Por Cristina Alves
Apesar da pandemia da Covid-19 ter acelerado o uso de ferramentas digitais em sala de aula, uma das maiores queixas dos professores da rede pública brasileira é a falta de infraestrutura e de recursos. O dado faz parte da pesquisa sobre Escolas Públicas encomendada à LUMIO pela Moderna, empresa do Grupo Santillana que atende a educação pública. O estudo mostra a percepção de educadores sobre o trabalho na pandemia. Para isso, entrevistou professores dos ensinos Fundamental 1 e 2, além de gestores de escolas públicas e funcionários de Secretarias da educação em todo o país.
De acordo com a análise, as dificuldades encontradas pelos profissionais variam conforme o ciclo escolar. Entre professores do Ensino Fundamental 1, que compreende do 1º ao 5º ano, a falta de infraestrutura e de recursos foi apontada por 29,54% dos entrevistados como o maior desafio. Em segundo lugar, 19,25% apontaram a falta de suporte familiar, seguido por 18,29%, que indicaram a dificuldade para ensinar os alunos de forma remota no contexto da pandemia (por conta, por exemplo, da dificuldade em adaptar os materiais, alfabetizar e alinhar a prática pedagógica ao ensino à distância, entre outros).
Para os professores do Ensino Fundamental 2, do 5º ao 9º ano, a falta de interesse do aluno é um desafio para 36,63%. Problemas com infraestrutura são apontados por 25,49% dos entrevistados, enquanto 15,88% indicam dificuldades no ensino.
“Os dados revelados na pesquisa mostram como tem sido a experiência de professores após dois anos de pandemia. Notamos que os desafios são diferentes entre as fases escolares, o que reforça o peso da participação dos alunos nas aulas a partir do Fundamental 2, enquanto o suporte familiar nos anos iniciais faz diferença para a criança e para a escola”, explica Ângelo Xavier, Diretor Geral de Educação da Moderna.
Efeitos da pandemia
Além dos desafios mencionados, na etapa qualitativa da pesquisa, os profissionais apontaram que a pandemia intensificou as desigualdades no dia a dia escolar.
“Essas dificuldades vão desde o acesso a ferramentas tecnológicas até urgências básicas como alimentação, saúde e moradia. O trabalho educacional pós-pandemia é também utilizar materiais que resgatem emocionalmente esses alunos para reinseri-los na vida escolar”, afirma Ivan Aguirra, diretor de Marketing e Serviços Educacionais da Moderna.
O estudo mostra que os professores compartilham a experiência de uma jornada intensa, além de um sentimento geral de desvalorização e abandono por parte do poder público, percepção intensificada com a pandemia.
Otimismo na adversidade
Mesmo com os aspectos negativos, os professores reconhecem pontos positivos de lecionar na rede pública e acreditam que a pandemia resgatou o valor da escola e dos profissionais docentes.
Ao menos 31,67% dos profissionais do Ensino Fundamental 1 afirmam que transmitir conhecimento é a maior recompensa do trabalho na rede pública. Em seguida, aparecem o bom planejamento do trabalho, apontado por 19,44% dos entrevistados. Ainda 16,4% indicaram boa empregabilidade e remuneração entre as recompensas.
Para professores do Ensino Fundamental 2, o primeiro lugar dos aspectos positivos também é transmitir conhecimento, no entanto, o percentual é maior: 35,77% dos entrevistados. Na sequência, 19,23% indicam o bom planejamento como positivo e 19,23% destacam a boa empregabilidade e benefícios.
A pesquisa Escolas Públicas teve como objetivo conhecer o perfil dos profissionais da educação pública, sua rotina de trabalho, além da sua relação com a escolha e utilização dos materiais didáticos. O estudo foi dividido em etapas quantitativa e qualitativa. As entrevistas da etapa quantitativa foram realizadas com 1.390 profissionais da educação em posições de docência, gestão e administração de secretarias de educação ou escolas. As entrevistas aconteceram de forma online, entre 07/12/2021 e 18/01/2022 nas cinco regiões do país.
Sobre a Moderna
A Moderna atua há mais de 50 anos com o compromisso de educar para um mundo em constante movimento. Uma empresa que se renova sempre e se reposiciona para atender às demandas reais da educação de hoje.
Com uma equipe de autores e especialistas que conhecem primordialmente as necessidades e as particularidades regionais das instituições de ensino brasileiras, a moderna investe em pesquisas, inovações e novas metodologias para criar e produzir conteúdos didáticos, literários e serviços educacionais efetivos. Assim, coloca-se como parceira de secretarias de educação, escolas e famílias, desenvolvendo habilidades, competências e valores para os desafios pessoais e profissionais que estão por vir.
Desde 2001, como parte do Grupo Santillana, presente em 21 países, a Moderna contribui com projetos sociais de fomento à educação em parceria com a Fundação Santillana e outras entidades do setor. Também apoia a formação de professores e gestores, com a realização de cursos, oficinas e seminários gratuitos e a disponibilização de obras de referência para incentivar reflexões e políticas públicas em prol da equidade e da qualidade do ensino público brasileiro.
Sobre a Santillana
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