz)(12/Dez). Maria do Socorro denuncia a falta de estrutura do HRBz e acusa a Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF) pelo agravamento da saúde de Dona Francisca, além de descumprir decisão judicial que determina a internação em leito de UTI.

Publicidade

No áudio, Maria do Socorro, explica a deficiência do atendimento desde o inicio do atendimento do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU). No relato, filha de Dona Francisca observa a falta de bala de oxigênio. Após a internação o caso da mãe se agravou e houve pedido de encaminhamento para um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Sem leitos disponíveis nas unidades de saúde do DF, Maria do Socorro recorreu ao Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) e obteve decisão favorável, por parte do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT). Porém, à SES-DF descumpriu tal decisão, o que resultou, segundo Maria do Socorro em agravo do estado de saúde da mãe, que teve um derrame pleural (19/12). “Hoje 19 do doze, além da pneumonia, está com derrame pleural, oxigenação descompensada e muito inchada.”, disse ao observar a necessidade de leito de UTI.

Falta de reconhecimento

Maria do Socorro lembra que a mãe realizou diversos trabalhos voluntários junto a comunidade de Brazlândia, em que ajudou muitas pessoas e, atualmente precisa da ajuda do poder público.

“Ela sempre contribuiu para que a nossa cidade fosse melhor. Inclusive já fez vários tratamentos na sua própria residência, hoje não sendo reconhecida, pelo Estado, o quanto já trabalhou para dentista, psiquiatra, doações de roubas e alimentação. Mas hoje é ela que precisa”, disse ao reiterar o pedido de ajuda.

Bonitinho, mas ordinário

Em contato com Política Distrital (PD), Maria do Socorro criticou o ‘modelo Rollemberg de governar’, ao demonstrar que, embora o HRBz seja bonito por dentro, com a pintura na cor do partido do governador do DF, o socialista, Rodrigo Rollemberg (PSB). Porém, por dentro, o caos é geral. Um dos motivos que a levou a recorrer novamente ao MPDFT, para exigir o cumprimento da decisão judicial do TJDFT, por causa do risco de infecção hospitalar.

“Dia 19 retornamos ao Ministério Público porque a ordem do juiz não foi cumprida, e por falta de bomba de infusão, medidor de pressão, paredes mofadas com alto risco de infecção hospitalar, goteiras, falta de lençol, onde o box de emergência só comporta três pacientes. Onde temos vários óbitos diários por falta de médicos, por falta de equipamentos, diz ao observar que está reivindicando o direito da mãe à Saúde e pedir a ajuda da imprensa.”, disse.

 

Fotos e vídeos produzidos por Maria do Socorro comprovam que embora a fachada do Hospital esteja pintada e ‘bem conservada’, a estrutura interna apresenta paredes com mofos, goteiras atingem a sala de emergência, próximo ao leito onde a mãe está internada. Entre os problemas, ainda podem ser percebidos pacientes internados em corredores, alguns com cobertores, aparentemente, de usos pessoais das famílias ou ainda a ausência de cobertas fornecidas pela SES-DF.

 

Risco de vida

Além da falta de leito de UTI, segundo Maria do Socorro, problemas com os equipamentos, colocam em risco a vida da mãe. Um dos relatos aponta ausência de bomba de infusão e medidor de pressão dentro do box de emergência no HRBz.

“Desde o dia 12 minha mãe está precisando de uma UTI e desde então ela está dentro de um box do Hospital de Brazlândia e lá nada funciona. A bomba de infusão está quebrada. Minha mãe recebeu nora [Noradrenalina] – medicamento, entre outras funções, utilizado para subir a pressão sanguínea] –, sem necessidade em alguns momentos por falta de uma bomba de infusão. Falta medidor de pressão dentro do box de emergência. A pressão da minha mãe ficou em, zero por mais de três horas, e aferindo, aferindo e não dava nada, não era a minha mãe. Era o medidor que não funcionava. O médico chegou a aplicar adrenalina nela, por falta de um aparelho. Essa é a situação que está a nossa saúde dentro de Brazlândia.”, lamentou.

O que diz a SES?

Questionada sobre o descumprimento da decisão judicial e sobre a assistência à Dona Francisca, a SES-DF alega que Dona Francisca está internada, em estado grave, em leito com suporte de UTI e que aguarda liberação de vaga na Central de Regulação.

“A paciente F.A.C.G está internada no box de emergência do Hospital Regional de Brazlândia (HRB), em leito com suporte de UTI. F.A.C.G está entubada, em ventilação mecânica, em estado grave, estável.  A paciente está inserida na Central de Regulação da Secretaria de Saúde e aguarda a liberação de vaga para direcionamento para leito em UTI da rede pública ou conveniada.”.

A pasta explicou ainda que pacientes com classificação de risco mais graves, são priorizados. “​As buscas por leitos são realizadas constantemente ​, durante 24 horas. A rede pública de saúde conta com 399 leitos de UTI, incluindo a rede própria e conveniada.”.



Política Distrital nas redes sociais? Curta e Siga em:
YouTube | Instagram | Facebook | Twitter










Artigo anteriorEm mobilização nacional, DF estima ter, por dia, adesão de 25 doadores de medula óssea
Próximo artigoPresidente da CLDF anuncia redução de despesas em 9,5% e um 2018 ainda mais austero